Reencontro

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   Acordo assustada com uma batida à porta. Sinto minha cabeça doer e olho a janela, lá fora ainda estava escuro, não consigo me lembrar do que aconteceu depois da dança, eu estava na minha cama e de pijama. Lembro que Clément havia dito que uma carruagem me levaria a Osesa antes do nascer do sol.
   Vou até a porta e abro.

- A carruagem já está pronta. - Emma fala séria - Desça para tomar café e pode escolher um dos vestidos para levar, já que com o qual você chegou aqui está em péssimo estado.

   Apenas concordo com a cabeça e fecho a porta. Me arrumo e saio do quarto, durante o caminho escuto uma conversa vindo da sala de Clément. Ao me aproximar vejo Clément e um outro homem sair da sala, sinto minhas bochechas corarem ao lembrar da noite passada e sinto meu coração acelerar.

- Este é o Thomas. Ele a levará para Osesa. - Clément fala frio.

   Concordo com a cabeça e continuo o meu caminho até a sala de jantar. Clément e Thomas vêm logo atrás de mim, eles estavam conversando sobre a trajetória que Thomas iria fazer mas não dei atenção. Quando chegamos na cozinha, Clément puxa a cadeira para eu me sentar, ele se senta na ponta da mesa e Thomas se senta na cadeira a minha frente.

   Comi em silêncio eu não sabia ao certo o que sentir, iria me reencontrar com o meu irmão mas a possibilidade dele não me aceitar me assustava e deixar o castelo e Clément era dolorido por algum motivo apesar de ser apenas o meu segundo dia aqui. 

- Está animada? - Thomas me pergunta com a boca cheia de comida.

   Ele aparentava ter no máximo uns 20 anos, tinha cabelos curtos e ondulados, olhos castanhos e usava roupas de um morador comum. Fiquei me questionando se havia algum vilarejo ali por perto.

- Eu já tenho que ir. - Clément fala se levantando. - Podem tomar o café de vocês com calma. Leve ela em segurança.

   Ele fala olhando para Thomas e ao passar por mim ele beija o topo da minha cabeça. Thomas e eu terminamos de comer alguns minutos depois e o sol já estava nascendo. Vamos até a porta do castelo, eu paro nas escadas que há do lado de fora e me sento. 
   Thomas vai buscar a carruagem enquanto isso e Emma se senta ao meu lado.

- Volte para cá caso não seja aceita lá. - ela fala me dando um leve sorriso - Esse lugar precisa de alguém como você.

   Apenas concordo com a cabeça e a abraço. Thomas chega com a carruagem, abre a porta para mim e me despeço mais uma vez de Emma. O caminho foi longo e angustiante, sentia um aperto no meu peito e segurava as lágrimas no rosto, eu não conseguia entender o porquê de eu estar dessa forma. 
   Algumas horas depois estávamos em Osesa, Thomas para em um bar e abre a porta para eu descer.

- Agora nós temos que achar o seu irmão. - ele fala ajeitando as suas roupas.

- Nós? - pergunto confusa descendo da carruagem.

- O trabalho que me foi passado era garantir a sua segurança e que você está seu irmão - Ele me responde e eu sorrio. 

   Fiquei pensando no porquê dessa preocupação comigo, talvez ele só estivesse sendo gentil. Depois de nós irmos em alguns estabelecimentos nos deram um suposto endereço da onde o meu irmão moraria. Voltamos para a carruagem e seguimos o endereço.
   Quando chegamos eu fiquei parada por alguns minutos na frente da porta, eu podia escutar as vozes de crianças e de uma mulher. Respirei fundo e bati à porta, quem abre é uma mulher que aparentava ter uns 25 anos, cabelos lisos e longos e olhos azuis escuros.

- Desculpa, isso deve ser confuso. Eu não quero atrapalhar. - eu percebi que estava me atrapalhando para falar o que eu queria.

- Estamos procurando o Dorian. - Thomas fala se aproximando - Ela é a irmã dele, Catharine.

- Catharine? - ela fica surpresa ao ouvir o meu nome - Por favor, entrem. Dorian, está trabalhando logo ele volta para o almoço.

   Ela nos dá passagem para para entrar, era uma casa grande, limpa e arrumada. Logo ao entrar vejo dois meninos gêmeos e uma menina. 

- Eu sou a Margot. - a mulher que nos atendeu fala se apresentando. - Esses são Lohan e Saymon, e essa é a Lucie.

   Os meninos deviam ter uns cinco anos e a menina deveria ter uns oito anos. Eles estavam desenhando juntos na sala. Eu e Thomas nos sentamos à mesa e ficamos conversando com Margot.

- Você estava com Maurice quando houve o acidente? - ela me pergunta nervosa.

   Apenas respondo que sim com a cabeça, depois de alguns minutos de conversa meu irmão entra pela porta. Eu corro e o abraço mas ele não me abraça de volta, eu me afasto um pouco e o vejo me encarando com raiva.

- O que está fazendo aqui? - ele me pergunta - Margot, vá para o quarto com as crianças.

   Sinto um estranho arrepio percorrer o meu corpo. Margot e as crianças sobem as escadas e Thomas se levanta da cadeira ficando tenso.

- Vá embora - ele me olha prestes a explodir.

- Eu não estou entendendo. - falo com lágrimas nos olhos. 

- Por sua culpa MEU PAI está morto. - ele grita.

- Nosso pai. - falo ao sentir a raiva tomar conta de mim.

- MEU PAI. Você não é e nunca foi filha dele. - Dorian fala se aproximando de mim - Ele lhe fez um favor de te adotar quando os seus pais morreram. Deveria ter cuidado de você apenas como um sobrinha e ter lhe dado ao primeiro homem que tivesse interesse em você.

- Ele nunca me considerou apenas uma sobrinha, por isso me adotou e me acolheu como filha dele. - começo a gritar também.

- E por sua culpa ele teve que trabalhar o dobro em um trabalho que mal o sustentava e agora está morto por sua causa. Ele não queria que você se casasse com nenhum homem de Astraffast. - ele fala e da uma pequena pausa para respirar - Mas para uma vadia como você qualquer homem bastava para se livrar de você.

   Dorian levanta a sua mão para me bater mas Thomas o impede. 

- Já deu. - Thomas fala ficando no meio de nós dois. 

- E quem é você para se meter ? - Dorian fala agora com Thomas - Não está vendo que é assunto de família?

- Eu fiquei responsável de trazer a sua irmã em segurança até você - Thomas fala se aproximando de Dorian - Mas como estou vendo que ela não estará segura aqui a levarei de volta para o senhor Clément. 

   Dorian arrega os seus olhos após Thomas tocar no nome de Clément. Ele segura meu braço me levando para fora, vai até a carruagem e abre a porta para mim mas meu irmão me chama antes de eu entrar.

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