Verdade ou mentira?

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Canção: “Eu Te Amo” – Chico Buarque e Tom Jobim.

– Eu poderia jurar que no jantar, você falaria ao Gil que está esperando um bebê dele, filha. – Adriana confessou à filha.
– Não dá, mãe. Do que a Helena seria capaz de fazer? O risco que eu posso me expor. Isso não vai dar certo. Eu poderia até contar, mas não há mais volta entre mim e o Giovanni. Acabou completamente. – Ísis desabafou.
– Eu acho melhor você falar a verdade. O Gil já passou por tantas mentiras na história dele, acho que ele não suportaria outra. Não priva ele disso, filha.
– Estou confusa. Metade de mim gostaria de contar, outra quer ir embora do Rio de Janeiro o mais rápido possível. Acho que essa oportunidade em Sampa chegou na hora certa. Talvez seja o universo confirmando que tomei a decisão correta. – Ísis tentou contornar.
– Conta a verdade. – Adriana aconselhou
– Mãe, vou precisar sair rápido. – Ísis ouviu a mãe e foi em direção a Giovanni.

A mocinha projetou o cenário, formas de como contar e então chegou na Helàne. Porém, quando ia entrar na sala do seu grande amor, ela flagrou Cristiane na sala de Gil.
– Eu te amo, Giovanni. Agora que você está livre, deveria dar uma oportunidade para viver uma história comigo. Sua mãe me adora, somos tão parecidos. A gente pode formar uma família, não é seu sonho ser pai? – Cris falou a Gil todas essas palavras e elas foram escutadas por Ísis que saiu correndo.
– Ísis, não vai entrar para falar com o Giovanni? – perguntou Carmen
– Não, Carmen. Acho que ele já está muito ocupado. – respondeu Ísis

Ísis chegou em casa, estava tudo vazio. Adriana e Marlene estavam na Pet Shop e Jonas na fisioterapia. Ela se trancou no quarto, no som tocava “Eu Te Amo” na voz de Chico Buarque e Paula Morelenbaum. As palavras da canção pareciam ganhar vida quando se misturavam com as lembranças dela e Giovanni.

“Se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que 'inda posso ir
Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir”

– O que eu vou fazer? Como eu vou ter o meu bebê sem o Giovanni? Eu sei o que é viver sem um pai. Mas ele e a Cris devem estar engatando algo. Tão rápido, faz tão pouco tempo que terminamos, por armação dela. – Ísis chorava ao ouvir a canção.

Giovanni também pensava nela noutro lado da cidade. Ele decidiu sair para andar pela Lagoa Rodrigo de Freitas e respirar, mas nem o vento poderia acalmar o fogaréu de seus pensamentos. No fone, a mesma canção que Ísis estava escutando.

“Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir”

– Que saudades dela. Tudo poderia ter sido tão diferente se eu não tivesse sido tão idiota. Se eu não tivesse cedido à Cris e às suas armações. A verdade é que minha vida não tem sentido sem a Ísis. – Gil pensou em voz alta. – Eu vou atrás da Ísis agora mesmo.

Helena, no entanto, o ligou dizendo ter uma crise e que necessitava da presença do filho. E ele foi. Enquanto isso, sua amada chorava como não houvesse amanhã. Mas Ísis se ergueu e saiu do quarto e se deparou com Jonas na sala.

– Estou te sentindo tão estranha. – confessou o padrasto – Seus olhos estão sem brilho, como estivessem guardando dor e mistério.
– Você foi poético, Jonas. Não é nada demais. Não precisa se preocupar. Talvez seja a sucessão dos fatos: Fake News, incêndio do abrigo, término com o Giovanni sob aquelas circunstâncias... e agora.. – Ísis pausou.
– E agora? – Questionou Jonas.
– Agora eu preciso ir embora. Reconstruir a minha vida. Essa proposta que eu recebi é excelente. Um programa nacional de cuidado aos animais. O que faço aqui pode se expandir para o Brasil inteiro, tem noção?
– Nada adianta expandir para o Brasil inteiro, se o seu coração permanecer no Rio.
– Gosto da minha cidade. – Ísis tentou disfarçar – Mas posso ganhar o mundo, né?
– Não se trata do Rio, mas do Giovanni, Ísis. Vocês se amam, poxa. Vocês estão os dois sofrendo por uma separação que não deveria ter acontecido.
– A falta de confiança foi o nosso Muro de Berlim, Jonas. Amor é confiança e ele mostrou que não confia em mim. Além do mais, ele está lá com a Cris. – uma lágrima caiu enquanto Isis falava isso.

No outro dia, Marlene e Ísis foram à consulta ginecológica para que a jovem fizesse a primeira ultrassom.
– Olha, que coisinha pequenininha, Ísis! – Marlene falou emocionada.
– É errado eu achar bonitinho? É tão lindinho, não parece com nada ainda. Mas meu coração já o ama muito. – Ísis olhava para o monitor apaixonada pelo bebê e emocionada.
– É lindo ver o seu bebê mesmo, é o filho do amor. Do amor verdadeiro. – Marlene completou.
– Ísis, eu acompanhei o pré-natal da sua mãe e fiz o parto dela, é muito lindo ver você passando pelas mesmas etapas, nem acredito que você já vai ser mãe. Não sabia que você tinha casado. – Doutor Moretti era um médico de confiança da família.
– Não casei, doutor Moretti. Solteira igual a minha mãe, mas, realmente, esse é o filho do amor. A verdade que ficou de um grande amor.

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