Nada Mais

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Canção “Nada Mais” de Gal Costa

Henrique chega à ONG. Ele é um amigo de Carlinhos, que auxiliará o rapaz a administrar o abrigo depois da mudança de Ísis.
– Ísis, esse é o Henrique que tanto falo contigo. O meu amigo que vai me ajudar depois que você for embora.
– Prazer, Ísis. – Henrique se apresentou.
– Oi, Henrique. Que bom que você vai nos ajudar nesse trabalho que tanto amo. Eu sou a Ísis, eu e o Carlinhos começamos a ONG há um tempo bom e agora preciso ir para São Paulo. Você vai ser muito útil aqui! – Ísis respondeu.
– Tenho certeza. Vocês podem me mostrar todas as instalações? O Carlinhos já me explicou mais ou menos como funciona. Eu já administrei um abrigo em Nova York, de onde estou chegando agora.
– Agora eu preciso fazer umas ligações. Mas a Ísis pode te mostrar. – Carlinhos disse ao amigo.

Henrique gostou de Ísis de imediato. Um “meet”. E ela foi lhe mostrando as dependências do abrigo e ensinando sobre coisas, sobre histórias.
– Tentaram destruir isso aqui, mas a força desse sonho é tão grande que de tudo nasceu a exaltação. É o meu lugar no mundo. – Ísis contou.
– É muito bonito ver a sua paixão por aqui.
– Já me fizeram o mesmo elogio. – a mocinha lembrou de Giovanni.
– É nítido, uma pena que você vai embora. Esse lugar parece ser a sua vida.
– E é, mas preciso ir para arrumar minha própria vida, a outra vida.

Carlinhos aparece no momento.
– Gostou de conhecer aqui, Henrique?
– Amei, Carlinhos. Amei. Estou muito entusiasmado para começar a trabalhar. – Henrique respondeu.
–  Vocês topam jantar lá em casa hoje? – Ísis perguntou
– Claro que sim! – Henrique respondeu
– Também topo.

Ísis, Henrique e Carlinhos foram até o apartamento da jovem. No caminho, conversas e risadas, lembranças e projetos para a ONG que havia se restaurado das cinzas. Na entrada do prédio, Giovanni estava um pouco afastado, no carro, desejando coragem para subir e questionar Ísis acerca da suspeita levantada por Sérgio. Ele tomou coragem e foi.

– Oi, Adriana. Oi, pai. Oi, tia Marlene. A Ísis está? Preciso conversar com ela. Urgente. – Giovanni perguntou
– Oi, Gil. Ela está vindo, ela disse que ia vim jantar aqui com o Carlinhos e um amigo dele. – Adriana respondeu
– Ela já deve estar chegando pelo horário. – Tia Marlene deduziu
– Fica com a gente aqui, filho. Espera a Ísis chegar e janta com a gente. – Jonas convidou.
– Está certo. Vou esperar.

A porta abre e Ísis entra em casa com Henrique e Carlinhos. Os olhares confusos dos apaixonados se confundem.
– Giovanni?
– Eu vim conversar com você.
– Conversar? – Ísis pensou. – Tudo bem.. Carlinhos e Henrique, eu já volto.

No quarto, eles se olharam e o silêncio rompeu.
– Meu avô contou que você desmaiou.. Ísis, será que você não está grávida? – questionou o rapaz.
– Eu? Grávida? De onde você tirou isso?
– Seus desmaios, seu mal-estar frequente.
– Eu não estou grávida, eu estou sob estresse. Minha vida mudou tanto em tão pouco tempo que é impossível não sentir isso no próprio corpo. – Ísis tentou reverter a convicção de Giovanni.
– Você não me esconderia isso, não é?
– Eu? Não tem mais nada entre a gente, nada em comum, nada mais. Eu acho que você não entendeu o quanto me magoou quando duvidou de mim. Eu que sempre estive do seu lado e te amei. Eu preciso ir para longe para me reconstruir de tudo isso. – Ísis falou com lágrimas nos olhos, lágrimas negras.
– Ísis, eu tenho noção hoje do quanto eu falhei como você. Eu não deveria ter dado crédito à Cris, eu não deveria ter te abandonado, eu não deveria ter terminado com você. A burrada foi minha. Não dá para voltar atrás, mas a gente pode recomeçar.
–  Existem coisas que não dão para ser consertadas e nós somos uma delas.

Na sala, Adriana, Marlene e Jonas cogitaram o assunto da conversa.
– Tomara que ela conte a verdade. – Marlene soltou
– Que verdade? – Jonas questionou.
– A tia queria dizer: “Tomara que ela desista dessa ideia de ir para São Paulo e fique com ele”, não é, tia? – Adriana contornou.
– Sim, é isso.

Giovanni sai do quarto e Ísis em seguida. Marlene percebe as caras e diz que vai servir o jantar e o clima de mistério e segredo parece aumentar.
– E você, Henrique? Vai ficar no lugar da Ísis?
– Não é bem no lugar da Ísis, porque ela é insubstituível na ONG. Mas eu fui convidado pelo Carlinhos para ajudá-los. Estou bem animado. – Henrique respondeu
– E o Henrique está aprendendo muito bem. Eu fico mais aliviada em deixar a ONG, saber que o Carlinhos vai ficar bem acompanhado. De que posso ir sem deixar nada para trás.
– Ainda dá tempo de desistir. – Carlinhos sugeriu.
– Não dá.

Cada um foi para sua casa. No quarto, Ísis colocou uma vitrola e Gal Costa era a voz que ecoava.

“Vão dizer que são tolices
Que podemos ser felizes
Mas tudo que eu sei
Não dá pra disfarçar
Dessa vez doeu demais
Amanhã será jamais, jamais”

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