Reconstrução de crime

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Música “Mamãe, Coragem” de Gal Costa

– Gio, a Natália disse que queria vim aqui para te pedir autorização para irmos todos à casa da serra reconstruir o crime da morte do Bruno. – Adriana falou
–  Ela pode ir, eu dou as chaves. E como minha mãe está internada, ela não vai nem saber.
– Mãe, sinto que você fica sempre muito nervosa quando lembra daquele dia, né. Tem certeza que vai te fazer bem?
– Bem nunca faz, filha. Mas eu vou ter que ir, pela Natália. Pela dor que ela sente toda vez que ela lembra do irmão dela, que por mais que fosse cafajeste, ela amava. – Adriana falou
–  Coragem, mãe. A gente vai com você. Eu, você, o Gio e o Jonas. Isso deve ser rápido, não é? A gente vai e volta, e você esquece daquele dia para sempre. – Ísis tentou animar a mãe.
– Não dá para esquecer. – sussurrou Adriana

No quarto, arrumando as coisas, Ísis e Giovanni falaram entre si o que poderia acontecido naquele fatídico dia.

– Meu pai falou que o Mário suspeita da minha mãe e do meu avô. Eu não consigo nem acreditar numa coisa dessas. – Gil desabafou
– Infelizmente, desses dois a gente não pode esperar nada de bom. Mas, sabe, eu sinto um sentimento tão especial pelo seu avô, que eu gostaria que fosse mentira tudo o que acusam ele.. até a morte da Miriam tem dedo dele, né.
– Às vezes, queria que o destino tivesse me colocado para ser criado ao menos pela minha avó Adelaide. Porque quando eu vejo o Sérgio e a Helena, eu sinto nojo. Sinto asco de ter vivido uma mentira todos os anos.
– Gio, olha, o que eles fizeram ou fazem não determinam quem você é. Você é uma pessoa incrível, com um ótimo caráter, uma pessoa do bem. E você foi criado pelo Jonas também, que é um cara tão legal.
– É verdade, meu pai foi o meu farol. Sempre tão afetuoso, tão entregue a mim. E mesmo sabendo que descobrindo ter sido enganado, ele nunca mudou comigo em nada.
– Então. Absorve o que é bom. Você é inteiro, você é incrível mesmo tendo sido criado por dois monstros.

Enquanto isso, Jonas e Adriana conversam entre si na sala.
– Eu tenho medo de que essa verdade acerca do Bruno revele a outra verdade e que ela nos prejudique a todos. Eu estou com medo, Jonas. – Adriana desabafou aos prantos.
– Se você quiser, podemos ficar. E a gente esquece definitivamente isso. Mas, Adriana, isso não vai ser escondido para sempre. A verdade sempre vem à luz. – Jonas sussurrou na tentativa de que Ísis e Giovanni não escutassem no quarto.

No entanto, Ísis estava ouvindo escondida e não confrontou. Talvez ela tivesse a expectativa de que a tal "verdade" viria à tona naquele dia.

– Gio, eu tava ouvindo na sala o seu pai e a minha mãe falando de uma verdade que se revelada poderia prejudicar a todos. Eu senti que isso se refere a nós também. Mas não confrontei. O que será que aquele dia guarda que a gente desconhece? – Ísis questionou
– Por que você não perguntou? Confrontou?
– Porque minha mãe iria enrolar como todas as vezes que pergunto algo sobre aquele dia ou sobre o passado dela. Eu tenho até medo do que a gente pode encontrar nessa reconstrução do crime.
– Pior que eu sinto que a nossa vida tem girado em torno daquele dia, de alguma forma, né. O caso da minha mãe com o Bruno, o assassinato, todos envolvidos de alguma forma... como fosse novela, apavora. – Giovanni falou apreensivo.
– É.. – Ísis cogitava o que poderia ser.

O que escondia Adriana afinal? O que de tão importante aconteceu naquele dia que poderia derrubar castelos e atrapalhar histórias?

– Ísis, Gio. Já está na hora. Marcamos às 11h com o pessoal. – gritou Adriana da sala.
– Estamos indo. – respondeu Ísis

Na sala, tia Marlene olhou para Adriana como quem pressentisse algo.
– Que Deus os acompanhe, meus filhos. Adriana, tenha coragem para lidar com essa história. Não adianta fugir. A verdade sempre vai ai nosso encontro, a vida é mesmo assim.

Adriana balançou a cabeça, um pouco inconformada, e Jonas a seguiu. Ísis e Giovanni foram atrás. A verdade estava tão próxima como uma amiga chegada (ou inimiga feroz e sanguinária).

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