Meu Pai?

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– Sérgio? Meu pai? Eu não posso acreditar, Gio. Eu não posso acreditar que a minha mãe sabia disso e não me contou. Eu não posso cogitar que o mesmo sangue que corre nas veias da Helena, corre nas minhas. Eu não posso acreditar, meu Deus. – Ísis pranteava.
– Tenta se acalmar, meu amor. Pensa na nossa filha. Eu sei que você está muito nervosa e eu já estive no seu lugar, mas eu sei que a sua mãe fez isso pensando no seu bem, talvez sabendo como a Helena é. – Gil tentava acalmar Ísis sem êxito.
– Eu não posso acreditar que eu tenho o sangue dessa mulher que tanto me odeia. Essa mulher que tentou matar a minha mãe, que colocou fogo no abrigo, responsável por tudo de ruim que aconteceu na minha vida. – A mocinha estava inconsolável.

Ísis deitou na cama e adormeceu depois de tanto chorar. Giovanni foi à sala e lá estavam Jonas, Marlene e Adriana petrificados pela sequência dos fatos e a revelação que estivera tão oculta.
– Como a Ísis está, Gio? Se acalmou mais? – perguntou Adriana com os olhos encharcados.
– Ela dormiu depois de chorar muito. Ela tem que ir num médico quando acordar, porque o estresse foi muito forte. Isso pode fazer mal à Olívia. Ela não conseguia parar de gritar o fato da Helena ser irmã dela. Foi um baque.. – Gio desabafou
– Eu não queria que ela soubesse dessa forma. Eu não queria que a Helena soubesse que é irmã da Ísis, porque eu sei a maldade que essa mulher carrega no coração. Mas não tinha jeito. – Adriana chorou
– Calma, Dri. As coisas aconteceram como tinham que acontecer, por mais difíceis que sejam. A Ísis vai superar isso. E a Helena vai pagar pelos crimes dela, agora está tão perto de pegarem ela. Vai dar tudo certo. – Jonas tentou consolar a amada.
– Não vai dar, se eu perder o amor da minha filha, eu perco tudo.
– Dri, a Ísis jamais vai deixar de te amar. Ela é apaixonada por você. Ela ama a mãe que tem. Quando ela acordar, se acalmar, ver que você fez tudo isso para protegê-la, ela vai entender. – Marlene abraçou a sobrinha.

Ísis acordou do sono um pouco nervosa, agitada, questionando tudo que ouviu. Giovanni estava do seu lado.
– Quer comer, baby? Você precisa se alimentar. Já ficou horas sem comer nada. – Gio ofereceu.
– Eu quero sair daqui. Não quero falar com a minha mãe, não hoje, não amanhã. Eu preciso entender o que está acontecendo. Preciso estar bem comigo para poder conversar com ela, porque agora eu estou com ódio. – Ísis respondeu
– Se você quiser, podemos ir para um flat até a nossa casa ficar pronta. Eu te levo. Mas come um pouco, se recompõe. A manhã a gente se resolve.
– Me abraça, fica aqui comigo. Estou me sentindo enganada, como tivesse sido apunhalada. Meu pai, um criminoso. Minha irmã, uma doida. – E ele a abraçou e acariciou a sua barriga que, àquela altura, já estava mais volumosa digna do crescimento de Olívia.

No amanhecer do dia, Ísis e Giovanni foram para um flat que ele tinha. Gio mandou mensagem para Adriana:
“Dri, saímos cedo. Ísis e eu. Ela não queria ficar em casa, me pediu para levá-la para outro lugar e eu assim fiz. Mas logo ela esfria a cabeça, a Ísis está muito estressada com tudo que aconteceu. Fique tranquila e não se desespere. Você não vai perder o amor dela. Quando eu for para a Hélane, te ligo.”

– Estou me sentindo mais aliviada aqui. Não me sentiria à vontade em ver a minha mãe agora. Obrigada por estar comigo. – Ísis agradeceu ao amado.
– Eu sempre foi estar, meu amor. Mas, veja bem, não seria bom você conversar com a sua mãe? Vocês duas esclarecerem tudo? A Adriana deve estar sofrendo muito também. Eu falo isso, porque eu fui muito injusto com você quando a verdade sobre mim apareceu e não quero que você cometa o mesmo erro com a sua mãe. – Gio aconselhou.
– Eu sinto como as minhas energias estivessem sido esgotadas. Não sei. Mas só de pensar que não vou poder ficar na minha redoma e vou precisar lidar com a vida real: enfrentar Sérgio, Helena e aninha origem. E saber que minha mãe sabia de tudo.. e se você fosse meu sobrinho?
– Ainda acho que você precisa conversar com ela, mas, no seu tempo, claro. Não se cobre. Nem se sinta forçada a nada. Mas uma coisa eu te digo: a Adriana te ama muito e ela é uma grande mãe. – Gio beijou a testa de Ísis e foi trabalhar.

Na empresa, Giovanni ligou à Adriana.
– Eu deixei ela no flat. Ela está bem, mas muito magoada. Muito magoada.
– Eu fico preocupada, a Ísis tomou um baque muito forte e eu fico pensando no que a Helena vai fazer depois disso. Giovanni, a sua mãe não vai deixar barato. A Ísis precisa ser protegida, urgente.
– Estou pensando em tirar alguns dias fora da cidade com ela. Talvez a ajude a acalmar, a refletir e ela sai do radar da Helena que deve estar pavorosa e revoltada, afinal, tudo para minha mãe gira em torno de herança de Sérgio.

Já no flat, Carlinhos manda mensagem para Ísis que, ao ver, liga para o amigo.
– Oi, amigo. Desculpa não ter avisado nada. Estou passando por um grande turbilhão, você vai ter que segurar as pontas para mim. – a voz visivelmente embargada.
– O que aconteceu? Vocês estão bem?
– Sim, estamos, quer dizer, descobri que sou filha do Sérgio. Ele é aquele cara que minha mãe conta. Eu descobri que sou irmã da Helena.. – Ísis chorou.
– Como assim? Meu Deus, amiga. Sinto muito.
– Depois te conto tudo, mas, nossa, não estou legal. Estou muito magoada. Estou num flat do Giovanni em Ipanema. Precisei sair da casa da minha mãe mais cedo do que eu esperava.
– Que barra, mas você vai superar isso. Você vai ver. O que define família é afeto e não sangue, eles podem ter seu sangue, mas a sua família é o Giovanni, a Olívia, a Marlene, a Adriana, o Jonas, a Adelaide. Fica tranquila, Ísis.

Estar tranquila? Não era bem uma característica de Ísis naquele momento. A mágoa. A tristeza. A surpresa. Não era mesmo fácil.

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