Encontro desagradável

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Após o último jogo em trio, várias garotas do Blue Lock viram seus sonhos se desfazerem. Entre elas, Lily e Haru enfrentaram o duro golpe da derrota. Jinpachi Ego, fiel à sua maneira, concedeu um dia de folga às sobreviventes do projeto. Cada uma voltou para casa; algumas em busca de consolo familiar, outras apenas para descansar antes do próximo desafio. Zara Yoashi, no entanto, decidiu passar o dia ajudando na cafeteria da família.

O lugar, embora pequeno, era conhecido por seus cafés refinados e por atrair clientes de todos os tipos, incluindo algumas celebridades que preferiam a discrição.

Enquanto limpava uma mesa, Zara ouviu uma voz familiar chamá-la. Virou-se, seus olhos parando na figura sentada no fundo do café.

Era impossível não reconhecer. Itoshi Sae, o prodígio do futebol japonês, estava ali, com uma expressão aborrecida, mexendo em seu celular. Ao lado dele, seu assistente observava o movimento, sempre vigilante, como se estivesse em uma missão de proteger Sae até de sua própria impaciência.

O coração de Zara acelerou, mas seu rosto permaneceu impassível. Ela caminhou até a mesa, controlando-se para não deixar transparecer sua irritação crescente. Aquele era o último lugar onde queria encontrar Sae. Apenas sua presença ali já a incomodava.

— Olá, deseja o cardápio ou já tem algo em mente? — disse, com um ar formal.

— Um chá preto, por favor — respondeu o assistente, educado, antes de se voltar para Sae. — E você, Sae-chan?

Sae, sem tirar os olhos do celular, soltou um suspiro entediado e, só então, ergueu o olhar. O rosto de Zara era inconfundível para ele.

Como esquecer a garota que o provocara sem hesitação durante os primeiros encontros no Blue Lock? Seus olhos se cruzaram, e Sae, com um ar de superioridade, finalmente falou:

— O cardápio. — Sua voz, embora calma, carregava um ar de superioridade.

Zara entregou o cardápio. O assistente observou a tensão no ar, curioso para saber se havia uma história ali que ele desconhecia

.— Já pode soltar. — Sae puxou o cardápio um pouco mais forte, fazendo com que Zara o soltasse com um pequeno movimento ríspido.

— Já escolheu? — perguntou o assistente, enquanto Sae olhava de relance as opções.

— Um café — respondeu Sae, sem muito interesse.

— Quente ou gelado? —

— Quente!

— Ok.

—Mais alguma coisa?

— Não — respondeu o assistente, com um sorriso cortês.

Após anotar o primeiro pedido, Zara voltou para a cozinha, sua mente fervilhando. Ela sabia que Sae a reconhecia, mas não daria o gostinho de baixar a guarda. Precisava manter a calma, principalmente porque sua avó a observava atentamente.

— Mais um pedido? — a avó resmungou, mexendo nas xícaras.— Espero que seja algo simples.

— Chá preto e um café quente — respondeu Zara.

— Café quente? Estrangeiro? — perguntou sua avó, curiosa, enquanto começava a preparar o pedido.

— Podemos dizer que sim — concorda Zara, distraída, recostando-se no balcão.O clima no café estava confortável.

— Está vendo? — disse Miahi, com um sorriso leve. — Quando você está aqui, as coisas fluem melhor.

— Vô... — Zara suspirou, advertida, pegando as xícaras prontas.

— Estou falando sério. Não sei por que diabos você continua insistindo nessa história de futebol. Não te levará a nada.

— Mas levou o seu filho a tudo, não é?! —

O clima não podia estar mais pesado no local. Zara não queria prolongar a conversa. Sabia que sua avó desaprovava seu objetivo em relação ao futebol, e qualquer menção ao esporte poderia trazer à tona discussões desconfortáveis sobre o passado.

Ao sair da cozinha com a bandeja, Zara retornou à mesa de Sae e seu assistente. O jogador estava novamente entretido no celular, enquanto seu assistente examinava o cardápio com interesse.

— Desculpe a demora. — Zara colocou as bebidas na mesa, sua expressão mais dura do que antes, murmurando enquanto colocava as xícaras ao lado de cada um.

Sua expressão estava mais fechada do que antes. Agradecia por não estar no Blue Lock, nem ela sabia se conseguiria manter a expressão de boazinha.

— Está morno — Sae comentou, olhando o café com desdém.

— Se não quiser, pode ir embora. O café fica por conta da casa — Zara rebateu, impassível.

— Você deveria agradecer por eu estar aqui — Sae disse, a voz carregada de sarcasmo.

— Ah, claro, as cafeterias na França devem ser melhores, não? — Zara respondeu, o veneno em sua voz evidente.

—..Na verdade, é na Alemanha — o homem corrigiu, recebendo um olhar de desprezo da mais nova, que o fez se encolher um pouco.

— Respondendo sua pergunta, sim, lá os cafés são melhores — Sae devolveu o golpe, seus olhos fixos nela.

— E por que não volta para a Alemanha? Ah, é verdade... seu passaporte japonês expirou, né? Afinal, você ainda é japonês, goste ou não.

O rosto de Sae endureceu por um momento. Zara o fitou, desafiadora. Não importava o que Sae dissesse ou fizesse; ela não se rebaixaria. Nem ali, nem em campo. O assistente olhou para Sae, tentando quebrar o clima tenso.

— Ha... Eu acho melhor irmos, Sae-chan. Temos algumas coisas programadas para agora à tarde. Sae ainda encarava Zara com uma expressão estoica e talvez até mais leve.

— Sabe, eu ainda não terminei. Vou querer um pedaço de torta de limão e outro café, mas desta vez quente.

Aquela provocação apenas fez a garota apertar mais a bandeja contra os dedos.

— Sae-chan... Te-temos que...

O rapaz deu uma última olhada antes de se levantar. Ele pegou o celular, indo em direção à porta, e não conseguiu conter um sorriso ao ouvir a voz da garota; por sorte, ele estava de costas.

— Ei! Não vai pagar?

— Não, é por conta da casa ou você se esqueceu?

Zara rosnou, por pouco não jogando a bandeja de metal na direção do garoto. O assistente de Itoshi ocupou a visão da garota ao ouvir que seria de graça.

— Oh, sério? Muito obrigada... Qual é seu nome?

— Zara Yoashi.

— É um prazer. Fico feliz em conhecer a amiga do Sae.

Antes que Zara pudesse corrigir o mal-entendido, o homem já havia ido embora. Já saindo pela porta, o assistente de Sae virou-se para a mais nova com a pergunta que o rondava desde que viu a garota.

— Os olhos dela não te lembram alguém? — perguntou o assistente, tentando aliviar o clima.

O prodígio pensou um pouco nas pupilas multicoloridas antes de responder.

— Talvez... Mas quem se importa?
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