Visão Fantasma-Soukoku

Capítulo 17

-Akutagawa. -O moreno respondeu simplista.

Atsushi nunca ouviu aquele nome.

Na verdade, quando ouvia Chuuya e Dazai conversarem sobre os irmãos que procuravam, sempre ouviu os primeiros nomes sendo citados: Ryuunosuke e Gin. Além de, infelizmente, não prestar muita atenção, temendo ser algo que não fosse da sua conta, não querendo ser intrometido.

Atsushi apenas voltou a olhar para a melancia e as notas de dinheiro em suas mãos.

-Olha e aprenda. -Akutagawa murmurou firme, após dar um suspiro irritado. Virou-se para o feirante, que terminava de atender uma senhorinha. -Um quarto de melancia, por favor.

-Ah, claro! -O homem respondeu sorridente, pegando o pedaço da fruta embalado em plástico e estendendo para o moreno, que deu um único olhar para Atsushi agir.

-Muito obrigado, senhor. -O albino disse, um sorriso sem graça, enquanto pegava a fruta, notando que era um pouco pesada.

-Sabe contar pelo menos? -O garoto ao seu lado perguntou, seu olhar frio quase congelava o corpo de Atsushi, dava medo.

-Sei. -Respondeu baixinho, sentindo, finalmente, que estava incomodando. Aquilo pesava em sua mente.

-Sabe ler números?

-Sei só alguns.

-Já é um começo. -O moreno respirou fundo, aproximando-se apenas o suficiente para ver as notas. -Duas dessa aqui, a soma dá o valor. Consegue perceber isso?

Atsushi piscou algumas vezes, pegou duas notas do número indicado, pensou um pouco. Percebeu que realmente dava o valor da plaquinha da barraca.

Os olhos brilharam. Era sempre tão mágico quando conseguia entender ou descobrir algo, ele ficava feliz.

Entregou as notas para o feirante, que esperava pacientemente, pensando que seria algum refugiado. Se bem que, considerar Atsushi um refugiado pobre que perdeu tudo por causa das guerras, não era errado. Seria a definição mais correta.

Os dois garotos, recém-conhecidos, passaram a andar lado a lado.

Akutagawa comprava apenas o que julgava necessário, enquanto Atsushi comprava o que lhe parecia interessante, recebendo a ajuda do moreno para usar o dinheiro.

Nakajima até aprendeu a receber troco, mesmo que ainda ficasse confuso com tantos números e cálculos.

-Você ao menos sabe onde tá abrigado? Se é que você tenha um lugar, já que chegou hoje. -Akutagawa resmungou, seu olhar raramente encontrou o de Atsushi durante esse tempo juntos, sempre olhava em frente.

-Sei. É num prédio. Tipo um hotel, eu acho. Não é muito grande. -Respondeu pensativo, tentando ao máximo ser educado ao falar com Akutagawa.

-Sabe chegar lá sozinho?

-Acho que sim.

-Acha?

-Por Kami, acho que sim. -Respondeu mais firme, virando o rosto para o lado depressa, a franja comprida batendo na bochecha com força. Não estava exatamente irritado ainda, mas estava perdendo a paciência. -Eu sou novo aqui, não tem como eu saber ou ter certeza de tudo. Eu tô descobrindo ainda.

Akutagawa abaixou o olhar por alguns instantes, lembrando de quando chegou naquela cidade junto de sua irmã mais nova.

Eles não sabiam como funcionava uma cidade grande, por sorte já tinham conhecimento com dinheiro, mas ainda foi difícil.