· Seventeen.

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Um Urso Selvagem

· Meredith ·

Minhas pernas tremiam, um urso enorme se colocava de pé, Lu se aproximava mais dele com um sorriso ingênuo.

– Lu... — chamei com a voz rouca, imóvel.

Pedro gritava. para que o animal deixasse Lúcia em paz, Andy se aproximou dela a puxando pelo ombro.

Stellina! Não.

Susana tirou uma flecha de sua aljava mirando no urso, mas parecia ter medo de atirar, uma flecha diferente cortou o ar, me virei para ver quem era. Trumpkim, ele havia atirado com a besta, bem no peito do anão.

– Ele não respondeu quando pedi para que ele parasse. — Pedro falou franzindo o cenho.

– Acho que nem sabia falar... — Susana o respondeu.

– Era selvagem demais para falar. — murmurou Edmundo.

– Passe anos sendo tratado como um animal burro e logo se tornará um. — Trumpkim responde se aproximando do corpo do animal morto.

Lúcia se abraçou a Pedro quando o anão começou a abrir o urso, virando o rosto para que não visse o que estava sendo feito.

– Não parece boa agora, mas mais tarde vai parecer a melhor coisa que vão comer. — Trumpkim comentou enquanto tirava a pele do urso. – alguém tem alguma coisa para guardar isso? — levantou a cabeça, Susana o deu uma capa de chuva para que fosse usada como sacola. – obrigado.

Amélie segurou minha mão.

– É tão errado... — murmurou.

– Não falava, não podia pensar, as leis entre os animais que tem pensamento entre os que não tem é diferente, pois os que não falam nem pensam não tem alma, digamos assim. — expliquei. – eu sei, é um urso, mas ainda sim a morte não pode ser em vão, precisa ter alguma utilidade, são as leis de Nárnia. — olho nos olhos dela.

Minha prima assentiu e buscou Andy com o olhar, ele estava parado próximo de Lu e Pedro, com um semblante forte, como se quisesse ser a fortaleza de Lúcia, talvez ele tente se parecer com Pedro por ele ser o irmão mais próximo de Lu e quisesse ser o ponto forte dela, assim como Pedro é.
As vezes os acho mais maduro que eu e Edmundo, agora, eles tem a mesma idade que eu e Ed tinhamos quando nos conhecemos e viramos amigos, se bem que Andy é um ano mais velho, então ele está com a mesma idade que Amy tinha quando vim morar em Finchley.
Claro, experiências diferentes, formas diferentes de lidar com as coisas. Sinto que ter Tia Louise e Tio Vincent como pais ajudasse nessa maturidade.
De todos três, certamente eu sou a que menos é cobrada pelas coisas, claramente acham que por ter perdido os pais cedo — e os meus pais serem como eram, que na visão deles era uma forma errônea de ser — não esperam que eu seja algo a mais, já com Amélie é diferente, querem que ela seja o modelo perfeito de mulher, se casar com alguém importante e rico para trazer respeito a família deles, já que a parte Amare da família cujo eu vim não o fez.
Para Andy é mais a questão de se alistar no exército quando completar os dezoito anos, ser bem sucedido na questão trabalhista, ser um homem poderoso.
Obviamente isso tudo não é errado, querer o melhor para seus filhos é o melhor que podem fazer, mas de forma tão rígida e rigorosa, sem espaço para opinião ou querer dos envolvidos.
Muitas vezes eu sou grata a Aslam por ter sido criada por meu avô, ele fez tudo isso, me ensinou tudo que sabe, contratou professores para mim, me ensinou a ser eu mesma de uma forma responsável, as vezes, só as vezes, me sinto culpada por isso, é estranho ser a única numa casa que não foi assim tão amarrada a esteriótipos ou capacitações.
  Susana se aproxima de mim.
– Algo de errado Meri? — seu olhar mostrava uma preocupação.

The Silver Age [02]Onde histórias criam vida. Descubra agora