· Three.

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Os Quartos e Regras

· Meredith ·

  Subimos por uma escada estreita que dava para um corredor cheio de portas brancas da mesma cor das paredes.

– Aquela porta no fim do corredor é o banheiro que você e Amy irão dividir, ela irá lhe mostrar onde cada coisa fica, aquela porta a direita do banheiro é o quarto dela. — Tia Louise indicava com a mão. – a do lado oposto é o seu.

  Andamos até a porta que ela indicou, minha Tia tirou um olho de chaves do bolso destrancando a porta.

– Aqueles quartos do outro lado são o de Andy e o outro é meu e de Vincent. — apontou ao abrir a porta por completo.

  Acendeu a luz por meio de um interruptor e abriu espaço para mim entrar.
O quarto era revestido com um papel de parede rosa claro com desenhos de pequenas flores, uma cortina branca na janela com vista para o quintal e uma cama próxima a parede, ao seu lado um pequeno gaveteiro branco, na parede ao lado da porta havia um armário também de cor branca, o quarto não tinha decoração alguma, a não ser por um porta retratos.
Me aproximei dele e o peguei, era uma foto de minha mãe, meu pai e a minha tia quando crianças.

– Estudamos juntos sabia? — Tia Louise estava encostada no batente da porta. – essa foto foi tirada no último dia de aula da oitava série.

– Irei cursar este ano não é?

– Não, irá começar a sétima. — corrigiu.

Assenti.

– É uma das únicas que tenho. — falou indo ao meu lado. – depois que seu pai brigou com seus avós porque iria se casar com sua mãe, todas foram rasgadas.

Franzi o cenho.

– Porque não queriam que meu pai e minha mãe se casassem? — perguntei tirando os olhos da fotografia e olhando para a mulher.

Ela deu um suspiro.

– Sua mãe era uma mulher moderna, como chamam? — tentou lembrar.

– Feminista? — perguntei confusa.

– Isso. — confirmou com desdém. – papai e mamãe não estavam de acordo que ele se casasse com uma moça assim.

Pela forma que dizia, já tinha entendido que minha Tia também não gostava do movimento, ela disse que iria ir para o andar de baixo, pediu que eu olhasse debaixo da cama, falou que tinha coisas que eu iria gostar.
  Assim fiz, de lá tirei uma caixa enorme de cor caqui e uma flor desenhada na tampa, abri, haviam algumas telas do tamanho de uma folha A4, um estojo com pincéis, uma palheta de aquarela, pequenos potes de tinta, lápis de colorir, lapis grafite, um godê para misturar as tintas e três cadernos sem palta, todos com capas parecidas brancos com flores diferentes na frente.
  Olhei novamente para baixo da cama, um pequeno cavalete estava lá, rolos de papel jornal também, ouvi batidas na porta, me levantei do chão e dei tapinhas no vestido para que pudesse tirar a poeira.

– Pode entrar. — falei.

  Amy entrou e olhou para o corredor, checando que ninguém víria.

– Estava com saudades mon cher! — ela sussurrou ao fechar a porta. – que bom! já achou as coisas que seu grand-mère¹ a mandou.

[¹ Avô]

  Abri um sorriso.

– Ele mandou? — ela confirmou com a cabeça.

– Olhe no armário, ²allons-y! — pediu me pegando pela mão.

[² vamos!]

  Fui em direção ao móvel e abri as portas duplas, um avental branco estava num cabide, junto a ele um casaco vermelho, saia cinza e uma camisa branca de botão, todos parecidos com os da foto do porta retrato.

The Silver Age [02]Onde histórias criam vida. Descubra agora