· PRÓLOGO ·

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Questão de Tempo

· Meredith ·

As meninas tinham saído da biblioteca para falar com Pedro, ficando só eu, Ed e vovô, enquanto eu terminava de contar sobre como eu havia voltado.

– Então cruzei o lampião e apareci aqui. — conclui.

Ainda está lá mesmo? — ele disse bebericando o chá.

– Sim senhor, mas a parte de baixo está quase invisível pelas raízes. — Ed falou.

– É de se esperar, não é? — vovô o respondeu, concordamos com ele.

Vovô nos encarava com um brilho nos olhos, senti meu rosto queimar e olhei para Ed, que estava na poltrona ao lado.

– Eu e Polly tinhamos a idade de vocês. — comentou. – mas só namoramos aos dezessete, aliás, como vão continuar? como avô acho que tenho de saber.

Ele não parecia ter encômodo com isso, talvez até gostasse de Edmundo, era o que parecia e o que eu espero, seria muito complicado se não ao menos o quisesse bem.

– Não tinha pensado nisso ainda. — o menino admitiu. – acho que poderíamos apenas andar de mãos dadas e amigos próximos...

– E esperar até uma certa idade? — vovô disse.

Sim. — respondemos juntos.

Meu avô deu um sorriso fraco e assentiu.

– Sei que os cinco são mais maduros que a maioria das pessoas de suas "idades." — falou fazendo aspas com os dedos na última palavra. – mas aqui ainda são só crianças, infelizmente.

Confirmei com a cabeça, Lúcia apareceu pedindo para que fossemos ver Pedro, que estava trancado no quarto e não respondia a nenhum chamado dela ou de Susana.
Peguei a mão da menina e corri até o quarto de Pedro e Edmundo, pedi a Susana que abrisse espaço o suficiente para mim ao seu lado a frente da porta e depois dei algumas batidas na madeira com bastante força, mas ele não respondia, eu já esperava por isso.

– Pedro! — chamei. – Flora não ficaria feliz se o visse assim.

Edmundo surgiu atrás de nós três e ficou apenas olhando.

– Flora diria que devia seguir sua vida enquanto não pode voltar. — Susana gritou.

– Ela vai estar em Nárnia, seja lá quando volte ela vai estar lá ainda. — continuei.

Edmundo passou a frente de Lúcia e pediu para que ele pudesse falar com o irmão.

– Elas tem razão Pedro, não adianta de nada ficar assim, Flora sabe que não queria voltar para cá sem ela, ela sabe mesmo que não tenham a dito. — o menino falava com um tom mais baixo que o nosso. – vamos, abra isso logo.

E em segundos ele abriu, os olhos vermelhos e o rosto inchado, todos fomos juntos o abraçar quando vimos que ele iria voltar a chorar.

– Sinto tanta falta de Cair Paravel, dos faunos, de Flora, de Nárnia... — ele disse ainda sem se afastar de nós, a voz embargada.

Eu sentia o mesmo, como se tivesse sido arrancada de casa, como se nada fosse real.

– Pedro, você ainda é o Grande Rei, lembra o que Aslam falou em nossa coroação? — Lu tentou ajudar.

Nós afastamos e sorrimos.

Uma vez coroado Rei, Rainha ou Princesa de Nárnia, sempre Rei, Rainha ou Princesa de Nárnia. — recitamos em uníssono.

Aslam sabe o que faz, com certeza ele ter nos feito voltar tinha algum motivo, eu espero que tenha.
Algum tempo depois fui até o lado de fora, sentando num degrau da escadinha que levava da varanda até o jardim, comecei a desenhar em meu caderninho, Lúcia e Susana tinham ido até a casinha na árvore, no dia em que fomos a Nárnia — hoje tecnicamente — estávamos levando mantimentos para lá, mas resolvemos jogar baseball com Ed antes e acabamos por quebrar a janela — e entrado no guarda-roupa, chegado a Nárnia e daí para frente tanta coisa aconteu... — por tanto elas tinham ido terminar o serviço.
Estava distraída quando Edmundo se sentou ao meu lado com um saquinho de M&M's um doce que segundo ele foi recém lançado em Londres, eram bolinhas de chocolate cobertas com açúcar colorido que incrivelmente não derretiam.

– Quer um pouco? — perguntou estendendo o saquinho para mim.

Assenti e peguei alguns.

– Meri, eu acho que está esquecendo de alguma coisa. — comentou pondo um M&M na boca.

– Não, tenho certeza de que não esqueci nada. — afirmei o olhando com reprovação.

Ele meteu uma das mãos por baixo do colarinho da camisa e de lá tirando meu relicário, certo, eu tinha esquecido de algo relativamente importante.

– Ah, isso! — larguei o lápis cujo qual estava usando para desenhar.

Puxei a corrente com o anel e a tirei do pescoço, entreguei a Ed que ficou olhando.

– Não vai caber no seu dedo, use assim.— falei pegando meu relicário de sua mão e o amarrando ao meu pescoço onde antes ficava a corrente com o anel.

Ele assentiu concordando e deixou o anel sob a camisa, já estava começando a anoitecer, Susana e Lúcia tinham acabado de chegar quando entramos de volta para dentro, Dona Martha não entendia o motivo da mudança repentina de Ed e eu, que fomos de brigas para bons amigos, no que para ela foram horas, mas para nós anos, vovô disse a eles que agora compartilhavamos do mesmo segredo.

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• Notas da Autora •

  Só pra avisar que vocês não vão se livrar de mim tão cedo... KKKKKKKKKK

VOU ATÉ O FIM COM ESSA FANFIC !
amo vcs e cliquem na estrelinha ★

The Silver Age [02]Onde histórias criam vida. Descubra agora