· Thirteen.

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Ruínas

· Meredith ·

Após uma longa caminhada e acharmos água doce, estávamos indo até as Ruinas, no meio do caminho tinhamos nos deparado com um pomar repleto de macieiras, estava colhendo algumas quando percebi que Pedro estava um pouco distraído.

– Ei, vou ver o que há com ele. — disse a Edmundo.

– Acho que sei o que é.

– Pior que eu também. — falei mordendo o lábio inferior, aflita, Ed apenas fez sinal para que eu fosse, entreguei a bolsa para que o moreno guardasse todas ass maçãs que conseguisse.

Pedro olhava para as macieiras com uma tristeza óbvia, era Flora, desde que voltamos maçãs eram algo complicado para ele, pois além de serem o símbolo da proteção de Nárnia eram os frutos da árvore de Flora.

– Eai, irmãozã?. — toquei o ombro dele tentando o "acordar".

Ele não respondeu, apenas me olhou como se dissesse: o que foi agora?

– Você está bem? — perguntei.

– O de sempre. — disse num suspiro.

– Vai voltar a vê-la, tenho certeza.

– Mas quando? — vi lágrimas se formando em seus olhos. – Meri, não é só ela, é Nárnia. — abaixei a cabeça. – você sabe, sei que sente isso como eu, não sei se aqui onde estamos é Nárnia, tudo me diz que sim, mas no fundo...

– No fundo se sente perdido? — ele assentiu. – é, eu também quero que seja Nárnia, tudo que mais quero é a nossa vida de volta, é liderar nosso reino de novo.

O abracei forte, as vezes o sentia como se ele quisesse ser a rocha de nós todos, uma fortaleza, meio como um pai.
Edmundo sempre me contou isso, desde que Christopher foi a guerra era Pedro o "homem" da casa, e em Cair Paravel era assim também, mas tinhamos uns aos outros nos ajudando e não éramos vistos como meras crianças bobas, então não era tão parecido.

– Temos que confiar em Aslam.

– Tenho minhas dúvidas quanto a ele, Meri, talvez ele nunca volte. — agora ele parecia com raiva.

Ouvi chamados de Susana, pedia para que não nos distanciemos mais, Lúcia me puxou para andarmos de mãos dadas, Andy estava a irritando para variar.

– O que Pedro tem? — a menina perguntou com preocupação.

– Seu irmão está perdendo a fé em Aslam.

– Mas...

– Cada um com seu tempo Lu, sabemos que ele vai vir, lembra da primeira vez? Lembra da batalha contra Rabadash o Ridículo um ano antes de voltarmos a Londres? Em ambas das vezes ele nos socorreu. Ele vai vir, de um jeito diferente, mas vai vir. — tentei soar esperançosa.

Eu sentia que aquelas eram ruínas familiares, familiares até demais... Os meninos tentam mover as rochas que estavam afrente de algo que deveria ser uma porta, tudo estava coberto por plantas, a grama altissima chegando aos joelhos.
Após muito custo conseguimos entrar, a sensação de já ter estado lá em algum momento da vida só aumentava, eu não gostava disso, não podia ser, dois anos e meio não fariam tudo isso, não é possível.
Cada um de nós explorava o lugar sozinho, espalhados pelo que deveria ser um pátio, eu estava no que deveria ter sido uma varanda, a paisagem também era famíliar, ouvi Susana chamando, estava com uma peça de xadrez feita de ouro puro, lhe faltava um olho de rubi.

– Isso é meu! — Ed pegou da mão da irmã analisando.

– Seu? — Pedro perguntou.

– Eu não tinha um jogo de xadrez feito de ouro maciço em Flinchley, mas isso é meu sim. — afirmou. – Meri me deu de presente.

The Silver Age [02]Onde histórias criam vida. Descubra agora