𝕬 𝖒𝖆𝖑𝖉𝖎𝖙𝖆 𝖆𝖕𝖔𝖘𝖙𝖆

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Anny

Quando estávamos a uma quadra de distância da escola, me solto da sua mão e paramos no mesmo momento, Tyler me encara com um semblante confuso, não compreendendo a minha reação. Mas não ousa falar nada, só me olha como quem quisesse me dizer várias coisas. Seus olhos baixos traziam um ar de cansaço, como se não dormisse direito a dias e seus punhos ainda estavam vermelhos. Observando tudo aquilo me fiz várias perguntas do porquê ele é assim, mas não consigo formar uma frase com aqueles olhos azuis encarando os meus. Porque eu fico igual a uma idiota quando estou tão perto dele ?

"Você está bem ?" - pergunta
quebrando o silêncio -

"Como posso estar bem depois do que aconteceu à minutos atrás ?" - minha voz está alterada, e sinto lágrimas de ódio se formarem em meus olhos - "eu não entendo oque te levou a impedir elas daquele jeito, se dá outra vez você não fez nada"

"É assim que me agradece ?" - dou um sorriso sarcástico - "Anny, somos amigos. E te livrei delas fazerem algo pior com você"

"E PORQUE NÃO FEZ ISSO DA PRIMEIRA VEZ ? VOCÊ SIMPLESMENTE FICOU PARADO ASSISTINDO TUDO SEM DIZER OU FAZER NADA. SE NÃO FOSSE MEU IRMÃO, NÃO SEI COMO AQUELA BRIGA IA TERMINAR E... - antes que eu pudesse continuar com meu surto de raiva, sua mão toca meu rosto me fazendo parar de gritar -

"Os fins não justificam os meios, Anny. Eu ter te ajudado prova muito que sou seu amigo sim, não precisa berrar desse jeito pois já consertei o meu erro" - nossos olhos se encontram a todo segundo, não consigo evitar de olhar todos os traços do seu rosto incluindo sua boca, que de perto parece ser tão macia de se beijar. Isso me fazia sair da realidade e viajar a lugares que eu nem sabia que era possível de existir, só consigo perceber nossos corpos chegando mais e mais perto a cada segundo, oque isso quer dizer ? Oque ele quer ? Oque eu quero ?. Fecho meus olhos respirando bem fundo, e me afasto -

"Desde do dia em que vi esse machucado na sua mão, você tem evitado falar comigo. E nessa semana em que estávamos afastados, eu sempre tinha a impressão que seus amigos riam de mim toda vez que passava por vocês. Isso me fez questionar várias coisas ao mesmo tempo, e uma delas, é se você está apenas brincando comigo"

O vejo ficar tenso com minhas palavras, não sei se isso era um bom ou mal sinal de sua resposta. Mas diante a tantos acontecimentos em tão poucos dias que estou nessa escola, me fez ver que ninguém é capaz de ser gentil comigo de verdade.

"Anny, eu gosto de você" - suas palavras fazem meu coração acelerar - "eu te defendi de Alex e também da turma de Rebecca de fazer alguma coisa com você. E defendo de quantas mais aparecer em seu caminho, mas por favor, não pense que sou o pior dos homens. Nós dois não temos noção da realidade do outro para tirarmos conclusões assim"

"Eu não consigo confiar em você, Tyler" - digo - "desde que me lembro, sou traumatizada em questões de confianças. Principalmente em fazer novos amigos, pois isso nunca dar certo"

"Vamos ficar bem, por favor" - ele segura em cada lado dos meus ombros, me olhando atentamente - "me perdoa por ter te magoado, eu estou disposto a consertar tudo isso"

"E-eu não sei se..." - sua boca beijando o meu rosto foi oque me fez travar, não conseguindo falar mais nada -

"Te vejo na festa amanhã" - murmura quando se afasta de mim e dessa vez estamos mais perto que antes, seu perfume invade o pequeno espaço que estamos, o aroma de trident de menta que sai de sua boca se torna torturante pois só sinto vontade de beijá-lo. Mas ele apenas se afasta dando um sorriso fraco e logo vai embora -

Fico ali plantada observando ele ir mais e mais longe, meu sorriso bobo foi se abrindo aos poucos e meu coração só acelerou ainda mais, esses poucos segundos me fizeram ir à um mundo paralelo onde só existe felicidade e diversão, uma coisa que eu precisava muito na minha vida.

Decido esquecer o mal entendido que tivemos e pego meu celular ligando pro meu irmão. Lucas não ia gostar de saber que Tyler e eu nos resolvemos, mas isso é assunto meu, e não irei mete-lo nisso.

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Quando ele enfim chega, entro no carro e seguimos direto ao consultório da dentista. E durante o caminho eu sorria como boba, Lucas falava sobre alguma coisa mas já havia perdido o foco da nossa conversa a muito tempo.

"ANNY ?" - me assusto com seu tom alterado - "oque caralhos aconteceu com você ? Seu nariz tá sangrando"

"Aí Lucas, que saco. Eu apenas
caí, tá legal ?" - o olho -

"Quem mexeu com você dessa vez ?"

"Eu já disse que caí, porque é tão difícil acreditar ?"

"Porque você é péssima em
mentir, e sabe que odeio isso"

"Não enche" - olho novamente para frente -

"Se eu descobrir que você foi machucada por alguém, seu amiguinho que vai sofrer as consequências disso" - arregalo os olhos -

"Você não é louco, Lucas" - me altero - "Tyler não tem nada haver com as pessoas que me zoam"

"O recado foi dado" - é a última coisa que ele diz, e seguimos o caminho todo em completo silêncio -

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Após minha última manutenção, saio do consultório feliz pois finalmente estava com um sorriso lindo. Algo que esperei por anos e que finalmente realizei meu sonho de tirar aquela porcaria, uma pena minha mãe não está aqui para ver isso, mas tenho alguém mais importante na minha vida, meu irmão. Ele apesar de ainda estar bravo comigo, me abraçou forte demonstrando sua felicidade, nossas brigas nunca foram tão sérias a ponto de ficarmos sem se falar por dias, oque era bom.

E depois seguimos para nossa casa. Passei a tarde toda no meu quarto, revezava o tempo olhando meus dentes no espelho ou olhando o bilhete que Tyler me deu a dias atrás. Lembro também do nosso primeiro encontro, foi tão bom que só queria repetir aquilo, já não aguentava a ansiedade para finalmente chegar amanhã e ir a essa festa