𝕬 𝖒𝖆𝖑𝖉𝖎𝖙𝖆 𝖆𝖕𝖔𝖘𝖙𝖆

22-

Anny

Quando o último sinal tocou, começo arrumar minhas coisas o mais rápido possível para sair. O olhar de Tyler sobre mim me deixava sem forças, ele amava fazer isso, que filho da puta. Porque não consigo odiá-lo totalmente pelo oque fez comigo ? Porque me sinto uma idiota quando estou tão perto dele ? Que droga.

"Vai pegar algum trem pra querer sair nessa pressa toda ?" - ele pergunta e o vejo escorado na parede ao meu lado, não respondo nada e continuo oque estava fazendo - "sabe Anny, acho que temos que entrar em acordos com certas coisas"

"Me erra garoto" - coloco minha mochila nas costas e começo andar, até que sua mão segura minha cintura me obrigando a parar -

"Você me tocou sem minha permissão" - sua voz agora estava mais perto e sinto minha espinha arrepiar, o calor do seu corpo ia ficando mais nítido a cada passo que ele dava atrás de mim. Até que nossos corpos se colam um no outro e fecho meus olhos, oque caralhos ele tá fazendo ? -

"Pra um rodado que transou com a escola toda não acho que você se incomodou com isso" - tento me fazer de durona -

"Você mexeu com a pessoa errada, lindinha" - sua mão desce da minha cintura e entra lentamente por dentro da minha saia, isso foi o suficiente para me paralisar - "quando eu disse que você estava com joguinhos com a pessoa errada, me referi a isso" - fecho meus olhos sentindo seus dedos entrarem por dentro da minha calcinha - "e a cada coisa que você fizer comigo, eu irei te devolver na mesma moeda" - sua voz faz calor em meu pescoço, me deixando com um enorme tesão. Sinto algo escorrer de mim e acho que ele vai perceber que me deixou excitada e me afasto no mesmo momento -

O olho a quatro passos de distância e ele sorrir de mim, aquele sorriso era tão vagabundo que por alguma razão eu gostava disso. E não fazia questão nenhuma de desviar seus olhos de mim, até que o vejo encarar sua mão a qual estava dentro mim, e devagar leva seus dedos até sua boca provando. Eu já imaginava que Tyler era safado, mas não a esse nível. Engulo a seco e ando em direção a saída, e quando já estava perto de sair, sua voz ecoa em alto e bom tom.

"É bem mais gostosa do que imaginei" - isso me fez travar, meu coração acelerou freneticamente e a essa altura já não sabia ao menos andar direito. O vejo passar por mim indo embora e fecho meus olhos sentindo ódio -

Pela primeira vez na minha vida eu sinto amor, ódio e tesão pela mesma pessoa. Minha vida já não tinha como ficar pior ?

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Depois de alguns segundos consigo retomar minhas forças e saio, quando estava quase perto do portão, sinto um empurrão tão forte que quase caio no chão. Olho para frente e vejo Alex e Rebecca

"Olha aqui sua vagabunda, não é porque Tyler te poupou de um mico que te dá o direito de ficar com conversinhas com meu namorado" - Rebecca fala bem perto de mim, como assim namorado ? Achei que fosse iludida apenas por Tyler, ou ela só estava falando aquilo porque Alex estava do seu lado. Bom, já não sei oque pensar - "se eu vê você falando com Patrick denovo, eu quebro a tua cara"

"Diferente de você, Rebecca, eu não preciso correr atrás dos garotos já que são eles que vêm até mim" - sorrio sarcástica - "sei que no meu primeiro dia aqui deu uma certa impressão que eu era uma completa idiota, mas agora sei que desse assunto vocês são especialistas. - chego mais perto dela - não precisei correr atrás deles para ter algum tipo de atenção, nem mesmo de Tyler, e vejam só, ele gosta de mim. - vejo Alex ferver por dentro - "e querendo ou não, vocês estão na minha mão. Acham que já não sei que ele é filho do prefeito da cidade ? Qualquer deslize por menor que seja, ele pode acabar com a vida de vocês duas"

As olho de cima abaixo antes de dar um sorriso e saio, não sei oque me deu para ter essa coragem toda de humilhar alguém. Mas isso é bom pois só assim eles vão reconhecer o meu valor, porque entre ser e não ser, eu sou.

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Já no carro do meu irmão, ele conversa comigo perguntando sobre meu dia e até estranhou por eu estar tão bem. Mas na verdade eu nunca estive bem, os únicos momentos de pura felicidade que eu tive foi antes de Tyler me levar até aquela droga de quarto.

"A mãe está no hospital" - ele quebra o silêncio - "ela teve uma leve parada cardío-respiratória e está em observação"

"Não importa oque a gente faça pro bem dela, nunca dá certo e..." - paro de falar -

"Eu já decidi" - fecho meus olhos respirando fundo - "irei encontrar uma boa clínica de reabilitação"

"É melhor do que encontrarmos ela morta, com um cigarro entre os dedos" - uma lágrima se forma em meus olhos, e vejo Lucas apreensivo -

"Perdemos o nosso pai em uma porra de acidente e agora estamos prestes a perder nossa mãe por causa do vício" - sua voz sai baixa e falha, coloco minha mão em cima da sua -

"Não vamos pensar negativo agora" - ele me olha por um curto período de tempo - "não importa oque aconteça, teremos sempre um ao outro, lembra ?"

"Sim" - vejo um sorriso triste se
formando em seus lábios -

Um silêncio ecoou entre nós, já havia me perdido nos pensamentos sobre tudo que aconteceu hoje.

Eu o toquei e ele me tocou,
e... Eu gostei, eu gostei muito.

"Alguém pega no seu pé ainda ?" - ele pergunta -

"Não, por incrível que pareça está tudo normal"

"Bom mesmo, não estou com o juízo certo esses dias" - o olho incrédula mais logo sorrio -

Era bom depois de um dia cansativo conversar com meu irmão, isso me ajudava muito e ele não sabia o quanto.