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Anny, duas semanas depois...

Entre duas a quatro cartelas de cigarro que fumo por dia, já posso sentir meus pulmões implorarem que eu pare com isso

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Entre duas a quatro cartelas de cigarro que fumo por dia, já posso sentir meus pulmões implorarem que eu pare com isso. Minha sinusite ataca a cada cinco minutos e já estava acabada de tanto espirrar, minha cabeça doía e para amenizar isso tomava uma bebida que roubei do quarto de Lucas. Como pude ser tão idiota de ter entrado nesse jogo infantil ? Como não percebi que ele de fato estava gostando de mim ? Como pude fechar meus olhos para sua mudança ? Que droga. Agora como consequência disso tenho que conviver vendo ele pegar todas sem descrição nenhuma na minha frente, todos me olham com nojo e desprezo, e as provocações junto ao bullying voltaram com tudo.

 Agora como consequência disso tenho que conviver vendo ele pegar todas sem descrição nenhuma na minha frente, todos me olham com nojo e desprezo, e as provocações junto ao bullying voltaram com tudo

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"A quanto tempo você fuma ?" - escuto a voz de Lucas bem atrás de mim me fazendo expulsar mais lágrimas que eu tentava de alguma forma segurar -

"Não enche" - digo e sinto sua mão tomar meu cigarro, mas não tenho força alguma pra reagir -

"Nossa mãe está em uma merda de clínica de reabilitação por causa dessa porcaria aqui" - fecho meus olhos mas logo sinto sua mão virar meu rosto para olhá-lo - "se você não me diz oque merda tá acontecendo, eu não tenho como te ajudar"

"Me ajudaria muito se você sumisse por um mês e me deixasse sozinha" - sua expressão muda quando digo isso, poucas vezes vi Lucas se afetar com algo que eu digo, mas agora o vejo assim -

"Não pensaria duas vezes em te colocar em um manicômio inventando a pior mentira do mundo só por você falar essas coisas idiotas" - diz sério - "ainda não entendeu que somos só nós no mundo agora ? Nosso pai morreu e nossa mãe é uma viciada que nã...

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"Não pensaria duas vezes em te colocar em um manicômio inventando a pior mentira do mundo só por você falar essas coisas idiotas" - diz sério - "ainda não entendeu que somos só nós no mundo agora ? Nosso pai morreu e nossa mãe é uma viciada que não sabe cuidar de si própria direito, então pense bem no que fala pra não se arrepender depois" - o olho deixando outra lágrima cair -

"Você fala da nossa mãe que não sabe se cuidar, mas estamos no mesmo barco que ela" - digo desviando meu olhar - "faz meses que você não vai pra escola, sua vida se resume em pegar no meu pé e fazer sexo com a primeira emocionada que aparece na sua frente. Vive se afundando nas drogas e só fica feliz quando bebe uma garrafa inteira de álcool" - o olho - "sua ficha criminal é problemática, e a qualquer momento podem te pegar em uma esquina por simplesmente estar drogado com a merda dos seus amigos. - respiro fundo antes de continuar - "você diz que se importa comigo e que morre de medo de alguém me machucar, mas sempre que tem alguma oportunidade some por dias e as vezes só me manda uma mensagem perguntando se estou bem. Mas pra ser sincera, somos tão fudidos como qualquer outra pessoa que é julgada pela sociedade"

"Não me compare a nossa mãe" - diz depois de um tempo em silêncio - "diferente dela, eu nunca te bati quando estava bêbado ou drogado. Nunca deixei de ir no seu quarto uma noite se quer pra te desejar boa noite, mesmo você me expulsando de lá todas as vezes. Eu nunca apontei suas inseguranças para me sentir bem comigo mesmo, ou por está muito louco de heroína" - ele me olha - "nossa mãe fez tudo isso nesses anos todos que morou com a gente, mas, eu nunca deixei que ela te humilhasse na minha frente. Fui preso ? Sim, não nego isso. Pois nunca iria deixar aqueles imbecis vivos depois do que tentaram fazer com você. E..."

"Desculpa" - o interrompo - "é por isso que digo que somos dois fudidos, pois não temos ninguém além de nós mesmo para nos defender, eu agradeço por todas às vezes em que esteve do meu lado pra me proteger Lucas" - digo sem olhá-lo e devagar inclino minha cabeça deitando em seu peito - "acho que não estaria viva se não tivesse você comigo"

"Eu sempre vou estar aqui idiota, não importa oque aconteça" - sorrio sentindo sua mão acariciar meu cabelo, uma vez li um ditado que dizia: o carinho de uma pessoa fria é o mais puro que existe, nunca li tanta verdade assim... -

"Eu te amo" - digo me levantando e o olho -

"Eu te odeio" - solto uma risada sincera e descontraída - "agora me conta oque aconteceu"

"Pensar nos nossos pais e nos outros problemas me deixam assim, exausta. Não precisa se preocupar"

"Não mente, Anny" - diz sério -

"Eu tô falando sério" - tento disfarça o máximo que posso pra ele não percebe que estou mentindo -

"Se eu descobrir que foi algum merdinha daquela escola que te fez ficar assim, eu juro, que mato"

"Você é louco" - afirmo rindo da sua cara séria -

"Ainda bem que sabe" - sorrimos juntos e ficamos alguns minutos em silêncio apenas olhando pra frente - "eu... preparei alguns sanduíches pra gente"

"Eu não tô com fome" - digo -

"Como ousa negar uma comida que eu mesmo fiz ?"

"Você é um péssimo cozinheiro, não tô afim de comer sanduíche de sardinha nem fudendo" - digo em tom divertido e ele fica sério -

"Eu estava aprendendo a cozinhar naquela época Anny, mas por alguma razão bem irritante você não esquece essa merda de sanduíche" - tento segurar a risada mais não consigo - "vai descer e comer comigo, ou quer que eu te obrigue ?"

"Isso é uma ameaça ?" - pergunto levantando uma sobrancelha -

"É uma ordem" - diz com autoridade e me rendo com as mãos me levantando da poltrona da onde estava sentada, e juntos descemos indo diretamente pra cozinha -

Lucas era um bom cozinheiro, só não gostava de admitir isso, bela ironia de irmãos cheios de orgulhos. E enquanto a gente comia, íamos conversando sobre várias coisas aleatórias. E por poucos minutos que estávamos juntos ele me fez esquecer do inferno que estou vivendo.

 E por poucos minutos que estávamos juntos ele me fez esquecer do inferno que estou vivendo

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𝕬 𝖒𝖆𝖑𝖉𝖎𝖙𝖆 𝖆𝖕𝖔𝖘𝖙𝖆Onde histórias criam vida. Descubra agora