009

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O dia amanheceu nublado em Metrópolis. Da janela do quarto, Emma encarava o céu se sentindo estranha. Tudo o que queria naquele momento, era ficar debaixo do cobertor, abraçada a Jenna e vendo qualquer coisa na Tv. Mas o dia já não tinha começado como ela gostaria.

Quando acordou, Jenna não estava no quarto. Olhando no celular, viu uma mensagem dela dizendo que tinha saído com Lu e Alice, mas que não demoraria. Também havia uma mensagem de Isabel perguntando se tudo estava bem — Isabel sabia que ela detestava dias nublados — e que tinha novidades para contar. Primeiro respondeu Jenna dizendo que já estava com saudades e depois disse para irmã que iria até a casa dela quando voltasse de viagem.

Por estar sem Jenna e por não querer encarar Gab ou Aline, se manteve presa no quarto. Já teria que ficar perto dos dois durante o almoço em família. Teria que olhar para Bella sabendo que ela era uma mulher boa e que estava sendo enganada. Também teria que olhar para Jennacsabendo que ela iria se machucar muito quando contasse a ela a verdade.

Durante a noite, mal conseguiu pregar os olhos. Passou várias horas pensando no que deveria fazer em relação ao que tinha descoberto. De qualquer forma, contar ou não contar seria ruim, mas a última coisa que queria era começar seu relacionamento com Jenna escondendo algo dela. Não queria ser cúmplice de Gab ou Aline e tinha certeza que seria um baque forte para Jenna saber disso. Pelo menos estaria ali para ela e por ela, poderia segurá-la se ela desmoronasse.

A última coisa que queria na vida era magoar Jenna de alguma forma. Apenas queria o bem dela. Queria cuidá-la, amá-la, a fazer feliz e mostrar todos os dias o quanto ela era uma mulher maravilhosa. Pensando em todas essas coisas que queria com ela é que percebeu que não dava para esconder aquele segredo.

Não sabia há quanto Aline e Gab mantinham aquele relacionamento, mas imaginava que não era de agora. Doía só de imaginar na possibilidade de que Jenna confiava em Aline e era traída dentro de sua própria casa por ela.

Era de um mau gosto terrível trair Jenna e ainda trocá-la por Gab. O Ortega mais velho era um poço de egocentrismo, tinha um sorriso falso e parecia ser o tipo de pessoa capaz de qualquer coisa para se passar por bom moço, mas estava estampado em sua cara que era um homem maldoso e derrubaria qualquer um a sua frente para ter o que queria.

Ainda olhando pela janela o céu acinzentado, sentiu um par de braços a envolver pela cintura. Como sempre, seus lábios se curvaram um pouco. Embora estivesse feliz por Jenna estar de volta, sentiu uma pontada aguda no peito.

— Porque está trancada aqui? — Jenna perguntou apoiando a cabeça nas costas de Emma.

— Não estava muito animada para ficar com o resto do pessoal.

— Aconteceu alguma coisa? Você está bem?

— Estou sim — se virou para encarar a morena. — Depois do almoço, eu preciso conversar com você.

— Quer falar agora?

— Não — segurou seu rosto com cuidado. — Daqui a pouco temos que descer e preciso de tempo para falar isso.

— Tudo bem — a deu um beijo rápido.

— O que foi fazer com a Lu e Alice?

— Não posso dizer. Quando eu te levar no segundo encontro, que será amanhã, você saberá — sorriu.

Se aproximando, Emma a beijou com delicadeza e paixão. Todas as vezes que beijava Jenna sentia da mesma forma que seus lábios se tocaram a primeira vez.

— Senti sua falta — a deu um selinho encerrando o beijo.

— Eu também senti a sua — encostou sua testa na de Emma. — Temos que nos trocar, mas ao mesmo tempo só queria ficar sozinha com você.

— Eu adoraria ficar só com você.

— Tem certeza que não quer me contar agora o que tem de errado? — perguntou quando Emma a abraçou forte.

— Tenho.

— Tá carente hoje?

— Sim. Carente de você — começou a beijar seu pescoço. — Eu vou parar, se não, não vou desgrudar de você e nem deixar você sair do quarto.

Mesmo que não quisessem se separar — Emma por medo da reação de Jenna. E Jenna porque percebia que Emma estava aflita — fizeram isso para irem se arrumar.

Assim que terminou de se vestir, Emma voltou novamente para janela enquanto esperava Jenna. Tentava esquecer o que tinha presenciado no dia anterior, mas não conseguia. Isso estava a deixando maluca. Queria ao menos tirar essa imagem da cabeça para conseguir pensar em um jeito de começar o assunto quando fosse contar tudo a Jenna, porém continuava na estaca zero.

Se arrependimento matasse, nunca teria saído de trás daquela estante. Na verdade, não teria ido na biblioteca naquele horário, teria ido fazer outra coisa. Ou ido conversar com Bella, ou com Biane, ou falar com qualquer um dos empregados, mas não entraria ali.

Para se manter no mesmo ambiente que Gab e Aline teria que usar a sua melhor atuação. Pelo menos para Jenna não desconfiar de nada por hora e vê-la se divertir um pouco antes de dizer algo que a faria sofrer.

— O que tanto olha nessa janela?

— Não gosto de dias assim.

— Porque? — ficou do lado de Emma a olhando de perfil. — Só não gosta ou tem um motivo maior?

— Meus pais morreram em um dia parecido com esse — repuxou um canto dos lábios. — Sempre sinto que em dias assim, eu vou perder algo que eu amo.

— Eu estou aqui com você — segurou sua mão e depositou um beijo em seu ombro. — Eu não vou deixar você perder mais nada.

— Não?

— Não. Você não vai perder nada enquanto estiver comigo.

— Você é maravilhosa, sabia? Fico feliz que entre tantas pessoas no mundo, meu coração foi se apaixonar por você.

Jenna abaixou um pouco a cabeça sorrindo sem graça. Poderia passar cinquenta anos ao lado de Emma, todas as vezes que ela a olhasse da forma que estava a olhando agora — com ternura e admiração — e a elogiasse, iria continuar reagindo da mesma forma.

Havia se acostumado fácil com a presença de Emma em sua vida e tudo foi de uma forma muito natural. Um dia estava vivendo sua vida e se lamentando pelo que perdeu, no outro encontrou Emma a fazendo ficar desconcertada pelas coisas mais simples.

Ainda se sentia nervosa estando perto dela, desde que a conheceu não houve um dia que suas pernas não tremeram só por olhá-la. Mas isso estava sendo bom. Era um nervosismo que a deixava com mais vontade de mergulhar de cabeça no que elas estavam tendo. E, todas as vezes que parava para pensar no futuro, não se via sem a loira ao seu lado.

Isso tudo foi algo que desejou encontrar algum dia. Emma havia quebrado todos os muros que tinha colocado em volta de si como proteção. Bastou chegar naquela cafeteria e sorrir. Ali mesmo Jenna já sabia que seria difícil não se apaixonar por ela.

— E eu fico feliz que tenha sido por mim, pois não queria não ser correspondida.

— Qualquer um que não te corresponda é bem doido. Eu até sou doida, mas por você.

— Depois disso eu vou ter que te beijar.

Algum tempo depois, elas apareceram na sala onde os pais de Bella já estavam.

Quase todos conversam entre si enquanto bebiam alguma coisa e riam. Emma não quis se enturmar muito, estava se sentido muito mal por aquela situação e então ficou mais afastada.

Os pais de Bella só teciam elogios para cima de Gab. Ouvir o quanto ele era um excelente homem só estava fazendo Emma ter vontade de vomitar. Não queria nem ver como seria quando Bella descobrisse tudo.

Não aguentando ficar na sala por estar se sentindo sufocada, foi até a varanda na lateral da casa a procura de ar. Se soubesse quem viria atrás dela, teria preferido ficar sentindo mal naquela sala.

— Está se sentindo bem, cunhadinha? — perguntou com sarcasmo se aproximando de Emma. — Deveria por um sorriso no rosto, é um dia importante pra mim e pra minha família.

— O que você quer, Gab? — perguntou irritada.

— Você não está pensando em contar alguma coisa para Jenna, não é?

— Por que você quer saber? — o olhou com raiva.

Gab estava com um copo de whisky na mão e mantinha um sorriso vitorioso nos lábios. O jeito que ele olhava para Emma a estava fazendo temer pelo que sairia da sua boca.

— Sabe, Emma. Você pode estar deslumbrada por estar com uma mulher como minha irmã — deu mais um passo para frente. — Ela rica, bonita, uma mulher poderosa e com um futuro brilhante. Mas você tem que saber de duas coisas. Primeiro, ela sempre vai acreditar em mim. É inevitável, ela sempre fica do meu lado. Segundo, você é só uma diversão de seis mil dólares pra ela.

— O que disse? — perguntou sentindo o corpo gelar.

— Olha para ex dela e olha para você. Minha irmã sempre gostou de ajudar os mais necessitados, acha que será diferente com você?

— Você não sabe o que está dizendo.

— Tem certeza? — arqueou as sobrancelhas. — Uma hora ela vai se cansar de você e te descartará como um brinquedinho que ela pagou para brincar algumas horas. Já imaginou o que será de vocês quando forem embora daqui?

Emma não fazia ideia sobre como Gab havia descoberto sobre ela. O problema nem era ele saber o que ela fazia, mas a forma como falava de Jenna. Não queria deixar a insegurança tomar conta, só que ela já estava ali.

— Ela não é assim.

— Eu a conheço desde que chegou nessa casa. Uma bastarda, mas que faz parte da família — deu ombros.

— Não a conhecesse, não. Jenna não é, nem de longe, essa pessoa que você está dizendo — estava sentindo a sua voz trêmula.

— Eu sou o irmão mais velho dela e, não sei se percebeu, mas ela me adora. Aline é a ex insuperável dela, mas isso eu acho que você já sabe — bebericou seu whisky e sorriu mais uma vez. — A corda sempre arrebenta para o lado mais fraco, Emma. Quem é você comparada a mim e a Aline na vida dela? Acha mesmo que se ela souber, ela vai ficar contra mim? Eu sou da família, você é o que?

A pergunta sobre quem era ela comparada a Aline, rondava a sua mente desde que percebeu que tinha sentimentos por Jenna.

Sua cabeça estava muito confusa com tudo o que Gab disse, não sabia bem o que ele estava tentando fazer ao falar tudo aquilo, mas, de certa forma, sabia que ele estava a ameaçando sobre contar.

— Emma? Gab? — alternou o olhar entre os dois achando estranho como se olhavam. — O que está acontecendo aqui?

— Nada. Só estava dizendo a minha cunhadinha que um dia será a vez de vocês duas passaram por todos esses almoços e jantares de casamento — sorriu para Jenna. — Com licença.

O vendo se afastar, Emma soltou o ar que estava preso em seus pulmões. Estava grata por Jenna ter chegado naquele momento, mas agora sua mente estava repetindo as palavras de Gab.

— Está tudo bem, querida? — levou as mãos ao rosto de Emma. — Você sumiu do nada, está sentindo alguma coisa?

— Jenna, nós...

— Ei, pombinhas — Biane apareceu. — O almoço está servido.

— Já estamos indo, mãe — respondeu sem desgrudar os olhos de Emma. — Só vamos almoçar e você me conta o que há de errado, certo?

— Certo.

Do lado de fora da casa, estava uma mesa com um grande banquete. Se Emma já achava extravagante as comidas que os Ortegas comiam no dia a dia, dessa vez estava achando muito mais. Era tanta coisa que tinha em cima da mesa, tantos vinhos e champanhes que era até difícil de escolher.

A sua tentativa de aproveitar o almoço foi totalmente frustrada. Mal conseguiu tocar na comida e apenas bebeu. Além disso, a todo momento Gab e Aline — que estavam sentados lado a lado — a encaravam. A vontade que tinha era de se levantar e sair correndo.

— Eu vou escolher algum vinho especial — Jenna anunciou antes de se levantar da mesa indo em direção a casa.

No minuto seguinte, Aline também se levantou e foi atrás. Emma ficou num empasse sobre o que deveria fazer. Não confiava em Aline, mas confiava em Jenna. Então permaneceu na mesa fingindo que tinha algum interesse no assunto abordado por todos.

Entrando na adega, Jenna foi procurar o melhor vinho disponível ali. Haviam tantas garrafas colocadas cuidadosamente nas prateleiras e vinhos de variados tipos que era até difícil escolher. Mas, não queria só brindar o casamento do irmão, queria também brindar uma nova página da sua vida ao lado de Emma — Isso diria apenas para a loira. Sabia que teriam muito tempo para fazerem muitos brindes, principalmente sozinhas, mas já que estavam em festa, porque não fazer aquilo?

— Jenna, eu posso falar com você?

Assim que ouviu a voz de Aline revirou os olhos. Aquilo só podia ser brincadeira.

— Aline, eu já disse que não tenho nada para falar com você — se virou para ela. — Faz um favor para nós duas e me esquece. Eu já tenho uma outra pessoa na minha vida e eu quero que ela permaneça por muito tempo. Então, só me esquece.

Dando mais uma olhada nas prateleiras, pegou uma garrafa e passou por Aline para se retirar.

— Eu transei com seu irmão — disse sem hesitar vendo Jenna parar bruscamente. — Tudo aconteceu naquela viagem que você fez até a Irlanda. Nós começamos a sair juntos e rolou. Você voltou e... e... ele me disse que era melhor eu continuar com você, pois não iria deixar Bella por minha causa e poderíamos manter esse caso sem chamar atenção. Só que eu me apaixonei por ele, então acabei terminando com você. Desde que ele soube que você viria para o casamento, ele tem tentado me convencer de que devo voltar para você, assim ninguém suspeita de nada.

— Como é que é? — perguntou imóvel e desacreditada do que ouviu.

— Eu e ele estamos juntos há quase três anos. É isso que venho tentando te dizer. É por isso que terminei com você, mas não dei explicações.

Sentindo o chão se abrir sob seus pés, só havia uma pessoa para quem queria correr.

A garrafa de vinho se espatifou no chão. Não teve forças para segurá-la e talvez nem tivesse forças para chegar do lado de fora e encontrar Emma. Sua cabeça estava rodando, sentia raiva e uma tristeza profunda. Aquilo que ouviu era algo que jamais podia imaginar.

Chegando do lado de fora, sentiu seus olhos ficarem marejados, pois tudo o que mais queria era chorar. Havia sido traída não só pela ex, mas também pelo seu irmão. Uma traição dose dupla.

Limpando a primeira lágrima com o dorso da mão, viu Emma e começou descer correndo as escadas indo em sua direção.

— Jenna, o que há de errado? — Biane perguntou antes mesmo de Jenna se aproximar.

Olhando para trás, Emma percebeu que algo não estava certo e correu de encontro a ela. Jenna se jogou em seus braços e a apertou forte. Queria que a dor dentro de si parasse.

O pior ainda estava por vir.

— Você contou pra ela, Emma? — Gab perguntou de forma ríspido.

Agora Emma entendia bem as palavras que Gab a disse. Era óbvio que não iria querer sair por baixo.

Devagar, Jenna foi se afastando do abraço para olhar a loira.

— Vo-você sabia? Você sabia o que eles faziam?

— Jenna, me escuta...

— Não — se afastou negando com a cabeça sentindo as lágrimas caírem com mais frequência. — Não.

— O que está acontecendo aqui? — Biane exigiu saber.

— Pergunta para o teu filho e pra minha ex. Pergunta para Emma também, ela saberá te responder.

Foi o que Jenna disse antes de sair correndo pelo vasto quintal.

Sem perder tempo, Emma foi atrás dela.

— Jenna! Jenna, espera!

— Me deixa! — continuou a correr se embrenhando entre umas árvores. — Você sabia de tudo e não me disse nada.

— Espera, Jenna! — segurou seu braço a fazendo parar.

Vendo que Jenna continuava chorando, Emma estava prestes a chorar também. Sabia que ela iria sofrer se contasse a ela de uma forma mais branda. Mas agora tudo tinha piorado e não sabia como resolver a situação.

— Eu não devia ter acreditado em você.

— Não, Jenna — tentou abraçá-la por trás, mas ela se afastou. — Não fala assim.

— Como você pode me esconder isso?

— Era o que eu queria conversar com você.

— Era mesmo? — se virou para encará-la. — Ou está dizendo isso só porque agora eu sei que você sabia que meu irmão e minha ex tinham um caso.

A voz de Jenna saia embargada e as lágrimas continuavam a rolar por rosto. Emma queria muito se aproximar, mas sabia que Jenna iria rejeitá-la.

— Não, Jenna. Claro que não.

— Por sua causa eu fiz papel de idiota. Você mentiu pra mim, mas eu não deveria ficar surpresa com isso.

— O que? Como assim, Jenna. Eu... eu nunca menti para você. Me deixa explicar o que aconteceu.

— É isso que você faz. É isso que você é. Uma mentirosa.

As palavras de Jenna doeram em Emma. Se tivesse levado um tapa teria doido menos.

— Você está me julgando? — a pergunta foi retórica. — Você que me contratou para ser a sua falsa namorada, está me julgando?

— Tem razão — apertou os lábios. — Eu queria tanto que pensassem que eu estava feliz que eu paguei pra você fazer parte de uma mentira e a única pessoa que caiu nela fui eu.

— Não fala isso. Eu nunca menti pra você, Jenna. Me deixa explicar as coisas. Se me deixar explicar, a gente pode resolver.

— Eu não quero ouvir você. Você me traiu. Eu queria poder dizer que tudo valeu a pena, mas não valeu. Você é uma fraude. Mentir é o seu trabalho, não sei como me deixei levar.

Não queria ter que concordar com Gab, mas realmente a corda estava arrebentando para o lado mais fraco. Em nenhum momento ela tinha mentido, nunca foi capaz de falar um mentira sequer para Jenna. Quem a havia traído tinha sido Gab e Aline, mas sua raiva estava sendo destinada a pessoa que, até poucas horas atrás, dizia estar apaixonada.

— Vai nessa, Jenna. Me odeie — fungou limpando uma lágrima. — Joga na minha o que eu faço pra viver. Você não é a primeira a me julgar por isso e nem vai ser a última. Você é só uma garota mimada, Jenna. Eu que fui idiota em achar que poderia ser mais do que uma diversão pra você. Não fui eu que menti pra você — começou a falar mais alto. — Não fui eu que te traí bem embaixo do seu nariz. Mas é mais fácil por a culpa em mim, não é? Quer saber, se agarra no fato de Aline te trocou pelo seu irmão e usa isso para estragar seu próximo relacionamento. Você tá pondo a culpa numa pessoa que só queria o seu bem.

Olhando uma última vez para Jenna, Emma se virou e voltou para mansão. Ao passar pelos convidados, ouvia seu nome sendo chamado, mas não parou. Chegando no quarto, começou a arrumar suas malas. Não queria ficar ali mais nenhum minuto.

Suas lágrimas caiam sem parar. Nunca tinha se apaixonado, nunca tinha achado que alguém veria o que ela realmente era, e justamente quando achou que havia encontrado isso, percebeu que era apenas uma grande ilusão.

Não se importaria se outras pessoas daquela família a julgasse por seu trabalho ou a culpasse por algo que não fez, mas Jenna ter feito isso foi sua pior decepção.

— Emma? — Lu entrou no quarto correndo.

— O que você está fazendo? — Alice perguntou vindo logo atrás.

— Eu vou embora — fechou a mala e encarou as duas.

— O que houve entre você e a Jenna? Porque está indo embora — Alice insistiu na pergunta.

— É melhor ela contar, eu sou mentirosa demais para falar a verdade sobre o que aconteceu — suspirou tentando parar de chorar. — Diga a sua amiga que até o fim do dia eu transfiro o dinheiro que ela já tinha me pagado — passou pelas duas, mas antes de sair pela porta parou. — Foi muito bom conhecer vocês, realmente senti que tinha amigas.

— Emma — Lu foi até ela e abraçou —, você é minha amiga, sim.

— Minha também, Emminha.

— Eu tenho que ir.

Se soltando do abraço, Emma seguiu andando. Passos mais tarde, ela estava saindo pelo portão da casa dos Ortegas sem olhar para trás.


Eu sempre fui triste.

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:(

Muito Bem Acompanhada - JemmaOnde histórias criam vida. Descubra agora