Emma
Finalmente algo bom e que eu queria muito estava acontecendo na minha vida. Mal conseguia controlar a minha empolgação em saber que o meu restaurante estava para ser inaugurado em poucos minutos.
Ter algo para comemorar depois de tanto tempo apenas remoendo tristeza e magoa, me dava um alívio no fundo peito. Ainda não era como se as coisas estivessem voltando aos trilhos, até porque eu nunca soube como era ter uma vida onde tudo estava em seu devido lugar, mas acho que estou conseguindo me ajeitar na vida.
Devo muito dessa conquista a Alice. Ela entrou com o restante do dinheiro que faltava se tornando sócia. Assim, com as minhas economias, a de Isabel e o restante, não precisei me endividar em empréstimos bancários e tudo ficou em ordem em um prazo quase recorde. E esse prazo recorde se deu porque Madie conhecia as pessoas certas para todos os serviços necessários.
Embora eu estivesse muito feliz, minha felicidade só não era maior, pois eu não tinha quatro pessoas específicas comigo. A primeira era minha mãe Eliza, ela foi muito importante na minha vida e por causa dela eu e Isabel tínhamos esse sonho de abrir um restaurante. A segunda e quarta pessoa eram meus pais biológicos, Alura e Zor-El. Espero que os três, onde quer que estejam, estejam felizes e orgulhosos de mim. Eles foram essenciais na minha vida.
A quarta é a última pessoa, eu acho que essa é a situação complicada e talvez a mais saudosa e também dolorosa. Jenna. Essa eu sabia onde estava e exatamente onde encontrar, mas eu não fui corajosa o suficiente para convidá-la para a inauguração. Muito provavelmente, Madie a convidou, se ela aparecesse, eu saberia lidar melhor com sua presença do que uns meses atrás. Porém — sempre havia um porém — eu ainda não estava pronta para ir atrás dela.
Esses últimos meses foram duros para mim. Eu dei tempo ao tempo. Aos poucos tentei colocar meus sentimentos em ordem e ao mesmo tempo seguir com meus objetivos. Só que quando eu deitava a cabeça no travesseiro, lá estava ela. Quando eu acordava, lá estava ela. Quando Madie fez a proposta de sociedade para mim e Isabel, era ela que estava na minha mente, pois era com ela que eu queria comemorar esse momento.
A cada dia que passava, a magoa aliviava dando espaço a falta que ela me fazia. Ela era a pessoa mais saudosa, pois, diferente dos meus pais, ela estava bem viva. Ela eu podia matar essa saudade, mas ainda não conseguia. A última coisa que eu queria era apressar as coisas e estragar tudo. No presente, mesmo que isso mude totalmente meu futuro de uma forma ruim, ainda preciso manter essa distância.
Olhando para a faixada do restaurante a beira mar, eu pensava nessas coisas, mas conseguia sorrir. Acho que nesse momento, devo pensar só nisso que está me acontecendo. Depois eu abro mais espaço na minha mente para decidir todo o resto.
— Acho que ficou como nós imaginávamos — Isabel disse se aproximando e passando um de seus braços pelos meus ombros. — É uma conquista e tanto.
— É — concordei ainda sorrindo —, as receitas da família Myers finalmente vão ter o reconhecimento que merecem.
— Você está bem? Sei que está feliz, isso está estampado no seu rosto, mas quero saber se está realmente bem.
— Estou onde deveria estar, fazendo o que deveria fazer. Isso me deixa bem, pelo menos por hora.
— Você a convidou?
— Não tive coragem. Confesso que passou pela minha cabeça, mas... se eu ainda não consigo dar uma resposta a ela, o melhor é continuar mantendo a distância.
— Tem certeza disso?
Passando meu braço pela cintura de Isabel, começamos andar para dentro do restaurante. Já tinha visto tudo em seu devido lugar mais de cinquenta vezes, ainda assim, vendo de novo me fazia ficar ansiosa.
— Jenna passou pela experiência de manter uma falsa esperança pela ex — suspirei ao lembrar daquilo. — Eu poderia fazer isso, por vingança, raiva ou qualquer coisa, mas acho que não seria justo. Nem comigo e nem com ela, na verdade. Convidá-la, poderia dar essa esperança a ela e eu sabendo disso, não posso agir assim.
— E se Madie a convidou? E se ela chegar aqui com a Lu?
— Aí é outra história. Não fui eu que fui atiçar algo que eu ainda não posso dar uma resposta. Mas vamos focar nisso aqui — olhei em volta. — Por enquanto, quero só me focar nisso aqui.
— Ter amigas ricas tem suas vantagens.
Acabamos rindo no mesmo minuto.
— É, mas grande parte é investimento nosso. Não vamos esquecer disso.
— Estou feliz por nós — me olhou sorridente. — Você tem razão. Estamos onde deveríamos estar, fazendo o que deveríamos fazer.
A inauguração do restaurante estava sendo a melhor possível. Recebemos elogios do atendimento, da comida e do ambiente requintado e aconchegante. Apareceram alguns grã-finos amigos de Alice que disseram que voltariam quando estivessem por perto. Mas acho que o importante mesmo estava sendo a receptividade dos turistas — já que chegou a época de temporada — e do público local. Para um primeira dia, tudo estava indo bem.
Há algum tempo, eu e Isabel estávamos paradas no canto do salão apenas apreciando aquilo tudo. Definitivamente era um sonho sendo realizado. Ou melhor, um objetivo conquistado.
— Parece que fizemos sucesso, meninas — Alice disse se aproximando de mim e de Isabel. — Foi um prazer fazer negócios com vocês. Já estou pensando em expandir.
— Madie, nem sabemos se aqui vai dar certo.
— Aqui já deu certo, Emminha. Eu reconheço um bom negócio quando vejo.
— Acho que devemos ir com calma — Isabel disse a Alice a olhando. — Se isso aqui der errado, eu e Emma não teremos nem onde cair mortas.
— Meninas — abraçou eu e minha irmã de uma vez —, uma boa comida, uma boa bebida, uma boa companhia e uma boa música de fundo, conquista tudo. Confiem em mim, em pouco tempo, estaremos falando sobre expandir os negócios.
Não sei se era por ser rica, mas Alice nem sempre tinha os pés no chão. Ainda bem que ela era só a minoria da sociedade, pois tinha ideias um pouco surreais, como por exemplo, já querer expandir algo que havia acabado de ser aberto.
— Minha namorada chegou — sorriu quando viu Lu entrar. — Vou dar atenção a mulher da minha vida. Vocês deveriam fazer o mesmo.
Vendo Madie ir até Luiza, percebi que Isabel me olhava. Desde que abrimos o restaurante, ela ficou a todo momento do meu lado e eu sabia o porque.
— Vai lá com a Kelly e a Esme.
— Não vou te deixar sozinha.
— Eu vou ficar feliz se você for dar atenção as mulheres da sua vida — sorri para ela. — Vai antes que eu te empurre.
— E você? Vai ficar bem sozinha?
— Vou aproveitar um pouco e depois ir para casa.
Minutos mais tarde, quando eu estava pronta para ir embora — ainda era cedo, mas queria apenas ficar sozinha — um entregador apareceu procurando por mim. Ele me entregou um buquê de flores e um envelope. Assim que eu peguei tudo, fui para os fundos do restaurante onde havia um pequeno escritório.
O buquê era de jacintos na cor violeta. Uma típica flor para quem quer ser desculpado por algo. Só de pensar quem poderia ter me mandado aquilo, meu coração acelerou a ponto de me deixar sem ar. Coloquei com cuidado as flores em cima da mesa e dei atenção ao envelope. Ao abrir, não reconheci a letra.
Só queria te parabenizar por essa conquista. Estou realmente feliz por você. Você merece o que há de melhor no mundo, Emma, pois você é a melhor pessoa que habita nele.
Com amor, Jenna.
Não dava para negar que gostei de ser lembrada por Jenna. Meus sentimentos por ela — tanto bons quanto ruins — não eram algo que eu podia controlar. Jenna mexia com minhas estruturas de maneiras que ela nem imaginava.
Ter pedido para ela ir embora foi a coisa mais difícil que eu fiz. Nega-la um beijo que eu queria dar, me fez... Acho que não tenho as palavras certas para explicar.
Depois dessa noite de inauguração do restaurante, as flores e o bilhete abriram espaço na minha mente para pensar em Jenna. Se bem que eu sempre pensava nela, mas agora acho que chegou a hora de pensar no que fazer sobre ela. Claro, tudo dentro do meu tempo sem me obrigar a nada.
Suspirando, aproveitei o espaço silencioso para deixar minha mente vagar livre para algum lugar. Em menos de um segundo, a imagem de uma morena de olhos verdes veio de encontro a mim. Ninguém nunca poderia arrancar de mim o que eu sentia por Jenna. Não havia um botão para desligar essas emoções. Elas estavam bem vivas e latentes dentro do meu peito. Estavam quase gritando para que eu começasse a ouvi-las.
Jenna marcou minha vida, pois foi a única pessoa que eu realmente amei. Tudo foi rápido demais, intenso demais, pesado — para bem e para mal — demais. As primeiras vezes são sempre as mais difíceis. Ela, de certa forma, era meu primeiro amor, minha primeira magoa e meu primeiro término mais dolorido. Por isso era tudo tão difícil.
Mas, sendo bem sincera pela primeira vez em seis meses, a amo como jamais amei, pois foi com ela que eu soube como era amar.____________
Depois de algumas... Ameaças, eu voltei.
Vão na minha nova fic!
Até o próximo capítulo!
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Muito Bem Acompanhada - Jemma
RomanceO irmão mais velho de Jenna Ortega está prestes a se casar, e ela não quer comparecer sozinha à cerimônia, que será realizada em Canadá. Para completar, sua ex-noiva é a madrinha do casamento. Determinada a mostrar para todo mundo principalmente a a...