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Jenna

Ter feito o que Emma me pediu foi a coisa mais difícil que já fiz na vida. No dia seguinte bem cedo, eu fui embora da casa dela. Nem sequer a esperei acordar para me despedir. Fiz o que ela queria, pois entendi que minha presença a afetava de maneira ruim. Eu quis muito chorar, me explicar, voltar a pedir perdão, mas só fui embora.

Por mais que antes eu estivesse tentando fazer a coisa certa, estava tentando fazer a coisa certa para mim. Fiquei tão obcecada por querer ela volta que acabei não pensando em como ela se sentia. Às vezes, querer tanto consertar as coisas com tanta pressa faz a gente errar mais, e sinto que errei mais uma vez com ela.

Hoje fazem seis meses que não nos vemos e nem nos falamos. Todos dias ainda durmo e acordo pensando nela. Acho que nunca senti tanta falta de alguém. Meus dias nunca mais foram os mesmos. Ela estava há quilômetros de mim, mas até parecia que estava em outra galáxia, pode-se dizer assim. Essa distância era bem maior do que metros contados, e eu fui a culpada pelo buraco que há entre nós. Me arrependo muito.

Nesses meses separadas e sem contato algum, venho pensando muito sobre o que eu achei um dia o que era amor. Com Aline, quis até arrumar uma namorada falsa para pagar de superada, mas, na verdade, eu pensava que a queria. Era cômodo para mim estar com ela, pois já a conhecia de anos. Quer dizer, eu achava que conhecia. Só que eu me agarrei as memórias, e a minha perspectiva dessas memórias é que essa relação foi boa. Engano meu.

Com Emma, é que foi diferente. Foi rápido, fácil e ao mesmo tempo desafiador. Nesse momento, eu apenas quero que ela saiba que ainda a espero porque acredito que ainda possamos dar certo. Mesmo que ela tenha colocado um fim em tudo — e agora vejo que é porque ela percebia o quanto me torturei por Aline sempre ter mantido uma esperança falsa em mim — eu acreditava em nós. Com Emma, eu aceitei o que ela desejou, pois era o melhor para ela — embora para mim estivesse sendo horrível.

Acho que no fim o amor é isso, não? Você coloca a pessoa que você ama a frente da sua vontade. Minha vontade era estar em Midvale fazendo tudo o que era possível para ser perdoada, mas a vontade de Emma era que eu estivesse longe, por isso estou.

Agora me encontro aqui em National City, em uma sala repleta de acionistas sendo a escolhida para assumir tudo o que envolve as empresas da família. Por causa do casamento fracassado de Gab, aquela confusão vazou a imprensa pela boca da própria Bella, e ninguém mais quer ele sendo o CEO de Ortega-Corp e manchando a imagem da empresa.

O engraçado é que sei que nesse exato momento Emma está fazendo os últimos ajustes de seu restaurante para inaugurá-lo a noite. Ela conseguiu o que tanto queria. Alice acabou entrando como sócia e ajudou fazer tudo acontecer. Isso me deixava feliz, ela merecia estar realizando o seu sonho.

No entanto, queria que ela estivesse aqui comigo me vendo me tornar uma das jovens mais poderosas do país. Também queria estar com ela a vendo sorrir por conquistar um objetivo que ela tinha. Mas, infelizmente, não dá.

Minutos e mais minutos se passaram até a reunião ser encerrada. Não consegui demonstrar qualquer tipo de emoção por tudo ser meu agora. Só queria ficar quieta no meu canto ou ficar trancada em algum laboratório inventando algo.

Chegando no meu escritório, não demorou muito para Luiza aparecer.

— Bebendo logo pela manhã? — perguntou quando viu eu me servir uma dose dupla de whisky.

— E existe hora para beber? — senti minha garganta queimar com a bebida.

— Deveria estar feliz por sua mais nova conquista — se sentou no sofá no canto da sala e eu me juntei a ela. — Tudo o que diz respeito a família agora é inteiramente seu.

— E a que custo eu consegui isso? — a olhei. — Não me adianta nada disso se não tenho com quem dividir essa conquista — fiz uma aspa no ar com a minha livre na última palavra. — E esse nunca foi o meu plano. Trocaria tudo isso que adquiri hoje para não ter um irmão invejoso, uma ex traidora, uma tensão em toda família pelo ocorrido e, principalmente, não ter sido uma escrota com quem não merecia.

— Ei, eu não significo nada pra você?

— Você entendeu o que eu quero dizer.

Um silêncio estranho invadiu todo o escritório. Eu vinha percebendo que tanto Lu quanto Alice, vinham medindo palavras na minha presença, porém finjo que não notei.

— Eu estou indo para Midvale. Acho que não vou chegou a tempo da inauguração, mas o que vale é a intenção. Você vai comigo?

— Não — neguei com a cabeça. — Não vou estar onde Emma não quer que eu esteja. Madie me convidou, mas Emma, não. Então vou evitar uma tensão desnecessária em um momento importante para ela.

Luiza me olhou com um pouco de pena. Eu vinha recebendo muito esses olhares nos últimos meses. Eu simplesmente detestava, mas também não estava com saco para poder falar alguma coisa.

— Sendo sincera, eu não achava que vocês iriam demorar tanto para se acertarem — segurou minha mão apertando de leve. — Embora, eu entenda os dois lados da história e sei que não dá pra resolver tudo de uma hora para outra.

— Sorte nos negócios e azar no amor — sorri me depreciando. — Acho que você e Andrea são um caso a parte onde têm os dois.

— Eu e ela temos as nossas divergências. Nem tudo tem sido rosas nesses seis meses.

— Pode até ser, mas você nunca disse a ela as coisas horríveis que eu disse a Emma. Se arrependimento matasse, eu estaria morta há seis meses e três semanas.

— Não fala isso. Tudo está complicado, mas uma hora vai se resolver.

— Às vezes acho que não — virei o resto do whisky na boca. — Não digo isso pela demora de qualquer resposta da Emma. Sei que nesse momento ela está preocupada com restaurante e fico feliz com isso. Mas... não vejo o porque ela me daria uma nova chance. Eu não me daria.

Não comentando nada, Lu me abraçou de lado e ficamos um tempo daquele jeito.

— Eu acho que o que você está fazendo já mostra a ela que você a ama de verdade. Você tá dando o tempo e a distancia que ela pediu. Isso mostra que você a ouve. Isso mostra que você é paciente, e paciência é coisa de quem ama.

— Não é fácil, Lu— comecei a balançar a perna direita —, mas ter paciência é o que me resta.

— Você vai ficar bem sozinha?

— Vou — assenti com a cabeça. — Acho que vou aproveitar o fim de semana para ir para casa da minha mãe.

— Se precisar de mim, é só ligar — se levantou do sofá. — Eu preciso ir agora, a viagem até lá demora um pouquinho.

— Eu bem sei — sorri fraco me levantando para abraçá-la. — Aproveite a noite.

— Quer que eu diga alguma coisa a Emma?

— Não — me afastei dela aos poucos. — Não quero estragar o momento dela a fazendo se lembrar de mim. Mas diga a Madie que estou feliz.

— Nos vemos na segunda.

Aos poucos, Lu foi se afastando e em segundos fechou a porta do meu escritório atrás de si.

Eu não iria para casa da minha mãe. Iria ficar sozinha no meu apartamento tentando me distrair do fato de que há um buraco no meu peito. Eu também deveria aprender a lidar com essa ausência. Por mais que eu tenha esperanças, sei que as chances de Emma nunca mais voltar para mim, mesmo me perdoando, são altas. E confesso, isso era o que mais me matava.

Em relação a Aline, eu não sabia lidar com aquilo sozinha, mas então eu encontrei a Emma. Em relação a Emma, eu ainda não sei lidar sozinha, mas não quero encontrar mais ninguém.

De volta ao meu sofá, joguei a cabeça para trás e fechei os olhos. Imediatamente a imagem de uma bela loira de olhos azuis veio de encontro a mim. Se o que eu imaginava de olhos fechados fosse real, só havia uma coisa que eu a diria: "Eu te amo demais pra cometer o mesmo erro e te afastar de mim.". Se ela voltasse para mim, eu jamais faria algo para perde-la novamente.

Os dias só me deram a certeza do que eu já previ seis meses atrás. Nunca haveria ninguém depois de Emma na minha vida. Eu poderia até conhecer novas pessoas, mas ninguém seria o suficiente porque ninguém chegaria aos pés dela. Havia o nome Emma Myers tatuado no meu coração. Sua morada era permanente em mim. Jamais ninguém ocuparia seu espaço na minha vida.

A amo como jamais amei, pois foi com ela que eu soube como era amar.

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Desculpa pelo capítulo meloso, deu vontade.

sorvete ou açaí? ( quem preferir sorvete eu bloqueio)

Até o próximo capítulo!

Muito Bem Acompanhada - JemmaOnde histórias criam vida. Descubra agora