Muito Bem Acompanhada - Jemma

015

O sorriso de Jenna ainda tinha o poder de despedaçá-la e consertá-la em questão de segundos. De repente, tudo o que sentia por ela é estava adormecido dentro de si, veio com muito mais força. Não era a magoa e a tristeza que tomaram conta de seu ser quando viu Jenna naquela cafeteria. Foi a paixão, atração, a admiração e o amor que nutriu por ela tão rapidamente que a quase sufocou.

Mais uma vez tinha que tomar uma decisão. E também teria que ser egoísta para tomá-la. Teria que pensar o pior e fazer o melhor.

O resto do dia, Emma ficou trancada no quarto encarando o teto. Na sua cabeça os momentos que teve com Jenna se repetiam sem parar, até mesmo o mais doloroso. Já era costume ter seus pensamentos invadidos por ela, mas agora estava sendo como naquela primeira semana que iniciaram sua história.

Depois de vários minutos gastados só pensando na morena que a fazia perder até razão, resolveu começar a se trocar para a comemoração que viria a noite.

Quando ficou pronta, viu as horas no relógio e notou que já estava na hora de ir encontrar Isabel, Kelly, Lu e Alice no saguão. Dando uma última verificada no espelho, respirou fundo e foi em direção a porta do quarto, assim que a abriu, deu de cara com Jenna.

— Uau — disse quase sem piscar.

— Gostou? — Jenna perguntou um pouco sem graça, mas gostando da reação de Emma.

— Está maravilhosa — respondeu analisando o vestido escuro, curto e colado ao corpo.

— Sério? — arqueou as sobrancelhas.

— Muito sério — assentiu com a cabeça subindo os olhos até seu rosto.

— Não se apega demais, ein? — sorriu quando Emma riu de seu comentário. — Você também está maravilhosa.

As orbes verdes pousaram sobre Emma. Foram tantos dias sem olhar para aquela mulher que ainda considerava uma perdição que só queria admirá-la.

Emma reconhecia aquele olhar. Gostava quando Jenna a olhava daquela forma. Estava gostando de ser olhando assim novamente depois de um longo tempo.

— Porque está me olhando assim?

— Porque gosto de te olhar. O tempo não mudou isso. Não consigo evitar.

— Pronta para se divertir? — desconversou, pois não sabia como reagir.

— Estou.

As duas foram pegas de surpresa com o que aconteceu em seguida. Emma acabou estendendo seu braço olhando para Jenna com expectativa de que ela fizesse algo. Sentindo seus lábios se curvarem minimamente, Jenna entrelaçou o seu braço no de Emma no minuto seguinte. No mesmo instante, elas sorriram abertamente.

Na boate, os dois outros casais observavam Jenna e  Emma na bancada do bar conversando. Elas não haviam se desgrudado desde que chegaram ao local e por isso todas as outra decidiram manter distância.

— Vocês acham que agora elas se resolvem? — Kelly perguntou.

— Bom, nesse último ano nós não vimos nem de longe Emma tão feliz. Olha agora — Ieabel apontou na direção delas —, elas... acho que elas nem estão notando a música alta e as pessoas em volta.

— Eu não armei aquele encontro na cafeteria para não dar em nada.

— Você o que? — Isabel e Kelly perguntaram juntas olhando para Alice.

— Elas se conheceram numa cafeteria. Eu dei um jeitinho delas se encontrarem numa cafeteria hoje. Nostalgia pode ser boa. Assim como Lu deu um jeitinho delas ficarem num andar bem diferente do nosso, mas juntas — sorriu orgulhosa de si.

— Ah, gente. Sei que já conversamos sobre isso e dissemos que não iríamos interferir mas...

— Pelo jeito vocês duas não ouviram — Kelly respondeu à Li.

— Mas nós não as obrigamos a nada, apenas demos uma forcinha. Qual é, meninas? — olhou para Isabel e Kelly que não sabiam se gostavam daquilo. — Elas sabem o que é melhor para elas. Nós sabemos que, nem de longe, elas são as mesmas pessoas de um ano atrás, mas que mantêm os mesmos sentimentos.

— Isso é verdade — Isabel concordou dando mais uma olhada na irmã que estava bem próxima a Jenna. — Emma amadureceu muito e agora afirmo com todas as letras: ela não faria nada sem pensar no que é melhor para ela.

— Embora ela tenha se fechado para o mundo, é perceptível que agora ela é mais pé no chão — Kelly completou a frase da esposa.

— Jenna também tá mudada e, como já sabemos, ela se arrepende e durante esse tempo todo fez o que Emma pediu — apertou os lábios se virando para olhar a melhor amiga. — Jenna não faria Emma sofrer de novo. Ela também amadureceu muito.

Os dois casais observaram as duas seguindo para pista de dança.

— Eu como prima da Jenna e melhor amiga da Emma, posso afirmar com todas as letras que hoje elas estão prontas para viver o que sentem se assim quiserem. Mas conhecendo as duas, sei que o medo as impediria de dar o primeiro passo em direção a isso.

— Se Jenna magoar minha irmã de novo, eu juro que vou acabar com ela.

— Não se preocupa, Isabel — Luiza chamou a atenção da ruiva. — Primeiro, ela não faria isso. Segundo, eu te ajudaria.

— Só podemos torcer para que tudo dê certo então.

— Kelly tem razão. Nós estamos unidas por causa delas — todas riram do comentário de Alice. Não era uma mentira aquilo — Vamos torcer para que, finalmente, elas consigam ir adiante, sem mágoas do passados e sem causar nenhuma no futuro.

A pista de dança estava um pouco cheia. O som estava bem mais alto naquele espaço onde todos se embalavam conforme a música, ou pelo menos tentavam fazer isso. Emma e Jenna estavam dançado juntas. Emma rodopiava Jenna de um lado para o outro enquanto ela sorria incansavelmente. Havia sentindo falta de ver a morena sorrir. De fazer ela sorrir.

Desde o momento que pisaram ali, era como se estivessem tentando recuperar um tempo que foi perdido, mas muito necessário para elas. Ambas só que queriam aproveitar o fato de conseguirem ficarem num mesmo lugar sem uma tensão horrível pairando sobre elas. Só queriam se dar a chance de aproveitar que seus caminhos se cruzaram novamente de um jeito tão parecido quanto a primeira vez, mas que queriam fazer tudo diferente.

As duas desejavam que tudo fosse diferente. Ainda não tinham ideia do que fazer, principalmente Emma, porém queriam fazer algo sobre aquilo tudo.

Passando de meia-noite, todas resolveram ir embora e, como mais uma estratégia de Alice, Emma e Jenna voltaram sozinhas no carro. O trajeto foi feito com as duas novamente perdidas dentro de si.

Chegando no hotel, seguiram para seus quartos com os braços entrelaçados e com uma sensação de alívio. Era realmente um alívio para as duas conseguirem conversar, sorrir, se tocarem, estarem na presença uma da outra e ficarem em silêncio sem ter um espinho em seus corações. Aquele espinho da decepção de do arrependimento machucou.

— Está entregue — Emma disse ao parar em frente às suas portas.

— Que gentil de sua parte me deixar na porta do meu quarto.

— Você poderia se perder no caminho — soltou os seus braços e se virou para ficar de frente par Jenna. — Me divertir hoje. Tanto na cafeteria, quanto vendo o tanto que você dança mal.

— Ainda bem que tive um bom par então — mexeu em seus cabelos de forma nervosa. — Eu também me diverti.

— Pelo menos dessa vez não vou precisar te por em baixo do chuveiro pra se livrar de um porre.

Pouco se recordava desse dia, mas era nítido na memória de Jenna que só bebeu porque queria dizer a Emma como se sentia em relação a ela, mas quando disse Emma não acreditou por ela estar bêbada.

Se olhando, Jenna queria falar muitas coisas, mas não sabia se era o momento certo. Embora tenha tido um excelente dia só por causa de Emma, não queria dar um passo maior que a perna e por tudo a perder.

Olhando intensamente para Jenna, Emma sentia que estava sendo puxada em direção a ela. Não era uma sensação nova, mas era ótimo senti-la novamente.

— O que foi?

— Eu gosto de te olhar. O tempo também não mudou isso pra mim. Você me ama? — perguntou baixinho e de surpresa. — Ou, pelo menos, ainda acha que me ama?

— Eu te amo. Eu não acho isso, eu continuo tendo certeza.

— Eu ainda significo alguma coisa pra você?

— É claro. Você é a pessoa mais importante na minha vida. O tempo não pode tirar de mim o quanto você significa pra mim.

Lentamente, Emma começou a sentir com cabeça.

— Posso te pedir uma coisa?

— Pode — Jenna respondeu com certo medo, mas tentando não deixar transparecer.

— Me beija. Eu quero matar a saudade que senti de você.

Dando dois passos para frente, Jenna segurou o rosto de Emma com delicadeza. Se inclinando um pouco,  passou os braços por sua cintura a puxando para mais perto para diminuir a distância. Vagarosamente, roçou seu nariz no de Jenna, fechando os olhos e, no minuto seguinte, sentiu os lábios quentes e macios da morena contra os seus. Havia devoção e saudade no beijo, havia certeza, havia perdão e, mais do que paixão, havia amor.

— Você acredita em mim? Acredita que me arrependo e que não vou te magoar de novo — perguntou ainda com sua boca próxima a de Emma.

— Eu acredito — a deu um selinho demorado —, mas não faz isso de novo. Olha o tempo que perdemos separadas.

— Eu não vou. Eu prometo que não vou. Eu quero ficar com você, Emma. Você quer o mesmo que eu? Se você me disser que sim, eu vou fazer de tudo pra gente dar certo.

— Tudo o que você quiser, docinho — encostou sua testa na de Jenna. — Eu quero com você tudo o que você quiser comigo.


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Que medo de vocês.

Eu ia colocar um final sinistro com Emma morrendo atropelada e tals mas..... fui carinhosa 🥰🥰🥰🥰

:)

Último capítulo eu posto ainda hoje.