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Uma semana depois de toda aquela confusão, Jenna voltou para National City e acabou se afundando no trabalho. Estava fazendo isso para tentar suprir a falta que Emma fazia em sua vida, mas claro, isso não adiantava de nada. Quanto mais tentava esquece-la, mais se lembrava dela.

Na noite anterior, estava em seu escritório tentando colocar seu foco em um contrato. Todos da empresa já tinham ido embora, até mesmo Luiza que tentou convence-la a ir para casa, mas Jenna negou. Perdida em um mar de emoções, foi surpreendida com a presença de sua mãe.

Sem dizer nada, Biane entrou no escritório e colocou um papel em sua mesa. Jenna leu o que estava escrito, mas não compreendeu porque sua mãe tinha a dado um endereço qualquer. Então Biane explicou:

— Vim de Metrópolis para dizer que a encontrei pra você. Espero que faça bom uso dessa informação e que possam se resolver. Vocês são boas juntas e merecem serem felizes.

E foi assim que Jenna foi parar em Midvale.

Quando descobriu que Emma havia ido embora da mansão naquele dia do almoço, Biane procurou saber o que realmente tinha acontecido entre ela e Jenna. Três dias depois, a caçula, muito chorosa por sinal, acabou dizendo tudo sobre como ela e Emma se conheceram, se envolveram, o que a loira escondeu dela e como sentia que tinha sido injusta pelas palavras que usou no calor do momento.

Ao saber de toda verdade e vendo que Jenna realmente gostava de Emma e queria consertar a relação que tinham, pagou um detetive particular para achar a loira. Jenna até tinha pensado em fazer isso, mas achou que em algum momento Emma iria atender uma ligação sua ou responder alguma mensagem. Já Biane, tinha certeza que isso não iria acontecer e por isso fez o que fez.

Não seria nada fácil para Jenna encarar a loira. Agradecia sua mãe por tê-la achado, mas estava com medo, aflita, ansiosa, com saudades, apenas queria ficar ao seu lado e não fazia ideia se iria conseguir. Esse misto de emoções dobrou de tamanho quando Esme acabou ficando com sono e Isabel e Kelly foram colocá-la para dormir. No minuto que ficou sozinha, Emma apareceu quase fazendo seu coração parar.

— Oie! Eu cheguei. De quem é aquele carro na porta? — gritou ao entrar na sala. — Espero que tenha deixado comida pra mim, estou morren...

Emma travou assim que viu Jenna na sua sala.

— Oi, Emma. Você é difícil de encontrar — se levantou do sofá, mas não se aproximou ela.

— Não tão difícil já que me encontrou. O que faz aqui? — apesar das palavras serem duras, seu tom de voz não estava alterado.

— Podemos conversar?

As duas estavam agitadas e com seus corações acelerados. Havia chateação e magoa entre elas, mas isso não impedia de seus corpos reagirem por estarem uma na presença da outra.

— Agora você quer conversar? Quando eu quis, você não me ouviu — cruzou os braços. — Porque eu deveria te ouvir?

— Tem razão. Não deveria, mas gostaria que me escutasse.

— Jenna...

— Emma — a interrompeu se aproximando quando percebeu que Emma iria se negar a falar com ela —, eu vim pedir desculpas pelo que eu falei com você. Eu estava magoada por você não ter me dito nada e tudo foi demais para minha cabeça e...

— Preferiu jogar a culpa pra cima de mim — mordeu o lábio inferior e a olhou nos olhos. — Eu ia te contar. Eu tinha descoberto aquilo um dia antes do almoço. Eu só iria deixar o almoço passar, pois não sabia como você iria reagir. Precisava pensar em como te falar aquilo de um jeito que te deixasse menos chocada e menos ferida. Mas você não quis saber. Seu irmão tinha razão.

— Ele tinha razão em que?

— Quando você nos pegou conversando na varanda, ele me disse que se você soubesse, não era contra ele ou contra Aline que você iria ficar. Disse que eu era apenas uma diversão de seis mil dólares pra você e quem era eu na sua vida em comparação a ele e a Aline — sua voz falhou ao se lembrar daquele dia que vinha lutando para esquecer. — Eu te defendi e disse que você não era assim. Minutos depois você agiu como ele tinha dito.

— Como ele sabia que eu tinha pagado para você estar comigo?

— Não sei — deu ombros se afastando. — Mas ele sabia.

Cada uma ficou de um lado da sala. Emma tentava demonstrar que não estava mexida com a presença de Jenna. E Jenna tentava entender como o irmão tinha descoberto sobre Emma. De qualquer forma, se a mãe dela a achou numa cidadezinha litorânea, Gab também deve a ter investigado depois que ela descobriu sobre o caso dele.

— Eu sinto muito, Emma. Sinto de verdade. Eu sei que nada vai justificar as coisas que te falei, mas a explicação que eu posso te dar é que eu estava nervosa, de cabeça cheia e fiz o que fiz.

— Fez magoar a pessoa que só queria o seu bem — suspirou pesadamente. — Você ficar chateada comigo, eu entendo. Sinto muito por ter te magoado escondendo o que eu sabia, eu podia ter te falado assim que descobri, mas não sabia como. Você jogar na minha cara que sou mentirosa e o que fazia para viver, foi o que doeu. Desde que te conheci, eu nunca menti pra você. E eu jamais poderia imaginar que no primeiro empecilho que tivéssemos, você iria jogar o meu trabalho na minha cara. Mas o que eu era além de uma prostituta?

— Não, Emma — começou a balançar a cabeça negando se aproximando novamente. — Eu nunca te vi como uma... uma prostitua. Emma — levou a mão até seus braços —, eu sinto sua falta todos os dias. Eu quero você comigo. Você não é uma diversão pra mim. Nunca foi. Vamos tentar nos entender? Eu vim aqui pra isso. Eu quero você de volta.

— Tentar pra que, Jenna? Pra na primeira discussão você jogar tudo isso na minha cara de novo? — sua voz agora estava chorosa.

Sentindo a garganta fechar, Jenna já começava a lutar para não começar a chorar. A tristeza nos olhos de Emma, sua frieza e seu distanciamento faziam seu peito doer. Havia machucado alguém que amava, mas também estava machucada. Era uma situação delicada.

— Não. Claro que não. Eu não sei explicar o que aconteceu comigo naquela hora — ficou alguns segundos em silêncio a olhando. — Eu queria ter descoberto por você e acho que é por isso que reagi tão mal. Eu me senti traída, entende?

— Eu entendo isso, Jenna. Sei que errei, mas eu realmente iria te dizer. Você não me deixar explicar, não acreditar em mim e me julgar, é o que me magoou.

— Me desculpa por isso.

— Não sei se consigo te desculpar agora, Jenna. Talvez amanhã, semana que vem ou... ou mês que vem eu consiga, mas agora, não.

Podia até parecer besteira, mas cada vez que Jenna a chamava por seu nome, sentia uma pontada aguda dentro de si.

— Não fala isso — subiu as mãos até o resto da loira. — Eu não me importo com o que você fazia antes de me conhecer. Eu... eu não vou te julgar por isso nunca mais. Eu juro. Nós podemos fazer dar certo. Você sabe que podemos, eu também sei. Se não soubéssemos, eu não viria atrás de você, e você não estaria falando comigo.

— Três semanas atrás eu sabia. Eu tinha certeza que daríamos certo. Agora não sei mais.

Tudo aquilo era complicado de lidar. As duas sabiam onde tinham errado, estavam conscientes sobre isso, mas não faziam ideia de como reverter aquela situação.

— Meu amor — pendeu a cabeça para o lado direito ainda a olhando. —, eu não quero te perder.

Ainda que estivesse triste, Emma não conseguia não acreditar em Jenna. Não queria discutir com ela, já tinha dito o que a magoou e não iria ficar repetindo. Queria muito esquecer aquele mal entendido e seguir em frente.

Se encarando, Emma percebia que a influência que Jenna tinha sobre isso era forte o suficiente para quase ceder imediatamente. Poderia facilmente apertá-la em seus braços e beijá-la até seus pulmões reclamarem de falta de ar. Mas não faria isso. Não queria fazer algum tipo joguinho com ela, deixá-la arrastando aos seus pés e pedindo perdão. Longe disso. Só que tinha que pensar e não dava para fazer isso com ela a olhando da maneira que a olhava agora.

— Boa noite, Jenna.

Não se contendo, deixou um longo beijo na testa de Jenna e depois tirou as mãos dela de seus rosto. Jenna segurou uma de suas mãos, mas depois que Emma estava em um certa distância, acabaram se soltando.

Podia ter sido pior, as duas pensavam.

Vendo Emma cada vez mais longe, uma lágrima rolou dos olhos de Jenna. Ela não pode ver, mas havia acontecido o mesmo com Emma.

Minutos depois, Isabel apareceu na sala.

— Como foi? — quis saber, já que tinha perguntando para irmã e ela havia se trancado no quarto sem responder.

— Sinceramente? Não faço ideia. Eu vou embora. Está tarde e eu preciso achar um lugar para ficar.

— Vai permanecer aqui em Midvale?

— Só saio quando eu me resolver com sua irmã. Eu acredito que podemos dar certo.

Isabel havia gostado de Jenna. Gostava dela ter atitude e por estar lutando por algo que realmente acreditava. Emma também acreditava que as duas podiam se acertar, sabia disso, mas iria guardar essa informação. No entanto, não era porque não iria dizer isso que não poderia ajudá-las de outra maneira.

— Temos um quarto. Porque não fica aqui? — tentou disfarçar que estava criando expectativas demais naquela pergunta.

— Não sei se é uma boa ideia. Emma pode achar que estou forçando alguma coisa e não é isso que quero — bufou. — Só quero que ela veja que somos mais do que aconteceu há três semanas.

— Vocês deram certo a primeira vez ficando em baixo do mesmo teto — deu ombros.

— Porque quer me ajudar? Você não deveria querer me bater ou algo assim? Eu magoei a sua irmã.

— E já mostrou que se arrepende. Não gosto do que você disse. Foi golpe baixo. Muito baixo. Bem baixo.

— Já entendi — murmurou.

— Emma merece ser feliz. Ela já sofreu muito na vida. Se você for um dos motivos da felicidade dela, eu vou ajudar. Mas se você a magoar de novo, aí eu te bato.

Jenna riu daquilo. Isabel era uma irmã de ouro.

— Eu acho justo.

— Então vamos pegar suas malas porque o quarto já está arrumado.


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Quantos capítulos pra elas ficarem bem de novo?

:)

Muito Bem Acompanhada - JemmaOnde histórias criam vida. Descubra agora