☽ chapter ten ☾

48 8 0
                                    

➻𝖅𝖆𝖞𝖆𝖓

Die For You - Ariana Grande e The Weeknd

"Baby, let me tell the truth, yeah
You know what I'm thinkin', see it in your eyes
You hate that you want me, hate it when you cry." 


   O som de baque seco é ouvido no corredor quando uma cabeça bate na região do meu peitoral e meu corpo colide com o chão, batendo minhas costas ali, com a pessoa culpada em cima de mim.

   A culpada do acidente é Helena.

  Ah... que maravilha.

  Seus cabelos estão caído para frente; as pontas em meu rosto. Cada uma de suas mãos ao lado da minha cabeça. Sua bolsa voou pelo chão.

  Seus olhos estão cheios de água. Castanhos. Firmes. Tristes. Nessa exata ordem. Sua boca entreaberta de surpresa.
Sua bochecha rosada; com algumas sardas são manchadas por uma única lágrima corajosa que escorre.

  Um ferimento sangrando acima da sua sobrancelha. Mas que porra é essa? Parece um corte superficial, mas sangra do mesmo jeito. Tem uma linha de sangue borrado que desce até a metade de sua bochecha.

  O que aconteceu?

  Quer dizer, não me importo com o que aconteceu.

  —Acho que tem que sair de cima de mim. Pimentinha. — aviso, erguendo as mãos em um sinal de defesa. 

  Ela pisca os olhos diversas vezes, tentando voltar sua visão ao normal e se concentrar. Deve estar tonta.

  Não sei o que está acontecendo —e tento não me importar com isso —. A garota que eu mais odeio no planeta Terra está machucada na minha frente. Com a cabeça sagrando e tonta. Mas, por algum motivo, não consigo ir embora quando a única parte racional no meu cérebro diz que ela merece e que devo deixá-la aqui. Sozinha e machucada.

  Mas a parte irracional do meu cérebro diz para ajudá-la.

  Eu devo ser um idiota mesmo.

  Helena se levanta devagar após piscar tantas vezes que nem consegui contar. Ela quase tropeça quando fica de pé, e quando percebe que sua bolsa caiu, a pega, pondo sobre o ombro. Pressiona a mão em sua têmpora e fecha os olhos com força alguns instantes.

  Nesses poucos instantes só penso nas palavras de minha mãe, quando eu era pequeno. Me disse que eu era um exemplo para as minhas irmãs. E claro, penso em minhas irmãs. Pois, se alguma delas estivesse nessa situação, gostaria que alguém as ajudasse. Não deixassem elas largadas e machucadas por aí.

  Helena pode acabar desmaiando se correr ou até mesmo caminhar dependendo do que causou o machucado. Se o corte for de uma pancada, poderá causar uma concussão.

   As aulas de primeiros socorros serviram para algo mamãe.

  Me aproximo de Helena quando ainda está de olhos fechados e me agacho apenas um pouco. Uma de minhas mãos passa por baixo da dobra de seu joelho, e a outra por trás da cintura, a levantando em meus braços. Ela quase grita de choque.

  —Que porra é essa? —Questiona, sua voz sai exasperada, tentando dar um soco em meu braço — O que pensa que está fazendo? Você não pode me carregar...

  —Cala a boca, Helena. — adverto ao sentir que ela está tentando mecher ainda mais seu braço para se soltar. Essa menina é um saco.

   Vejo pelo canto de olho sua expressão de espanto. Como se não acreditasse no que está acontecendo. E também vejo que parece com dor demais para reagir.

O autor anônimoOnde histórias criam vida. Descubra agora