Capítulo 07

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O frio da noite balançava entre as madeixas loiras, o agente estava seguindo o menor há horas, desde o hospital ao parque onde se encontravam no momento.

Benjamin, ainda divagava incrédulo sobre as suas próprias acções diante Adam beijando o enfermeiro.

Naquela hora, ele apenas quis tirar o menor dos braços daquele desgraçado, quis reivindicar Raul como seu mesmo tendo o conhecido há tão pouco tempo.

Deu uma última tragada no sexto cigarro somente naquela noite demostrando o seu conflito interno.

Benjamin vivia nas sombras há tanto tempo que jamais pensou na possibilidade de voltar a ver luz na escuridão que assolava a sua alma.

Os olhos azuis estavam vidrados no homem negro que passeava pelo parque sozinho.

— O que está acontecendo comigo? — O loiro murmurou em frustração enquanto tirava outro cigarro do maço branco, estava tão imerso nos seus pensamentos que não percebeu que o enfermeiro estava parado a sua frente.




— Tá me seguindo?  — Benjamin inclinou a cabeça intoxicado por aqueles olhos carregados de vida que não impediu o menor de tirar o cigarro das suas mãos.



Raul amassou o maço de cigarro, guardou-o no seu bolso do seu casaco enquanto esperava pela resposta do mais alto.



— Eu… Eu não... — O loiro gaguejou incapaz de formular uma mentira suficientemente credível que o enfermeiro não desconfiasse mas foi em vão porque ficou sem saber o que dizer.




— Esquece. Quer jantar? Estou morrendo de fome — Benjamin seguiu os olhos castanhos que fintaram o restaurante perto dali, o enfermeiro deu alguns passos indo em direcção do lugar porém virou-se para atrás quando percebeu que Benjamin comtinuava imóvel.




— Não quero o seu namorado seboso me enchendo o saco. Devolve o meu cigarro — O loiro ficou confuso quando as gargalhadas de Raul ecoaram pelo parque quase vazio.



Raul sentiu as lágrimas se formando no canto dos olhos de tanto rir, o som da sua voz causou uma sensação de formigueiro dentro da barriga de Benjamin que ficou sem entender o que era aquilo.





O loiro fez menção de dar as costas ao menor quando este parou de rir porém algo quente envolveu a sua mão o fazendo voltar os olhos para o local.

Raul ficou intrigado por causa do tamanho da mão de Benjamin, podia sentir o calor através da luva que o loiro usava para se proteger do frio.




— Estou solteiro há anos então sossega, homem — O enfermeiro exclamou num tom divertido enquanto encarava o homem de pele branca.

O loiro franziu o cenho quando percebeu um homem trajando uma roupa esparapada vindo em sua direcção ainda olhando fixamente para eles.



— Fique atrás de mim — Raul notou o loiro ficando tenso e os olhos azuis que tanto desejava iluminar ficaram ainda mais sombrios quando sentiu o seu corpo  sendo puxado para atrás antes de escutar o barulho de uma bala preenchendo o ambiente.


Raul emaranhou tão forte a camisa do mais alto que sentiu a ponta dos seus dedos dormentes e o loiro percebeu o medo do enfermeiro.


Benjamin grunhiu de dor ao sentir o seu braço direito sendo atingido pela bala e assim que quis revidar o atirador não estava a sua frente.

O loiro ainda estava em altera, não podia se dar ao luxo de permitir que a sua vida terminasse daquela maneira tão patética.



— O seu braço! — Raul tentou vir a frente do maior entretanto Benjamin o manteve atrás de si temendo que alguma coisa que acontecesse o enfermeiro.




— Mandei ficar atrás de mim, merda! — Raul, sentiu um aperto no peito ao notar o vermelho sangue manchando a ponta dos seus dedos quando tocou no braço do loiro.



Jones segurou o braço do menor os guiando de volta para a sua casa. Ele precisava tratar o seu ferimento e entrar em contacto com Rose, a sua missão estava ficando comprometida e as pessoas tentando matar alguém que supostamente não deveria existir estava levantando suspeitas.




Os dois chegaram ao apartamento de Benjamin, o loiro fez menção de ir procurar o kit de primeiros socorros o enfermeiro o impediu.



— Tira a camisa — Raul pediu ao voltar com a caixa, Benjamin ficou receoso por um momento, as suas feridas ainda estavam presentes, sarando mais ainda estavam lá.



— Eu faço sozinho — Respondeu tentando tirar o kit de primeiros socorros a Raul que não deu tempo para o loiro conseguir.



— Tira a desgraça da camisa, seu grosso teimoso — Benjamin desistiu começando a abrir o ziper do seu casaco obviamente com a ajuda de menor.



O enfermeiro ficou sem reação assim que ajudou a remover o último pedaço de pano que cobria o dorso do loiro.


Raul ficou horrorisado quando se deparou com as inúmeras cicatrizes espalhadas pelos seus braços fortes, ombros, barriga e costas, a ligadura em volta do seu abdômen o preocupou profundamente.



— Tenho uma bala no meu braço caso não tenha esquecido — Benjamin disse impaciente ao perceber a tristeza nublada naqueles olhos castanhos normalmente vívidos.

O loiro se perguntou o motivo de Raul estar sentindo pena por alguém que mal conhece e principalmente um homem como ele, um assassino que não merecia amor.

Cuidadosamente, o enfermeiro tratou do ferimento enquanto os seus olhos dividiam entre a faceta plena e o braço do loiro, trabalhou durante anos no hospital mas Raul simplesmente não aguentava ver tanto sofrimento e dor marcados no corpo.


Benjamin levantou-se quando o retinto terminou de tratá-lo assustando o menor assim que o viu pegando em sua arma pronto para ir a luta.


— Não podes sair assim! — Raul parou a frente do maior que trancou a cara não gostando do gesto, ele teria tirado o enfermeiro da frente se Rose não tivesse dado ordens de protegê-lo.



— Você não tem mais nada para fazer? Está me atrapalhando — O homem negro passou a mão pela sua cabeça careca, incrédulo nas palavras que saíram da boca do loiro, aquele ingrato grosso.


— Vai se foder — Raul mostrou o dedo do meio para o loiro que somente se inclinou próximo ao rosto do homem negro, podia sentir o calor emanando sob a sua pele alva.




— Seria um prazer te comer mas eu dispenso a oferta então vaza — Benjamin caiu exausto no sofá da sua sala quando escutou a porta do seu vizinho sendo trancada.




— Porque envolveu ele nisto? — Questionou a Rose que se mostrou, nem um incomodada ao perceber que estavam somente os dois na casa.




— Ele tem contacto com o Scott e qualquer coisa que sirva para se aproximar do seu alvo é valiosa — A mulher respondeu jogando um envelope para Benjamin.



— Você disse que ninguém sabia que eu estava aqui então como eles sabem sobre mim? — Retrucou procurando um maço de cigarro, porém não encontrou nenhum e claramente que Raul tinha levado o último.





— Estamos investigando isso. A mansão dele é muito bem guardada e sendo o homem poderoso que é, não será fácil conseguir os arquivos — Explicou ainda parada ao lado.




— Como isso aconteceu? — Rose questionou ao ver o material usado para retirar a bala do seu braço, entretanto não obteve resposta do loiro.




— Se comprometer a missão, ele é um homem morto e você sabe que eu cumpro com a minha palavra — Benjamin apertou a mão contendo a sua raiva pois sabia que ela estava sendo sincera.

SOMBRA E LUZOnde histórias criam vida. Descubra agora