Raul não demorou a cair no sono depois da cena torbulenta que se passara há alguns minutos.
O loiro carregou o enfermeiro para o seu quarto, felizmente os lençóis estavam limpos por isso o colocou na cama porém ficou surpreso ao sentir os braços envolvendo os seus ombros.
Raul tomou os lábios de Benjamin que continuou atónito perante ousado gesto. Não notando nenhuma reacção por parte do loiro o retinto fez menção de se afastar porém a mão firme prendeu o seu queixo dando total acesso a Jones.
Benjamin beijava o menor de maneira possessiva, ele desejava tirar qualquer vestígio de Adam, a sua mão livre entrou por debaixo do roupão fazendo a pele fria arrepiar.
O enfermeiro estremeceu ao sentir a mão áspera descendo pela lateral da sua coxa até parar na cintura, onde Benjamin apertou com força o fazendo soltar um gemido.
O retinto podia sentir os lábios quentes o devorando, o cheiro a cigarro impregnado no loiro, a sua língua húmida varrendo o interior da sua boca.
Aquele som divino faria qualquer um ir a loucura, entretanto foi o contrário para o loiro que se afastou bruscamente assim que se apercebeu do que estava prestes a fazer.
— Fica, por favor — Raul pediu num sussurrou enquanto abraçava o braço do loiro, ambos ofegantes pelo beijo recente, o maior passou a mão pelas madeixas macias tentando se controlar.
Benjamin engoliu seco quando viu as coxas negras expostas, a pele escura brilhante o convidando para ser marcada como sua, os mamilos a vista que queria tanto acariciar, a boca carnuda implorando para ser devorada, era demasiada tentação para aguentar.
— Posso querer mas eu jamais me aproveitaria de um momento de vulnerabilidade para conseguir isso — Respondeu saindo do quarto e Raul se cobriu ainda sentindo a intensidade do toque de Benjamin contra a sua pele.
Benjamin passou a noite toda em branco, totalmente intoxicado por ter conseguido finalmente tocar no retinto como tanto imaginava.
A campainha tocou o despertando do seu breve momento, não estava nem um pouco cansado por estar acostumado a passar a noite em claro por causa da sua missão.
O loiro não ficou surpreso por ver a figura baixa enfrente a sua porta mas sentiu um alívio ao ver o sorriso estampado no rosto ainda inchado.
— Não acredito que o seu próprio namorado é o culpado por você estar assim — Falou sincero e Raul bateu no braço do loiro na tentativa de suprimir o seu embaraço.
— O Adam não é o meu namorado, já disse isso — Benjamin inclinou próximo ao rosto do homem negro que manteve contacto firme com os olhos azuis entediados.
— Ele toca em você em público, trás presentinhos e como ele mesmo disse: vocês fazem sexo. Se isso não é namorar não sei o que é — Raul podia sentir o ciúme puro vindo da voz grave do maior.
— Não preciso namorar para transar com alguém e pelo menos o Adam é bom na cama mas porque você se importa com isso? — Benjamin trincou o maxilar quando escutou aquelas palavras saírem da boca do homem retinto.
O loiro chegou bem próximo ao rosto do enfermeiro que engoliu seco ao ver um leve fogo presente nos olhos azuis.
— Não é óbvio? — Raul mordeu o lábio inferior tentando reprimir o calor se espalhando pelo o seu corpo e tentou se afastar quando o loiro foi cada vez mais se aproximando.
— Quer comer a puta fácil, não é? — Benjamin não gostou do gênero nem do tom daquela pergunta e ver os olhos castanhos marejados o fez se afastar.
— Acho que você não me entendeu, Oliveira — O enfermeiro encarou o loiro quando escutou o seu nome sendo mencionado tão casualmente por um homem que mal conhecia.
— Andou me investigando? O que você é? Um agente da polícia ou de alguma organização secreta do governo? — Perguntou ao mais alto que mostrou um sorriso lateral.
— Tão inteligente que é uma pena seres people pleaser — Raul quis dar as costas para o loiro porém o impediu segurando o puxando pela sua cintura e trancou a porta.
— O que você come? — Ralhou ao tentar se debater e não conseguir mover nem um centímetro do loiro.
Benjamin sentou-se no sofá junto do menor que parou de lutar se acomodando contra o corpo grande e quente do loiro.
— Você é uma boa pessoa mas muito ingénuo as vezes. Eu não sei o que aconteceu mas sei que tentar agradar a todos ou mesmo se sujeitar a humilhações não fará os outros te amarem — Tentou novamente fugir daquele assunto e como Benjamin o conhecia tanto em tão pouco tempo.
— Tu não me conheces! Solta-me, Benjamin — O loiro percebeu que havia tocado na ferida quando escutou a voz embargada e o apertou mais.
— Podes ter razão mas acho que foi isso que chamou atenção em ti enfim, continuamos depois — Disse fazendo o menor se aconchegar nos braços do loiro.
— Para um grosso apático você é bem profundo — O enfermeiro soltou um longo suspiro, frustração tomando conta de si ao lembrar do que aconteceu na noite anterior.
— É, eu sou bem profundo — Raul mordeu o lábio inferior ao sentir o loiro sentindo a ereção do loiro contra a sua bunda, se afastou apoiando as mãos nas coxas musculosas do maior.
O homem negro rebelou sob a ereção do homem de olhos azuis que apertou a sua bunda enquanto lambia a boca.
Benjamin inclinou o seu corpo para a a frente para o retinto sentiu o hálito quente perto do seu ouvido quando emaranhou os seus dedos contra o seu quadril o fazendo parar o seu movimento.
— Ainda não, sweetheart! — Raul adorava o sotaque do britânico, a sua voz grave e arrastada que parecia quase um sussurro combinava perfeitamente com a sua personalidade sombria.
— Porque não? Eu quero, você quer também — Disse com a voz ríspida mostrando a sua frustração com a negação do loiro.
— Eu ainda não fiz o cortejo correctamente — Raul não conseguiu segurar a risada alta quando o loiro terminou de falar.
— Quem fala cortejar hoje em dia? Meus deus. É tipo o que? Vai me levar para encontros românticos, dar flores, fazer serenatas, depois vamos a uma viagem onde iremos fazer amor numa cama cheira de rosas. Você soou como um idoso, Ben — Benjamin ergueu uma sobrancelha não entendendo o motivo da piada e a risada do mais velho sessou quando sentiu a mão áspera envolvendo o seu pescoço e algo frio passando sob o lóbulo da sua orelha.
— Eu posso ser um assassino mas tenho os meus próprios costumes que pretendo seguir à risca — O loiro disse sério antes de voltar a descansar as suas costas no sofá, o enfermeiro se virou para o loiro.
— Tá bom, vai ser do seu jeito — Raul verificou a hora no seu celular e entrou em pânico quando percebeu que estava atrasado.
— Hoje é dia de visitar as crianças no hospital e não consegui comprar nada — Disse fazendo menção de sair do colo do loiro, mas o impediu envolvendo a sua cintura.
— Vou com você — O enfermeiro ficou receoso por voltar a encontrar Adam depois de tudo que aconteceu e sendo pavio curto com o loiro era claramente que os dois iriam causar uma cena.
— Irá mesmo defendê-lo depois de tudo que ele disse para ti? — Disse o mais alto com certa indignação.
— Não é defender, Ben. — Passou a mão pelo rosto levemente inchado por causa do choro.
— Eu era só um estagiário quando cheguei aqui e ele foi uma das poucas pessoas que não me olhou torto ou me tratou com indiferença. Nunca senti nada por ele, só aceitava o sexo por medo de perder a única pessoa que mostrou um mínimo de respeito por mim — Disse limpando as lágrimas que insistiam em desabrochar.
— Enfim, essas coisas acontecem a toda a hora pelo aprenderei a não ser trouxa da próxima vez — Benjamin percebeu o cansaço que o menor obviamente não conseguia mais esconder.

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SOMBRA E LUZ
RomanceEm uma metrópole envolta em sombras, onde cada passo pode ser o último, um assassino atormentado vagueia pelas ruas, perdido em sua própria escuridão. Cansado de uma vida sem sentido, ele busca redenção em meio à violência que o consome. Porém, em u...