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  Essa história não segue os eventos depois do Ensino Médio de Haikyuu.
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  A Faculdade realmente era algo cansativo. Agora entendia porque Keishin, seu irmão, optara por cuidar da loja de sua mãe em Miyagi. Kiyomi era uma moça humilde. Viveu no interior até seus 14 anos de idade, quando terminou o fundamental. Seu pai morava em Tokyo e a levou para estudar em uma das melhores escolas particulares com um dos melhores times de vôlei da província, Fukurōdani.

Desde pequena, aprendeu com o avô do seu irmão, Ukai Ikkei, a jogar. Era divertido quando passavam o tempo juntos e se encantava todas as vezes que via Karasuno na quadra.

Adorava vôlei, pelo menos naquela época. Desde que foi para a capital as coisas mudaram. Foi lá que tudo aconteceu, aquela cidade transformou Kiyomi de um jeito que só quem a conhecia antes poderia perceber. Continuou jogando, mas não com o amor que sentia.

  Levou tudo que aprendeu com seu avô para Fukurōdani e rapidamente, a estrela de Miyagi tornou-se a estrela de Tokyo. Suas habilidades e técnicas se destacavam e também sua altura. Aos 15 anos chegou a medir 177,4 cm, o que a tornava ainda mais especial.

Além de suas colegas de time, Kiyomi fazia parte de uma dupla um tanto quanto excêntrica. Ela e Kōtarō Bokuto eram inseparáveis, tinham quase que as mesmas ambições e estavam entre os 5 melhores aces do país. Eram parecidos em tudo. Adoravam atacar com toda sua força e odiavam o sentimento de derrota. Ambos estudavam na mesma sala e nunca estavam sozinhos.

  Havia se formado há 3 anos e já estava em seu último ano da faculdade de Educação Física. Graças ao seu alto rendimento no clube de vôlei, Kiyomi conseguiu uma bolsa para estudar na Universidade de Tokyo, claro que junto com Bokuto. Os dois estavam no mesmo curso, o que aliviava a menina, já que nunca foi de muitos amigos. Por mais que fosse reconhecida quase que nacionalmente como um grande astro, era tímida demais.

  Mas quando estava no fundamental, seu melhor amigo era Tōru Oikawa. Eles jogaram juntos no Kitagawa Daīchi e também eram inseparáveis. Kiyomi que ajudou o menino com seus levantamentos e seus saques monstruosos e adorava quando ele a chamava de "Senpai"; era como uma vitória para ela. Chegaram até a namorar por uns dois meses no último ano, mas Oikawa vivia cercado e posteriormente ela viria a se mudar para a capital.

(...)

  Primeiro dia do 8° semestre, Kiyomi estava atrasada, para variar. Precisava chegar no ponto o mais rápido que podia e não poupava esforços para isso. Como podia dormir tão pesado assim? Era quase impossível que escutasse o som do despertador.

  Enquanto corria pelas ruas, sentiu seu celular vibrar, mas não podia se dar ao luxo de parar e atender. Tinha (quase) certeza de que era Bokuto; todas as vezes que ela se atrasava, ele enchia a garota de ligações. Era um alívio tê-lo como amigo. Todas as vezes que estava triste ou com problemas, ele que a ajudava.

Assim que conseguiu chegar no ônibus, mandou mensagem para seu amigo, pois sabia que ele ficaria extremamente preocupado se ela não desse sinal de vida.

[Bokuto]: Cadê você??????
  Me responde logo

[Kiyomi]: Oi, acabei de pegar o ônibus Daqui 15 minutos chego

[Bokuto]: Graças a Deus você apareceu né, tenho uma coisa pra te falar, quando chegar me avisa. Certeza que vai gostar

  Eles continuaram conversando até que Kiyomi chegasse à faculdade. Bokuto estava tão animado, que deixava a menina ansiosa. O que será que ele tinha a dizer? Será que ele tinha conseguido convencer o reitor a trocar as bolas de vôlei? Ou trazer algum atleta profissional para dar uma palestra? Talvez fosse algo menor, como tênis ou uniformes novos. Quanto mais pensava, mais a ansiedade tomava conta de si. Sabia que Bokuto não batia muito bem, e ao mesmo tempo que estava animada, também sentia um pequeno medo.

(...)

  Era final de tarde, as aulas estavam acabando e nenhum sinal de Bokuto. Kiyomi jurava que se encontrasse com ele, não teria dó. Quem ele pensa que é em deixá-la ansiosa e simplesmente sumir desse jeito? Não sabia quantas mensagens já tinha mandado, mas nada do garoto responder.

  Ao acabar a aula, desceu as escada correndo em direção à quadra. Esse era o único lugar que não conseguiu procurar e era onde ela tinha certeza que ele estava. Chegou quase arrancando a porta, mas estava vazio. Como? Não é possível que Bokuto tinha feito aquela cena toda para não ter ido à faculdade.

— Hey Hey Hey, Kiyomi! – Bokuto apareceu atrás da garota, sorrindo como sempre — Pensei que não fosse aparecer – Soltou uma risada e entrou na quadra de vôlei.

— Que merda! Sabe quanto tempo fiquei te procurando nessa bosta de faculdade? – Mesmo brava, Kiyomi seguiu Kōtarō.

  Antes que ela pudesse falar qualquer coisa, Bokuto puxou um papel e mostrou para ela. Era uma lista contendo alguns nomes.

— Esses são os novatos do time de vôlei. Fiquei o dia todo fazendo isso – O garoto dizia sorrindo como sempre.

— Isso que você precisava me falar? – Ela sabia que não, vindo de Bokuto poderia esperar qualquer outra coisa, menos uma lista de nomes.

— Bom, não... Como o antigo capitão já se formou, o treinador me pediu para que entrasse no lugar dele... – Kiyomi assentiu com a cabeça, esperando que ele terminasse seu raciocínio — Mas sabe, por mais que tenha sido o capitão no Ensino Médio, não acho que ainda tenha essa capacidade.

Tinha razão. Bokuto sempre foi ótimo no Fukurōdani, seja aumentando a autoestima dos jogadores ou incentivando-os, mas há tempos não ocupava esse "cargo". Precisava ter uma mão mais firme e não se deixar abalar por coisas mínimas.

— O que pretende fazer afinal? – Estava desconfiada dele. Kōtarō definitivamente não era a melhor pessoa para planejar alguma coisa.

— Ainda mantenho contato com alguns amigos... Sabe Kiyomi, às vezes é bom voltar pro passado e lembrar a vida de estudante. – Sabia muito bem onde ele queria chegar. Tudo bem se ele quisesse reencontrar alguns colegas de equipe, mas ela não faria isso.

— Vou falar uma vez. Posso até fazer o que você quiser, treinar os novatos, ajudar com os amistosos, mas não vou me encontrar com ninguém, principalmente com aquele lá. – Kuroo Tetsurō era de quem ela falava. Não o via desde o Ensino Médio e preferia assim. Depois do que aconteceu com os dois, era melhor que ficassem muito longe um do outro.

— Tudo bem, Kiyomi. Não quero te forçar a nada, mas você é a melhor jogadora que eu conheço, não pode fazer um esforço mínimo? – Ele pegou sua mão e acariciou lentamente, o que fez com que ela olhasse em seu olhos. — Primeira semana de Junho, só isso. Sei que você precisa visitar seu irmão, mas eu prometo que vai passar rápido.

Concordou. Faria aquilo por seu amigo, não por qualquer outra pessoa. Mesmo nervosa, acreditava na palavra de Bokuto, pois sabia que ele não deixaria que nada acontecesse com ela.

Ela torcia por isso.
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Amor em Jogo | Kuroo TetsurōOnde histórias criam vida. Descubra agora