Conflito

443 29 6
                                    

  Essa história não segue os eventos depois do Ensino Médio de Haikyuu.
_____________________________

Cinco meses haviam se passado. Kiyomi mal conseguiu dormir, passou a noite toda pensando em como seria encarar tudo aquilo. Queria vê-los, só isso. Olhar e ir embora, não podia? Bokuto ficaria chateado, mas ele deveria entendê-la, tinha que entendê-la. Era tão difícil se impor assim? Não podia ser. Então por que se sentia desse jeito?

  A madrugada tinha sido conturbada. Passou a noite acordando de 5 em 5 minutos com o coração na boca e a respiração ofegante. Sua mente girava em torno de Kuroo. Sentia um frio na barriga, mas diferente de quando se conheceram. Há um abismo entre a ansiedade do entusiasmo e do medo, conectado por uma ponte estreita, era onde Kiyomi estava.

  Cara, são três anos sem se ver. E se tudo voltasse? Trabalhou duro para superar, não deveria retornar com tanta facilidade. Ainda o odiava. Sim, o odiava com todas as forças.

  Reuniu toda a raiva que sentia e levantou-se para tomar um banho. Uma semana, era só isso. Depois poderia visitar seu irmão e esquecer dessa brincadeira idiota que Bokuto a enfiou.

(...)

— Bom dia, princesa. – Kōtarō abriu um sorriso enorme e abraçou a garota pelo pescoço. Adorava quando ele a chamava assim, sentia-se especial mesmo sabendo que não era a única com quem ele falava desse jeito.

— Oi, Bokuto. – Kiyomi sorriu sem mostrar os dentes — Só tem a gente? – Ela não queria ouvir a resposta, de jeito nenhum. Seria melhor se ele falasse para ela voltar pra casa e descansar o resto da semana inteira. Talvez ela até pudesse fingir uma doença.

— Tem alguns aqui... – Ele deu uma risada forçada e soltou Kiyomi. Poderia esperar que ela entrasse no ginásio e encontrasse com os meninos — Hinata, Tobio, Akaashi... Kuroo... – Sorriu grandemente e antes que ela pudesse falar qualquer coisa, ele a puxou para dentro.

  Ia explodir. Seu coração ia explodir com toda certeza. Não por Kuroo, pelos outros. Quanto tempo não via Hinata ou Kageyama? Até Akaashi, melhor amigo de Bokuto, ela via com menos frequência do que esperado.

  Entrou no ginásio já pensando em fugir, deveria ter quase dez pessoas ali, mas ela só conseguiu prestar atenção em uma só. Naquele instante, sentiu todo seu corpo quente. A raiva tomou conta de tudo e só queria quebrar a cara daquela idiota. Kiyomi estava desnorteada e qualquer um poderia perceber que ela não se sentia confortável.

— Kiyomi-san! – Aquela voz fez com que a garota saísse totalmente de seu transe. Hinata Shōyō tinha uma voz inconfundível. O menino correu na dela e parou bem na sua frente, fazendo uma reverência rápida antes de voltar a olhá-la — Você está tão bonita! Quanto tempo não nos vemos? Continua sacando igual O Grande Rei? Bem que você poderia me ensinar, não é? – Ele falou tão rápido que ela mal conseguiu processar.

— Idiota! Hinata seu idiota! – Kageyama Tobio se aproximou visivelmente irritado. Ele odiava quando o ruivo era sem noção, mesmo quando pensava igual — Desculpe, Kiyomi-san! – Curvou-se quase até o chão, fazendo a menina ficar mais desconfortável. Não queria que ele se sentisse assim em relação à ela, não deveria.

— Por que tem que levar ela em tudo, Bokuto? Até parece que não vive sem sua amiguinha. – Mais uma vez, o sangue subiu até sua cabeça. Se isso fosse um desenho animado, ela estaria toda vermelha agora. Como uma pessoa poderia ser tão desprezável e ridícula assim?

— Você não me esquece né, idiota? Qual seu problema comigo? – Kiyomi quase gritou, mas lembrou-se que não estavam sozinhos.

— Ei, tudo bem... – Tanaka Ryūnosuke entrou na conversa, puxando Kuroo para trás antes que algo acontecesse. Seria muito vergonhoso se eles acabassem brigando ali, justo quando todos estavam felizes. Ela não seria a estraga prazer.

(...)

  Estavam ali quase o dia inteiro. O sol estava se pondo e todos prontos para ir embora e descansar. Kiyomi se sentia assim, não aguentava mais ter que estar no mesmo ambiente que Tetsurō. Ouviu as provocações do garoto o dia todo, sem revidar; Bokuto disse para fazer assim. Mas por quanto tempo deixaria que ele a tratasse do jeito que quisesse?

— Não estou nem um pouco cansado! E se formos para um parque? Sempre quis ir no Tokyo Dome City. – A animação de Nishinoya Yū fez com que os outros ficassem da mesma forma. Não seria uma má ideia se pudesse ficar o mais longe de Kuroo. — O que acham? – A maioria concordou, então não havia dúvida.

Kiyomi esperou que todos saíssem do ginásio para que ela tivesse a desculpa de fechar o local, assim não precisaria acompanhar os outros. Só queria chegar em casa e dormir. Queria ter aula no outro dia para ter uma desculpa, mas estava de férias. Não sabia como prosseguir com aquilo. Tinha que falar a verdade para Bokuto, mas não queria magoá-lo, mesmo que acabasse fazendo isso consigo.

— Você está bem? – Kōtarō se aproximou dela quando todos já estavam há uma distância considerável — O-olha, eu sei que eu deveri-

— Deveria o que? Ter me protegido? Sim Bokuto. Você foi tão idiota. Ele é seu amigo, mas e eu? Você nunca me escuta, minha opinião não importa e se você pudesse escolher, com certeza ficaria do lado do Kuroo. – A voz de Kiyomi quase não saía. Queria chorar e ir embora dali. Estava sendo dura, egoísta, mas ele vinha sendo assim há tanto tempo — Eu to cansada de você! – Não queria dizer aquilo, e quanto percebeu o que havia dito, já era tarde.

— Quer saber de uma coisa? Eu também estou cansado de você! Por que você tem que ser tão emotiva? Caralho, não pode ser normal uma vez? Tetsurō é um babaca sim e te fez mal, mas qual é, isso faz uns seis anos. Não dá pra simplesmente esquecer e seguir em frente? – Estava com tanta raiva que não conseguia medir as palavras. Ambos estavam falando o que sentiam vontade.

— C-certo... – Ela deixou uma lágrima escapar, mas a limpou rapidamente. Se ele pensava assim, então não teria problema de falar o que pensava também — Você é um egoista de merda. Só pensa em você e em inflar esse seu ego idiota com elogios. Foi por isso que organizou essa merda toda? Para mostrar o quanto você é um ótimo jogador e não mudou nada desde o Ensino Médio? – E antes que ele pudesse responder, Kiyomi pegou suas coisas e saiu o mais rápido que pôde. Se certificaria de não voltar ali no outro dia.

Bokuto nem se deu ao trabalho de ir atrás da garota. Poderia ser mais um drama dela, mesmo que suas palavras o tenham machucado.
_____________________________

Espero que estejam gostando. <3

Lembrando que eles estão mais velhos, então eles mudaram desde que tinham 15/17 anos. Suas personalidades são as mesmas, mas agora estão mais maduros.

Beijoos, curtam a leitura!

Amor em Jogo | Kuroo TetsurōOnde histórias criam vida. Descubra agora