Avanço

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  Essa história não segue os eventos depois do Ensino Médio de Haikyuu.
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  Alguns dias se passaram desde a briga de Kuroo e Daichi. Depois da noite que passou com Tetsurō, não falou mais com ele.

  Keishin decidiu ficar por uns meses. Ele fechou a loja de conveniência e arrumou um emprego em qualquer lugar que pagasse o suficiente para que ele pudesse ajudar com as contas. O Sr. Saito, pai de Kiyomi, mandava dinheiro algumas vezes, para que ela não passasse tanto aperto. O loiro tinha inveja da relação dos dois. Seu pai o havia abandonado quando criança e então sua mãe casou-se com um advogado bem sucedido de Tokyo e tiveram sua irmã mais nova. Tinham 8 anos de diferença, mas isso não os impedia de serem próximos.

Saito trabalhava junto com Kuroo, o pai de Tetsurō, por isso eram tão próximos. Viajavam juntos a trabalho o tempo inteiro, então Kiyomi ficava com a mãe do garoto enquanto seu pai estava fora. Por isso o moreno fazia direito, para orgulhar o pai ou porque ele gostava. Era o que ele sempre dizia, mas ela sabia que não era verdade.

Kuroo sempre foi apaixonado por esportes, principalmente vôlei. Nunca mencionava advocacia em nenhuma de suas conversas, não era interessado naquilo. Mas lá estava ele, no último ano da faculdade de Direito, com um escritório pronto no centro da cidade para trabalhar com seu pai. Kiyomi sabia de tudo da vida do garoto: suas inseguranças, ambições e medos.

Seu maior medo era ser igual seu pai.

Não suportava a ideia de ter uma família e não conseguir dar atenção aos seus filhos. Não queria cometer o erro de engravidar uma mulher e depois abandoná-la; casar-se com uma moça 20 anos mais jovem, ter um filho para moldá-lo como quiser e não ser presente na vida de ninguém. Quando chegava de viagem estava cansado, mas ironicamente partia para viajar no dia seguinte.

Kiyomi vivia isso com ele e por mais que o garoto tentasse fingir não ligar, ele não conseguia esconder seus sentimentos dela.

A garota estava presa em seus pensamentos. Seu pai ia chegar no dia seguinte junto com Sr. Kuroo. Queria que fosse igual quando eram crianças, ela sempre estava lá para Tetsurō quando ele precisava. Até pensou em mandar uma mensagem, perguntando se ele gostaria que ela fosse visitá-los.

— Kiyomi? – Balançou a cabeça para afastar tudo o que pensava e olhou para Bokuto que estava sentado à sua frente — Você tá bem? Está estranha desde aquele dia da festa, mais quieta que o normal. – A garota negou com a cabeça — Bom, quer jogar vôlei mais tarde? Só eu, você, Kuroo e Akaashi, como nos velhos tempos. – Kōtarō sorriu gentilmente. Ela sabia a falta que ele sentia dos dias que passavam juntos, os quatro sem mais ninguém — Depois podemos passar em uma churrascaria, estou com tanta vontade.

— Pode ser. – Kiyomi olhou o relógio e pulou da cadeira da lanchonete. Tinha ido tomar café com o amigo, mas esqueceu completamente do tempo e estava atrasada para seu trabalho — A gente se vê depois, tá? Eu to atrasada... merda.

Ela beijou a bochecha do menino antes de deixá-lo sozinho. Se atrasasse mais uma vez com certeza seria demitida.

(...)

  Kiyomi estava no carro, indo encontrar seus amigos. Tocava When I Was Your Man, do Bruno Mars, alto no carro, aquela era sua música favorita e podia ouvir por horas. Quando foi lançada Kuroo estava namorando com uma garota da sua escola e a única coisa que podia pensar era nessa música. Era engraçado a raiva que sentia da menina, todas as vezes que a via nos torneios de vôlei torcendo para Kuroo sentia vontade de voar em cima dela e arrancar aqueles cabelos loiros. Ele nem gostava de loiras.

  Estava com raiva quando chegou ao seu destino. Só de pensar naquela menina seu coração acelerava e ficava vermelha de tanto ódio. Foi a namorada do Kuroo que mais desprezou. Sua expressão demonstrava tudo o que estava sentindo, cara fechada e um bico enorme nos lábios, parecia aquelas crianças mimadas.

— Que cara é essa Kiyomi? Ta parecendo uma criança birrenta – Kuroo tentou evitar o sorriso que insistia em aparecer. Mas a garota queria socar a cara dele e quando ele percebeu, murchou na hora — P-por que tá me olhando assim? Eu não te fiz nada! – Akaashi e Bokuto queriam rir dos dois idiotas, mas se fizessem isso, poderia sobrar para os dois.

— Não é nada Kuroo, agora fica quieto e vamos começar esse jogo logo. – Ela passou emburrada por ele e foi pegar a bola que estava com Bokuto.

  Eram dois atacantes, um bloqueador central e um levantador, impossível dar certo; nenhum dos três era bom com levantamento. Decidiram então Kuroo e Bokuto x Kiyomi e Akaashi. Foi o melhor que puderam fazer.

  Claro que não deu certo. A dupla de Akaashi e Kiyomi era tranquila, os dois conseguiam se entender muito bem, diferente dos outros idiotas que brigavam a cada passe. Kuroo não conseguia levantar para Bokuto e o mesmo não bloqueava do jeito que o moreno queria. Depois de cinco sets, resolveram fazer uma pausa, já que a dupla de garoto estava perdendo de 4:1.

— Você está melhor que antes. – Kuroo sentou-se ao lado de Kiyomi — Quem diria que ainda é tão boa, mesmo depois de anos.

— Isso era pra ser um elogio? – Os dois riram — Nunca fui ruim, não igual você. – Testurō pareceu estar ofendido com o insulto da garota.

  Ficaram em silêncio por alguns minutos. Ao mesmo tempo que era fácil conversar, também era fácil não ter assunto. Tinham, mas não a confiança necessária para expressar seus pensamentos. Pensavam muito, falavam menos ainda.

  Em um instante, Kuroo estava o mais próximo que podia. Kiyomi podia ouvir sua respiração pesada e seus olhos se concentraram na boca do moreno. Ele passava a língua nos lábios de propósito, sabia o efeito que aquilo dava nela.

Eu senti sua falta... – Ele pegou a mão dela carinhosamente e aproximou seus corpos — Você não tem noção da falta que eu senti do seu beijo...

— Eu tenho, até porque eu também senti a sua. – A garota sorriu e aproximou mais seus rostos. Queria beijá-lo ali mesmo e nunca mais ir embora — Me beija.

  Kuroo atendeu ao pedido e, colocando a mão na nuca da garota, puxou seu rosto até que a distância não existisse. Aproveitaram o máximo daquele tempo para matar a saudade que sentiam um do outro.

— Ei vocês dois! Que isso cara? Aqui na nossa frente? – Bokuto estava envergonhado e um pouco irritado com aquilo. Sentia um leve ciúmes de Kiyomi, coisa de irmão.

Os dois se separaram sorrindo, obviamente. Seu segundo beijo em menos de uma semana, era um avanço já que passaram seis anos sem esse contato que tanto desejavam.

Seria esse um passo para frente ou para trás?
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Espero que estejam gostando, beijoos. <3

Amor em Jogo | Kuroo TetsurōOnde histórias criam vida. Descubra agora