As férias de Páscoa haviam sido tão exaustivas quanto revigorantes, deixando-a com a sensação de que precisava de férias das próprias férias. Férias que ela provavelmente não teria, com os N.I.E.M.s logo ali na esquina.
Sua exaustão não foi ajudada pelo fato de que por uma semana ela tinha sido mimada, compartilhando uma cama com Theo e Draco. Agora ela estava de volta na torre da Grifinória e eles estavam lá embaixo, nos calabouços, várias salas os separando.
Cansada como estava, ela não conseguia dormir. Nem mesmo conseguia ficar confortável. Seus lençóis estavam muito ásperos e o ar não tinha cheiro nenhum de cravo e, pelo amor de Merlin, de alguma forma aqueles dois insuportáveis Sonserinos por quem ela tinha se apaixonado a tinham viciado em dormir com uma verdadeira montanha de travesseiros. Seu único triste e amassado travesseiro não daria conta.
Sem mencionar que havia uma palpitação em seu peito. Não doía, mas era terrivelmente irritante, como se ela estivesse estranhamente consciente de alguma parte de si mesma que geralmente nunca pensava conscientemente. Como quando ela prendia uma pulseira ou um relógio no pulso e tudo o que conseguia pensar por vários momentos era na pulseira contra a pele. Era como isso, mas enterrado dentro dela e nenhum período de tempo passando a acostumava com o sentimento.
Virando-se pela enésima vez, ela enterrou a cabeça no dito travesseiro triste e amassado e apertou os olhos. Talvez contar de trás para frente a embalasse para dormir.
Cem. Noventa e nove. Noventa e oito. Noventa e sete. Noventa e seis. Noventa e cinco...
Setenta e seis. Setenta e cinco. Setenta e quatro. Setenta e três. Setenta e dois...
Trinta e três. Trinta e dois. Trinta e um. Trinta...
Dez. Nove. Oito...
Três. Dois...
Droga.
Ela suspirou e voltou a se virar, encarando o santuário escuro do seu dossel. Do outro lado do quarto, Ginny estava roncando pior do que Fluffy, o cachorro de três cabeças, cada inspiração alta o suficiente para penetrar as cortinas fechadas da cama de Hermione. Mesmo que ela conseguisse ficar confortável, como em nome de Merlin ela deveria dormir com aquele barulho? Deus, ninguém ensinou Ginny a silenciar sua cama?
Ela torceu o nariz. Não, ela não iria considerar essas implicâncias. Isso era problema do Harry.
Os dedos pegando a varinha embaixo do travesseiro, ela lançou um rápido tempus. Duas e dezenove. Ela tinha Poções na primeira aula e a última coisa que precisava era cair de cara no caldeirão.
Isso não ia dar certo.
Jogando as cobertas para o lado, ela saiu da cama, franzindo a testa quando seus pés pousaram no chão frio e de pedra em vez de em seus chinelos felpudos. Arrastando-se um pouco para calçá-los, ela pegou sua bolsa e, tão silenciosamente quanto conseguiu, dobrou seu uniforme e o enfiou ao lado de seus livros. Suas vestes estavam penduradas no baú no pé da cama e ela rapidamente as vestiu, escondendo o pijama.
Varinha no bolso, bolsa sobre o braço e sapatos na mão, Hermione saiu sorrateiramente do dormitório e desceu as escadas. A sala comunal estava misericordiosamente vazia como deveria estar a essa hora. Mesmo as rondas já teriam sido concluídas há muito tempo, mas ainda assim, ela passou pelo retrato e para o corredor tão silenciosamente quanto podia, caso algum dos fantasmas a avistasse e lhe desse problemas.
Ela acabara de chegar ao térreo do castelo, estava na reta final, tão perto dos calabouços e consequentemente da entrada para a sala comunal da Sonserina, quando um miado suave soou atrás dela.
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Sugar and Spice | Dreomione
Hayran KurguContrariamente ao que ela afirmava, não era grama e novo pergaminho e creme dental de hortelã que ela cheirava. Uma amalgamação de confusão que desafiava a mente seguida por uma realização periférica, e então um medo instantâneo a fez ficar tão verm...