PILOTO

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Tudo era um borrão, ela podia ver a fumaça se infiltrando pelas brechas da porta, o som de tiros e vidro se quebrando. O cheiro do gás era misturado com o cheiro de podre e ferrugem; ferrugem de todo o sangue que ela sabia que estava sendo derramado enquanto apertava os próprios olhos, esperando que tudo acabasse logo, que seus amigos a encontrassem logo.
Ela não tinha certeza de quanto tempo já havia se passado desde a madrugada em que aqueles homens invadiram seu apartamento e a levaram, enquanto seu filho estava em uma adorável festa do pijama na casa de sua amiga. Ela se perguntava se eles teriam ido atrás dele também; esperava que não.
Sua boca estava seca, seu estômago doía, não apenas pela fome, mas pelos golpes que recebera durante a tortura a pouco tempo atrás, assim como sua cabeça que latejava e ela podia sentir o sangue seco na testa e nuca. Sua camisa estava rasgada já fazia um bom tempo, quando um dos homens de máscara resolveu aumentar o nível de tortura e fazer pequenos cortes com a ponta de um canivete no vale de seus seios –ainda cobertos pelo sutiã, e tórax. .
Ela tentou contar em sua mente quanto tempo desde que ouviu o som da explosão e os tiros começaram, então, quando sua contagem chegou ao número quinhentos, os tiros pararam e tudo o que ela ouviu foram as vozes de seus amigos, delegando ordens para vasculhar o lugar em sua busca. Ela tentou gritar, mas a fita em sua boca não permitia, enquanto apenas ficou quieta, sabendo que logo seria encontrada.
Quando a porta do enorme escritório foi finalmente aberta, ela mal podia enxergar quem se aproximava dela, mas identificou uma silhueta feminina, alta. Sabia que não era sua parceira, já que podia distinguir o tom escuro sob a cabeça da mulher. Sua consciência mal existia, ela sentia que seria desligada logo, mas se esforçou para manter-se acordada. A fita foi tirada de sua boca, dando-lhe chances de respirar melhor, então logo em seguida sentiu suas mãos cairem ao lado do corpo e o incômodo nos tornozelos aliviar. Ela ouviu a mulher gritar por ajuda, avisando que havia a encontrado. Então a última coisa da qual se lembrava, era de reconhecer Elliot entrando e a pegando nos braços.

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