Capítulo 14

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Depois da constrangedora tentativa de Elliot tentar arrancar de mim qualquer coisa sobre Amaro e eu, ele acabou passando a noite no meu sofá. Na manhã seguinte ele partiu para o próprio apartamento e eu permaneci dormindo, tudo o que eu mais precisava. Era minha primeira folga desde que cheguei na UVE e seria muito bem utilizada.

Soltei um gemido frustrado, irritada e impaciente. Quem diabos ia a casa de alguém às oito de uma manhã de sábado? Rolei para o outro lado da cama e bufei, tampando meus ouvidos com o travesseiro livre enquanto o som da campainha soava mais uma vez. Era a terceira vez.

Na quinta vez, eu me levantei, batendo os pés com força no chão, marchando em direção a porta de entrada bufando e desconjurando quem quer que fosse do outro lado. De início, pensei que poderia ser Elliot novamente, mas me surpreendi assim que abri com raiva a porta.

-Antes que tente me bater, eu trouxe café, bolinhos e panquecas frescas! - disse erguendo as mãos em rendição, enquanto mostrava as duas sacolas de papel em suas mãos. Bufei e dei as costas, deixando a porta aberta. Corri até meu banheiro e lá arrumei meu cabelo de forma desajeitada mesmo, escovei os dentes e lavei meu rosto.

-Eu sei que você é bem inconveniente, mas não imaginei que pudesse ser tanto assim, Amanda! - reclamei saindo do quarto, logo observando a loira se movimentar pela minha cozinha. Ela tinha um par de pratos nas mãos, que logo foram deixados na mesa de jantar. A loira sorriu enquanto tirava o café de dentro das sacolas.

-Eu pensei que poderíamos conversar um pouco, sabe, sou praticamente sua tia.

-Ahm, não?

-Sim! Liv é quase minha irmã, logo você é quase minha sobrinha!

-Por favor, Amanda, temos menos de dez anos de diferença aqui.

-E daí? Eu ainda poderia ser sua tia!

-Você tem sorte de ter trago suborno. - resmunguei mordendo um dos bolinhos recheados. Nos sentamos frente a frente e começamos a comer.

-Como estão as coisas, Verity?

-Se encaixando. Olivia já sabe de tudo, afinal.

-Isso te deixa nervosa, não é?

-Não. Por incrível que pareça, isso não me assusta tanto quanto deveria, eu acho.

-Bom, talvez não deveria. - rebateu e eu a encarei - Sabe, você e Liv são muito mais parecidas do que fisicamente. Seus instintos são fortes na mesma medida, são duronas, orgulhosas e odeiam demonstrar abalo.

-Está tentando me por contra uma parede, Rollins?

-Não. Só estou tentando dizer que, Liv não é um monstro. Ela é amável e dedicada e isso é um dos pontos mais fortes das duas, porque também são características suas, Verity! Você não deveria sentir medo ou nervosismo quando se trata da sua mãe porque não tem porque sentir medo dela!

-Não é bem por esse caminho que a coisa vai, Amanda. Eu tenho trinta e quatro anos e passei todos esses anos sem saber a minha história, sem um rosto para as pessoas com quem eu sempre sonhei. Décadas imaginando se o problema teria sido eu. É mais difícil do que "ter medo de Olivia Benson". - falei de uma vez. Ficamos alguns minutos em silêncio, enquanto o café ainda bem quente e com pouco adoçante descia pela minha garganta.

-Eu posso entender isso, eu acho. - ela comentou de repente, rompendo aquele silêncio - Meu pai era uma alcoólatra que nunca estava em casa e minha mãe uma socialite que não ligava pros filhos. Meu pai batia nela e em mim quase todas as noites.

-Você não tem uma irmã mais nova?

-Kim tem a sua idade, na verdade. Uma noite ele partiu pra cima dela, bateu em seu rosto e ele ia espancar ela. Eu corri, peguei a espingarda dele e a destravei. Apontei para ele e disse que atiraria se ele não saísse daquela casa naquela mesma noite.

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