Capítulo 13

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NO MÊS SEGUINTE

Era quinta feira, perto das seis da tarde e eu optei por pegar o metrô até o Harlem, saltando bem próximo ao meu destino: o orfanato onde Zara estava. Passei em uma confeitaria pouco antes do orfanato e peguei uma fatia de torta de morango com creme para a viagem.

Respirei fundo quando notei o sedan marrom de Nick parado pouco depois do portão do casarão, mas entrei mesmo assim, quando minha entrada foi autorizada pelo interfone.

-Vee! - meus ouvidos encontraram o som de sua voz me chamando alegremente e logo vi seu pequeno corpo correndo em minha direção. Ela colidiu em minhas pernas abraçando minha cintura e eu logo a peguei.

-Olá, meu doce! Que menina cheirosa! - falei fazendo graça, cheirando seus ombros. Pelos cabelos úmidos e o pijama limpo, presumi que havia tomado banho recentemente. Ela gargalhou quando fiz cócegas e logo abraçou meu pescoço com força.

-Parece que faz um tempão que não vejo você, Vee! - ela falou e eu ri

-Eu estive aqui há dois dias, menina. - comentei e a ouvi rir. Ergui meus olhos ao sentir uma presença e encontrei Amaro parado, encostado no batente da porta. Ele não tinha mais o paletó, a camisa estava um pouco amassada e a gravata mais afrouxada, o que me disse que ele estava brincando com Zara.

-Detetive Castille, você não morre depois de hoje. Estávamos falando exatamente sobre você - ele comentou e eu arquei minhas sobrancelhas - Zara estava me perguntando se eu poderia levá-la para almoçar amanhã e se você poderia ir junto. O que nos diz? - perguntou. Seu tom era diferente de como vinha sendo, supus ser pela garotinha.

-Eu acho ótimo! Você já deu sua ideia ao diretor? - perguntei e ele negou, dizendo que faria isso em breve.

Meu relógio marcava oito da noite quando saímos do casarão. Zara demorou a dormir, então foi uma luta para sair. No fim das contas, ela capotou quando Nick a segurou nos braços e começou a balançar enquanto eu terminava de ler mais um trecho de Alice no país das maravilhas. Quando conversamos com o senhor Vives, diretor do orfanato, ele nos autorizou a levar Zara amanhã após a escola e completou com um "Vocês seriam pais incríveis para aquela garotinha. Levem-na para se divertir sempre que quiserem!" Nick e eu coramos, foi inevitável.

-Então, carona? - Amaro perguntou quando me virei após bater o portão. Ele tinha as mãos nos bolsos do terno e me observava com cautela. Suspirei antes de responder:

-Precisamos conversar. Só espero que você não atire o carro contra uma árvore.

Ele sorriu, então se virou e caminhou um pouco mais a frente antes de parar ao lado do carro e abrir a porta do passageiro. Revirei os olhos e lhe olhei feio.

-Eu queria me desculpar antes de qualquer coisa, fui um idiota naquela noite.

-Sim, você foi.

-Não vai se desculpar pelo soco que me deu?

-Acabou de admitir ter sido um idiota o que justifica o meu soco. Não force a barra!

-Tudo bem! - aceitou soltando uma risada nasalada. Ficamos em silêncio por alguns minutos até que ele voltasse a falar - Você chegou faz só dois meses. Sei lá, você parece uma ventania sem direção.

-É melhor explicar antes que leve outro soco, Amaro!

-Quero dizer que você desorganiza tudo, deixa tudo uma bagunça pra todos os lados e mesmo assim eu sinto que gosto dessa bagunça toda.

-Hum, pare ou vou entender como uma declaração de amor! - zombei ganhando outra risada.

-Então, posso dizer a Don que estamos bem?

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