capítulo 4

198 14 10
                                    

Elliot estava calado, parado ao pé da cama, sem tocá-la ou sequer olhar muito para ela. Ele sabia que ela não iria simplesmente agir como se tudo estivesse bem e também sabia que aquele não era o momento para terem a conversa sobre ele ter ido embora e, principalmente, havia muito mais sobre ir embora que ele queria conversar com ela. Stabler sabia que ela com certeza teria se envolvido com alguém enquanto esteve fora, ela tinha um filho e provavelmente esse filho tinha um pai. Um que ele se perguntou onde estava.

Verity tocou o braço do pai e se retirou mais uma vez da sala, mas daquela vez, saindo do hospital. Pegou o primeiro táxi que passou e voltou para o hotel.
Quando a porta do quarto se fechou atrás dela, tudo o que ela pode fazer foi pegar o celular e discar o número de sua mãe.
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Cinco toques até que o rosto de Isobel tomou conta da tela e Verity inalou todo o ar que conseguiu antes de sorrir. Ela reconheceu as paredes de casa, como imaginava, deveria ser por volta da uma da madrugada em Honolulu e ela se sentiu ligeiramente culpada por, provavelmente, ter acordado sua mãe. Mas Isobel não parecia nem um pouco chateada quando lhe deu um daqueles enormes sorrisos.

-Se eu estiver certa, são sete da manhã por aí e você está jogada na cama do hotel e eu acho, que você já deveria estar indo pra delegacia. - Sua mãe comentou em um tom de zombaria, arrancando um sorriso sincero de Verity

-Muita coisa está acontecendo desde que cheguei, mãe. E como estão por aí? Eu sinto muito não ter ligado antes, estava atolada por aqui e mal tive tempo para uma refeição até algumas horas atrás. - se desculpou, vendo sua mãe acender a luz do abajur do escritório de casa e se acomodar no sofá. Verity imaginou que Valentine estaria dormindo àquela hora e entendia que Isobel não o queria preocupar, já que Verity ligar pela madrugada era confuso e preocupante.

-Um caso ou dois tirando um pouco do nosso sono, mas temos as coisas sob controle. Sentimos sua falta, bebê! - a mais velha comentou emocionada.

-Mãe, eu tenho trinta e cinco anos, vamos! - Verity reclamou, vendo sua mãe dar um sorriso triste. - Eu também sinto sua falta, mamãe. - admitiu depois de um suspiro - Deus, como eu queria abraçar você agora. Está tudo tão… conturbado aqui e eu não sei, eu só… - ela para de falar, sentindo a bile voltar e um sentimento arrebatador atingi-la com força. Uma lágrima foi derramada e ela se esforçou para que aquela fosse a única.

-Eu estou pegando o primeiro voo pra Nova York assim que o dia clarear! - Isobel avisou, mas Verity rapidamente negou

-Não, mãe, não. Você não precisa deixar tudo só porque eu estou chorando. Apenas algumas emoções acumuladas.

-Eu vou e está acabado! Tenho quase dois meses de férias acumuladas desde que você foi pa Roma e agora que está em Nova York, eu estou passando alguns dias ai. - Isobel afirmou. Ela viu quando Verity suspirou, impedindo mais lágrimas de caírem e foi então que ela soube, que algo estava realmente errado. Isobel sabia que Verity pediu transferência para a polícia de Nova York junto com seu pai, recém encontrado, e Isobel fez algumas ligações, sem que sua filha soubesse, para agilizar o processo. Então, quando Elliot ligou para Isobel e contou sobre sua mãe biológica, por mais enciumada que a espanhola tenha ficado, ela sabia que Verity precisava daquilo. Respostas. E um laço com sua mãe biológica.
Mas a forma como Verity parecia realmente acabada naquela vídeo chamada, a abalou, aquilo disse a ela que sua filha precisava dela muito mais do que pensava em admitir. E Isobel não a questionou durante a video chamada, mas enquanto falava com a filha e procurava um meio de fazê-la esquecer um pouco do que quer que estivesse acontecendo, ela usava o notebook à sua frente para enviar um e-mail a sua equipe e seu chefe, avisando que estava se autodeclarando de licença por tempo indeterminado dentro de seus dois meses acumulados. Ela comprou passagens para Nova York, com voo programado para pousar no JFK no dia seguinte às dez. Então procurou rapidamente no site do hotel onde Verity estava e encontrou, por sorte, uma suíte disponível. Ela fez a reserva pela internet e assim que desligou, depois de perceber que Verity havia caído no sono, ela subiu. Encontrou seu marido acordando e só então percebeu que já passava das três da manhã em Honolulu. Mas ela não se importava, ela não foi tão paciente enquanto arrumava uma mala de rodinhas e uma bolsa de mão com coisas necessárias e, por pouco, não se irritou com Valentine e suas várias perguntas. Ele perguntou se Verity estava bem e se ele seria necessário em Nova York, mas Isobel o acalmou e disse que ela só precisava do colo da mãe. Ela passou o resto do tempo até o voo, pensando se deveria levar algumas coisas da filha que ficaram em casa e optou por apenas um de seus muitos pendrives com memórias. Enviou uma mensagem quando seu voo foi anunciado, já no aeroporto, avisando a Verity que estava embarcando e pouco antes de precisar desligar o aparelho, ela recebeu um “Ok, obrigada, eu te amo, mãe”.

Laços ocultosOnde histórias criam vida. Descubra agora