Capítulo 2

241 16 9
                                    

DE VOLTA A 16° NYPD

-Eles não estavam exatamente tentando se esconder. Aparecem em cada câmera do prédio desde o apartamento até a portaria. O porteiro foi nocauteado e preso no armário de limpeza. - Nick falou enquanto mexia em seu ipad. Todos estavam reunidos na sala de conferência, cada um preso em uma tarefa, em prol de encontrar Olivia.

-Temos a placa da vã, na verdade, ela foi deixada em um beco do Brooklyn. Já mandei policiais para lá e a perícia. Também mandei patrulhas para a área, vão nos avisar se acharem alguma coisa. - Carisi informou, girando a caneta entre os dedos.

-Ela foi levada às dez da noite passada. Acha mesmo que estariam no Brooklyn? O serviço de porco é só uma fachada. Sejam quem for, querem que pensemos que são amadores em retaliação. Nenhum sequestrador picha a casa da vítima como fizeram no apartamento dela, isso claramente não é o que parece! - Verity falou, compassadamente. Nick a encarou, observando. Ele estava fazendo muito isso desde que a conheceu, se perguntando como alguém poderia ter tanto controle como ela; simplesmente não havia emoção alguma. Seu rosto mal se movia além dos olhos e da boca, não havia expressões.

-Castille pode estar certa. Procurem nos registros qualquer coisa parecida e continuem na busca por um novo veículo, se tiverem mesmo saído do Brooklyn, eles tem um novo. - Don ordenou e saiu.

Horas e mais horas e mais horas. Já era noite mais uma vez e tudo o que eles tinham era a placa parcial de um furgão branco saindo do Brooklyn perto da meia noite.
Elliot e Verity conheceram rapidamente o ADA Rafael Barba, ele que prometeu a eles todos os mandados que precisassem para trazer sua amiga de volta. Ele ficou na delegacia o tempo todo, ajudando, lendo todos os documentos e casos que poderiam ter qualquer ligação com o acontecido. Elliot o observou por um tempo, se perguntando se todo o pavor e preocupação que emanava do promotor era como a dele, como um homem apaixonado, ou como um amigo, e chegou a conclusão de que ele era muito mais do que um amigo. Ele era como o irmão de Liv. O tipo de cara que estava disposto a arriscar tudo por sua família, e ele viu nos olhos do promotor, que Liv era sua família. E Elliot não poderia ser menos grato por Olivia ter pessoas que realmente estavam dispostas a tudo por ela. Ele esperava que ela soubesse, apesar de tudo, que ele também era uma dessas pessoas. Verity era uma dessas pessoas. Mas ele apostava que ela não fazia ideia disso, ela não fazia ideia que ele havia encontrado-a.
Cinco anos atrás, em Roma, ele conheceu Verity Castille, transferida do Hawaii para a força tarefa do NCIS na Itália. Ninguém sabia sobre o NCIS, nem mesmo Don.
Verity era novata no NCIS, mas era como se ela trabalhasse para os federais a vida toda. Eles trabalharam bem juntos e criaram um laço, um que Elliot podia sentir desde o começo, como se ela fosse uma parte dele, sentia como se estivesse com Mooren ou Katleen. Então eles tiveram a conversa sobre famílias em um bar, tarde da noite depois dela quase ter sido baleada. Ela contou a ele sobre ter sido adotada quando tinha seis anos, ela se lembrava de estar no sistema de adoção, se lembrava de uma mulher visitá-la todas as noites de terça-feira no orfanato no Queens e isso o lembrou de todas as terças-feiras quando ele e Liv estavam no colegial e ela fugia dele depois da aula e aparecia chorosa na manhã seguinte, isso aconteceu até eles entrarem na academia de polícia e ela ter um ataque de pânico em um dos treinamentos e depois, simplesmente parou.
Verity contou a Elliot sobre ter sido adotada por Isobel e Valentine, contou a ele sobre sua mãe ter, de fato, mexido alguns pauzinhos para sua filha ir para o NCIS e os dois riram da naturalidade daquilo. Ela contou a ele sobre ter tido, por muito tempo, vontade de conhecer seus pais biológicos e brincou sobre ela ter os olhos iguais aos dele e ele disse a ela que ficaria feliz se Katleen ou Mooren fossem tão centradas e responsáveis como ela e os dois riram. Então Elliot a encarou por um tempo, detalhando o rosto da mais nova e pensou que poderia ser a quantidade de álcool em seu sangue, mas o rosto de Verity lembrava Olivia. Seus lábios eram finos e delineados como os dela, as sobrancelhas finas e escuras, a ponta do nariz como uma bolinha e era tão perfeito quanto o de sua antiga parceira. Então ela olhou para ela em um todo: O cabelo castanho e curto nos ombros, tão alta quanto ele se lembrava que ela era e os olhos que, apesar de serem tão azuis quanto os dele, tinham o mesmo olhar. Ele começou a se sentir como um louco, contando em sua cabeça a idade de sua parceira em Roma e a época em que ele e Olivia se envolveram no colegial. A viagem para a casa da avó na Virgínia durante alguns semestre… Ele se lembrava dessa viagem, ele ficou preocupado, era meio do período de aulas e ele imaginou se ela iria repetir o ano por conta da viagem. Ela ficou fora por quase nove meses e sempre que ele tentava falar com a conhecida alcoólatra mãe de Liv, ela lhe dizia a mesma coisa: “Ela precisou resolver alguns problemas e está com a avó na Virgínia. Não se preocupe, Elliot, ela vai voltar assim que tudo for resolvido.”
Ele encarou Verity mais uma vez e, naquela noite quando voltou para o hotel, buscou em todos os bancos de dados sobre os hospitais da Virgínia em 1984 e se surpreendeu quando encontrou a ficha de sua antiga parceira. Deus, ela deu a luz. Ela estava grávida. Eles tiveram uma filha e ela não contou a ele. Elliot procurou sobre o paradeiro do bebê, buscas e mais buscas por quase três noites seguidas, silenciosamente pedindo para que fosse verdade, porque algo dentro dele, queria que fosse verdade. E era. Ele encontrou a certidão de nascimento daquele bebê e lá estava, apenas um nome: Verity. Não havia sobrenome nem nome de pais registrados, apenas foi entregue assim para o orfanato. Mas, o que ele não entendia, era porque Olivia voltou a Nova York com o bebê, mas a deixou em um orfanato? Por que ela não contou a ele? Deus, Elliot teria dado tudo por aquele bebezinho, sua filha.
Ele contou a Verity, ele teve que contar. Não poderia viver sabendo que havia escondido a verdade daquela mulher. Então, foi como se tudo tivesse se tornado diferente, ele estava disposto a morrer por outra parceira, que não era Olívia, era a filha deles. A filha dele com Olivia. Eles tiveram cinco anos para se conhecer e ele a conhecia muito bem, conhecia seus pais adotivos e eles sabiam quem Elliot Stabler era, o que tornou tudo mais fácil para ele. Mas a pergunta saiu pelos lábios dela em uma noite no bar e ele se perguntou se aquele bar era o lugar onde eles sempre teriam conversas difíceis e amedrontadoras. Ela perguntou quem era sua mãe e quando ele disse o nome de Olivia Benson, o conhecimento brilhou nos olhos de Verity. Ela sabia quem era. A tenente mais bem condecorada da polícia de Manhattan, a detetive mais antiga da UVE Manhattan. Aquela mulher era conhecida em todas as delegacias de Nova York e ela se lembrava de sua mãe, Isobel, falando sobre um caso, quando ela ainda era adolescente, onde Benson trabalharia infiltrada para o FBI. Verity tinha certeza de que nem deveria ter ouvido aquela conversa, em primeiro lugar.
Algum tempo depois, semanas talvez, Verity e Elliot falaram sobre voltarem a Nova York, sobre os sentimentos de Elliot por Liv e sobre a estranha vontade de Verity de conhecer sua mãe, mesmo que fosse apenas para dizer “Oi, eu sou aquele bebê que você deixou em um orfanato trinta e cinco anos atrás, vadia.”

Laços ocultosOnde histórias criam vida. Descubra agora