Laços ocultos

Capítulo 6

O dia havia sido difícil, eles não tinham muita coisa sobre o suposto assassino, Zara não falava nada ao psicólogo designado e nem a assistente social. Cragen repreendeu Amaro e Verity por se envolverem demais com a garotinha, ele sabia como poderia ser difícil deixá-la ir no final e como seria difícil para a própria, ir embora. 

Elliot passou quase todo o dia fora com Finn, indo em todos os centros de refugiados e abrigos, mostrando a foto da menininha e procurando se alguém a reconhecia.

Amanda e Carisi estavam em um caso paralelo, eles acharam um caso arquivado de anos atrás, em Jersey, sobre crianças encontradas mortas e enfileiradas em uma lanchonete abandonada. Isso chamou a atenção deles, então rapidamente Don os havia designado para investigar, talvez houvesse relação com o caso atual.

Verity estava mexida, queria voltar ao hospital e ficar a noite com Zara, sabia como poderia ser difícil ficar sozinha naquela idade e principalmente, quando não sabia quem ela mesma era. Ela estava alheia a tudo ao seu redor, mas sabia que Elliot e Finn já haviam chegado e estavam cada um em sua respectiva mesa, assim como Nick, que parecia tão incomodado quanto ela. Hora ou outra ela sentia ele a observando e acabava encontrando seu olhar, eles conversavam entre si, ambos preocupados. Os dois reconheciam algo parecido no outro: uma dor antiga, Verity chutaria algo na infância e Nick imaginava que ela já tinha visto muita coisa ruim. É, ela já tinha visto coisas ruins para mais de uma vida.

-Eu sabia! - Verity foi puxada de volta para a realidade com a voz feminina que lhe atraiu. Ela ergueu os olhos e sentiu seu corpo relaxar instantaneamente - Você está tão concentrada nesse bendito relatório e com certeza não faz ideia de que horas são, não é? - a morena perguntou a ela e rapidamente, Verity buscou o relógio em seu pulso, descobrindo que já passava das oito da noite.

-Ei, Castille legal! - Elliot se levantou de sua cadeira e se aproximou para cumprimentar Isobel. Eles trocaram um rápido abraço e ela não deixou de zombar dele com "A quanto tempo você não dorme? Está péssimo!". Verity gostava da relação amigável que Elliot tinha com sua mãe adotiva, a fazia se sentir confortável e lhe dava uma certa certeza de que fazia parte das duas famílias. Ou, que eram uma família, todos eles.

-Eu perdi a hora, tudo bem. Não pode me prender por isso, senhora! - Verity reclamou, erguendo as mãos e jogando o corpo para o encosto da cadeira giratória.

-Não, mas posso te obrigar a comer aspargos no jantar! - Isobel rebateu, se aproximando e beijando sua cabeça. Verity inalou, sentindo a colônia única de sua mãe, esperando que aquilo pudesse tirar um pouco do peso que ela carregava naquele dia. Mas percebeu rapidamente, que precisaria de muito carinho da mãe quando chegasse no hotel, aquele caso mexeu com ela muito mais do que achava.

-Eu termino em cinco minutos, eu prometo. - ela afirmou, segurando as mãos da mãe em seus ombros e logo buscando de volta a caneta que deixou minutos atrás sob a mesa. Mas, antes que retomasse o trabalho, percebeu algo. -Oh, sim. Bom - começou, percebendo que tinha todos os pares de olhos nela, exceto de Elliot, todos curiosos com a aparição da mulher que ninguém, exceto Elliot novamente, conhecia.

-Quem é sua amiga, Castille? - Donald perguntou saindo de sua sala, antes que Verity continuasse. Ela ergueu as sobrancelhas, pensando se tinha tanta paciência para continuar a noite.

-Esta é minha mãe, Isobel Castille. - anunciou, sendo simples e sem mais detalhes. Não tinha certeza se queria que seus colegas soubessem que sua mãe é a diretora do escritório do FBI de Honolulu. E provavelmente a próxima vice-diretora geral.

-Aposto que ela te deu mais educação do que isso, Castille. - Finn zombou, recebendo um olhar da mais nova - Sou o sargento Tutuola, mas pode me chamar de Finn! - ele a cumprimentou, se aproximando e apertando sua mão cordialmente. Logo todos haviam feito o mesmo e sua mãe sabia o nome de cada um e seus cargos. Isso lhe deu tempo para terminar seu relatório e deixá-lo na mesa de Donald, que estava nas baias conversando com Isobel. Verity não pode impedir a careta, todos estavam bajulando sua mãe e ela se perguntou o porque.