Capítulo 5

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Parecia ter sido ontem que saiu com Shiro, mas já faziam cerca de duas semanas e, desde o ocorrido, Kirishima não deixou de pensar no dia. Não fizeram grandes coisas, todavia, significou muito no coração emocional do avermelhado.

-Kirishima? - Foi retirado de seu transe pela voz do garoto e olhou ligeiramente atordoado para ele, encontrando seu olhar curioso em si.

-O que foi?

-Eu que deveria perguntar, você parecia distraído.

-Apenas pensando em algumas coisas.

-Se você diz. - O menor dá de ombros e volta sua atenção ao pote em mãos.

Recentemente, Eijiro havia descoberto que Hyosora nunca experimentou sorvete, então prontamente comprou um para que pudesse ter essa experiência. Inicialmente, o adolescente estava hesitante, não gostava do avermelhado gastar consigo, mas após ver a expressão que recebeu quando estava prestes a negar, acabou aceitando.

A reação do menor foi previsível, mas não deixou de ser adorável na visão do maior, o de cabelos brancos fez uma careta pelo gosto gelado e sentiu um arrepio pelo mesmo motivo, contudo, continuou comendo do alimento. Estavam sentados em um banco numa praça pouco movimentada apenas se deliciando com seus sorvetes.

Enquanto Shiro parecia focado em sua missão de acabar com a comida, Kirishima observou que o rosto do garoto estava sujo no canto da boca, parecia uma criança com o sorvete em mãos. Agindo no impulso, aproximou-se do menor e levantou sua mão até a face alheia, tocando-a suavemente e passando seu dedo pela sujeira para limpar.

Hyosora estava paralisado, faziam anos que alguém não lhe tocava, ainda mais de maneira tão gentil. Todavia, tinha algo de diferente no toque de Eijiro, não conseguia explicar, mas gerou uma reação até então nunca antes sentida por si, um embrulho na barriga e um arrepio por seu corpo, além de uma estranha quentura em suas bochechas.

Percebendo ter ficado por tempo demais com a mão no rosto do garoto, Kirishima afasta-se nervoso, não compreendendo o porque de ter mantido o toque por mais que o necessário. Entretanto, ambos não podiam negar, foi algo extasiante e agradavelmente novo. Forçando uma tosse, o maior tenta disfarçar seu constrangimento.

-Então, o que quer fazer agora? - Shiro parece sair de seu transe e olha para a grama sob seus pés, escondendo seu rosto com a ajuda de seu cabelo.

-Talvez algo que não gaste do seu dinheiro.

-Já te falei que não me importo.

-E eu já te falei que não quero que gaste comigo. - Não era apenas uma questão de ser humilde ou de se sentir interesseiro.

Para Hyosora, o dinheiro significava muito mais do que para o avermelhado, visto que passava diversas dificuldades por conta de sua situação financeira deplorável, então achava algo fútil gastar com diversão, por mais que gostasse dessas saídas com o adolescente.

-Que tal se levássemos o Yaki para passear? Faz tempo desde que o encontrei.

Após serem devidamente apresentados, o canídeo e o herói criaram um certo laço emocional, principalmente após o maior levar Shiro todos os dias até sua casa sob a desculpa de querer ter certeza que chegou em segurança e acabar encontrando o cachorro na moradia, ficando alguns minutos para poder brincar com ele e fazer companhia para Hyosora por um tempo a mais.

-Não vejo problemas.

A dupla levanta de onde estava anteriormente sentada e joga seus potes de sorvete numa lixeira próxima para, então, tomarem rumo em direção à suposta casa do menor.

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