Estava quase no horário do roubo e Hyosora terminava de colocar as armas de luta corporal em pontos estratégicos de seu corpo com a ajuda de suportes feitos por ele mesmo, que guardavam objetos que iam desde um soco-inglês até facas.
Enquanto ajeitava seu moletom para esconder as armas com um auxílio de uma lanterna fraca, escutou um latido ao seu lado e conseguiu ver a silhueta de seu cachorro de porte médio o olhando.
-Não, você não vai comigo dessa vez, Yaki. É muito perigoso para você. - O canídeo late novamente e solta um choramingo. - Eu vou ficar bem, sabe que sempre volto. - O garoto segue até um espelho quebrado e avalia sua aparência.
Seu moletom desbotado, sua calça rasgada de forma não proposital e seus tênis surrados já eram sua marca registrada. Amarrou seu cabelo em um rabo baixo, alguns fios rebeldes caíam em seu rosto, nunca foi alguém vaidoso, na verdade nem se importava com sua aparência um tanto quanto exótica.
Seus olhos amarelados quase dourados com pupilas felinas e seu cabelo branco de nascença chamavam a atenção, mesmo numa sociedade tão diferente quanto a que vivia. Sua altura era mediana e seu corpo era mais magro do que o recomendável, mas não era algo que o incomodava, nada além dos roubos o importava.
Exceto, é claro, seu fiel companheiro Yaki. Havia encontrado o cachorro fazia quatro anos, estava caminhando debaixo de uma chuva quando o encontrou encolhido num beco, era apenas um filhote que foi abandonado ao mundo assim como Hyosora. O garoto resolveu levar o cachorro consigo, não sabia como iria o alimentar, já que o dinheiro mal dava para si, mas daria um jeito.
No fim, Yaki acabou sendo um parceiro em alguns roubos, somente naqueles que o adolescente tinha certeza que não corriam risco, não gostaria nem de pensar na possibilidade de perder a única companhia que tinha, seu melhor amigo.
Colocando o capuz sobre a cabeça, arrumando sua máscara e luvas, o garoto deixa o local que chamava de casa, mas que passava longe dessa nomenclatura. Era um sótão escuro, úmido e apertado de uma loja abandonada, o lugar tinha um buraco na parede onde Hyosora entrava e saía, descendo por algumas caixas e lixeiras que improvisavam uma escada.
A abertura era fechada por um pedaço de madeira nada confiável, contudo, era o que tinha. Ninguém iria invadir o local, a loja tinha fama de assombrada, o que era um ponto positivo na visão do jovem. Para sua sorte, havia uma pequenina janela por onde o vento entrava, ajudando nos dias quentes e piorando a situação nos frios.
Caminhando pelas ruas escuras e desertas, o adolescente chegou no ponto de encontro, onde conseguiu avistar uma figura chegando praticamente ao mesmo tempo que si. Vestia roupas escuras, parecia maior e mais velho.
-Então você é o famoso Leopardo Branco? Sempre tive curiosidade para o conhecer.
-Dispenso apresentações, vamos ao que interessa. Você vai distrair e ficar de vigia, se algo acontecer irá me avisar, tenha em mente que a missão é mais importante do que qualquer coisa.
-Tudo bem, você é bem direto.
Sem prolongar a conversa, Hyosora pula pelos telhados até estar em frente ao prédio, onde podia ser notado alguns heróis tentando falhamente se disfarçar e não chamar a atenção.
O garoto já havia ido ao local antes e traçado uma rota, mas agora parecia mais arriscado. Não era um imóvel de tamanho grandioso, o andar que deveria entrar possuía uma janela bem próxima a um telhado, então não seria difícil entrar. Entretanto, não sabia o que teria dentro.
-Vamos entrar por aquela janela aberta e procurar por uma porta dupla.
-Podemos utilizar minha individualidade.
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Eterno Temporário
FanficO mestre do silêncio e da discrição, com habilidades excepcionais mesmo sem ter uma individualidade, o gatuno misterioso, esse era o Leopardo Branco, ou para os mais íntimos, Hyosora Shiro. Um garoto de quinze anos que vive nas ruas do Japão em bus...