Capítulo 11

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Point Of View
Cheryl Blossom

Acordo assustada no meio da noite, não sei o que tinha acontecido e quando abri os olhos as coisas pareciam quietas. Chequei as horas no relógio, confirmando que era de madrugada, quatro e cinquenta da manhã. Toco minha têmpora, sentindo-a latejar um pouco devido ao machucado, mas nada insuportável ou que me interessasse, já que a princesa, que deveria estar dormindo ao meu lado, não estava e eu não via sinal algum de seu corpo. Me levanto da cama no mesmo segundo, olhando para cada canto escuro do meu quarto e agradecendo que as cortinas ficaram abertas, possibilitando que as luzes de fora do castelo iluminasse um pouco aqui. Vejo que a porta do banheiro está encostada e uma fresta de luz sai lá de dentro, vindo para fora.

-Toni?! - Chamo-a, torcendo que ela estivesse lá.

-Estou aqui. - Respiro aliviada, confirmando que, sim, devido à sua voz que veio do banheiro, ela estava ali.

Caminho calmamente até a porta, dou algumas batidas na madeira com o nó do dedo indicador direito e a porta é aberta por Toni, limpando o canto dos olhos com os dedos. Franzo o cenho, chegando mais perto dela.

-Tudo bem? - Pergunto, baixo. Ela me olha, seus olhos brilhando e o nariz um pouco vermelho, então nega com a cabeça, mas antes que eu tentasse fazer algo a respeito, seu corpo passou pelo o meu e foi para perto da cama.

-Como está seu corte? - Não respondi de imediato, apenas andei para perto dela a tempo de vê-la mexendo distraidamente em meu travesseiro. -Acha melhor fazer outro curativo?

-Está ótimo. - Respondo, vendo no mesmo segundo ela largar o travesseiro, ir para perto de mim, ficar na ponta dos pés e virar o meu queixo para o lado, observando minha têmpora.

-Não parece ótimo para mim. - Franzo o cenho, dou as costas e caminho até o espelho do banheiro. Vejo que, realmente, tem uma mancha pequena de sangue bem no meio do curativo que Toni fez em mim. - Eu vou fazer outro. - Me viro para ela.

-Você precisa dormir. - Ela revira os olhos.

-Eu preciso, mas não vou, porque você está com um corte de uma faca desconhecida e que pode infeccionar. Senta na cama.

-Toni, não preci...

-Cheryl, isso é uma ordem. - Fico olhando para ela durante algum tempo, não entendendo que preocupação desnecessária era aquela. - Anda.

Suspiro, desistindo de teimar com ela, pois provavelmente aquela era uma maneira de se distrair de tudo o que aconteceu. Me sento na borda da cama, da mesma maneira que fiz para ela fazer o primeiro curativo. Rapidamente, Toni busca o kit de primeiro socorros, deixa ao lado do meu corpo, procura alguma pomada e me entrega para eu segurar o tubo.

-Está com fome? - Pergunto qualquer coisa para quebrar o gelo e Toni não responde. Faço uma careta ao senti-la retirar a fita do curativo, ardeu um pouco.

-Não está feio, eu só acho que fiz ou limpei de maneira errada. Desculpa. - Seus lábios se apertam e eu nego com a cabeça.

-Está tudo bem. - Sussurro e os lábios da Toni tremem enquanto ela nega com a cabeça. Franzo o cenho, confusa. - O que foi?

-Não está tudo bem, Cheryl. - Ela diz, com as mãos começando a tremer também. - Não está. Eu não faço nada direito, eu só piorei tudo, e-eu...

-Ei. - Pego sua mão entre as minhas e puxo seu corpo o meu, abraçando seu tronco. - Não faça isso consigo mesma, você não fez nada de errado. - Sinto ela negar com a cabeça mais algumas vezes antes de seu corpo só desistir de tentar se afastar de mim. Seus braços circulam meu pescoço, me abraçam fortemente e a ouço fungar baixinho.

Não existe o Certo, existe o NósOnde histórias criam vida. Descubra agora