Capítulo 2

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Point Of View
Cheryl Blossom

Arrumo minha cama, pela primeira vez tocando nestes lençóis inesperadamente macios, brancos e confortáveis. Não faço ideia do porquê de eu achar que dormir em um quarto em um castelo não sendo uma integrante desta monarquia política, Real e elegante, seria desconfortável. 

Eu realmente achava que eu dormiria com os outros, mas, em um ato de consideração que me fez sentir altamente privilegiada e, ao mesmo tempo, respeitada, eu não estou dormindo em um dormitório com os outros guardas. Eu agradeço imensamente à quem organizou isso. Seria desagradável ser a única figura feminina em um quarto cheio de homens que ou têm mulheres sexualmente frustradas os esperando em casa, ou não tocam em uma mulher há meses, e além do mais, até parece que eu gostaria de ficar aguentando a raça que eu mais odeio por tanto tempo ou de ficar ouvindo as conversas que guardas devem ter com outros guardas. Eles parecem arrogantes. Não conversei com todos, só com o tal do Reggie e o que me explicou as regras e me treinou, e como ambos são intensos, não acho que com os outros seja diferente.

Me cubro dos pés a cintura, pensando em como cheguei aqui, fecho os olhos e respiro fundo. Um par de olhos castanhos aparece na minha mente e é o suficiente para eu abrir meus olhos no mesmo segundo. Me sento rápido na cama, respiro fundo de novo e deito minha cabeça no travesseiro em não sei qual tentativa de esquecer o que aconteceu há cerca de quinze minutos atrás. 

Eu sinto como se, quando chegasse minha folga e eu voltasse para a minha casa, ou eu não vou querer mais voltar aqui, ou eu vou querer voltar, e muito.

Sério, por que essas coisas só acontecem comigo? É como se eu estivesse trabalhando em uma empresa de advocacia e minha gerente estivesse na minha cola para lhe entregar algum trabalho desnecessário, mas que ela quer que ele exista e que, principalmente, seja feito por mim.

Isso tudo é muito estranho. E desconfortável. E louco. 

É como se Toni estivesse procurando se ferrar de algum jeito. Ela poderia apenas esquecer do que aconteceu naquela noite. Foi incrível, mas isso não convém, e agora aquela desgraçada me beijou e eu não consigo parar de ir e voltar para a noite de 27 de julho. Essa maldita atração carnal vai acabar me matando um dia desses e tudo isso é muito perigoso. Ela é uma princesa, então, sério, que merda ela quer comigo? O meu corpo, em um replay daquela noite e que só vai se resultar em mais paranóias?

Não faço ideia de como sair dessa. Eu aceitei o trabalho; vivo por este trabalho a partir de agora, e estive sendo treinada desde que resolvi não deixar o meu pai ir em vão, além de claro não pensar duas vezes assim que vi o salário. Como eu posso fazer isso com ela aqui? Como eu posso fazer isso com, Toni Topaz, a garota mais gostosa com quem já fiquei, mas que agora eu descobri que é uma princesa? Eu fui tão burra a minha vida inteira a ponto de me auto-sabotar sem ao menos saber que eu estava me auto-sabotando por não ter pesquisado sobre a família Real desde o falecimento de meu pai? 

Eu me lembro de ter visto fotos por aí, quando a princesa ainda era muito nova, mas que não dei muita importância. Nunca me imaginei estando aqui; sempre me imaginei viajando por aí com um carro daqueles antigos ou uma moto rápida, igualmente antiga. 

Depois que meu pai morreu, meus sonhos mudaram e agora meu único objetivo de vida é honrar seu nome, sobrenome e nossa linhagem de guerreiros, além de pensar, é claro, que viver viajando pelo mundo não traria sustento para a minha família. Minha mãe acamada, tenho um irmão mais novo que ainda é uma criança… Eu não me sinto vazia ou incompleta por ter jogado meus sonhos fora, porque na verdade, eu me sinto bem feliz, mesmo que às vezes me pegue pensando em como seria se eu tivesse aceitado a proposta de meu irmão mais velho, Julian, e ter fugido de casa aos 15 anos. Isso aqui, esse emprego, é bem mais sério do que ficar fazendo trabalhos temporários, como ser garçonete de uma lanchonete por uma semana ou a bartender de um bar numa boate milionária... sem falar que ganho bem mais do que só cento e cinquenta libras por serviço.

Não existe o Certo, existe o NósOnde histórias criam vida. Descubra agora