Não existe o Certo, existe o Nós

Capítulo 1

Point Of View
Toni Topaz

Entro em meu quarto já tirando os saltos, odeio que minha mãe, a rainha, me obrigue a utilizá-los nas reuniões. Por que eu não posso usar tênis? Muito mais confortável, sem contar que ninguém fica olhando para os meus pés. Entro no banheiro da suíte e tiro minha blusa, jogando ela no cesto de roupa suja e depois a calça. A camareira que servia os filhos do rei, Marlee, iria recolhê-las para lavar mais tarde, como sempre. Olho para o espelho e os olhos castanhos da nova guarda voltam em minha mente, mordo o lábio inferior, relembrando do dia 27 de julho que, sem sombra de dúvidas, havia sido uma das melhores noites da minha vida. Escuto uma batida leve na porta, primeiramente achei que era a camareira, mas logo uma voz tão conhecida se fez presente e arrancou um sorriso meu. 

-Topaz? Posso entrar? 

-Estou me trocando, Veronica. 

Veronica Lodge, filha da Ministra e minha melhor amiga. 

-Melhor ainda. - Escuto sua voz e a porta sendo aberta. 

Reviro os olhos e vou até o closet, colocando um short jeans e camiseta larga. O que foi? Não é porque eu sou uma princesa que fico de vestido o dia todo. Apenas quando há visitas importantes pelo castelo ou quando terá reuniões que preciso participar, o que não é o caso, Veronica passa mais tempo aqui do que na própria casa. 

-É por causa dessas atitudes que sua mãe vem me perguntar se a gente não tem algo. - Digo, saindo do closet e me sentando na cama, sendo acompanhada da morena. - Não só ela, como a mídia. 

Ser uma figura de tamanha relevância significava ver pelos jornais ou revistas de fofocas tudo o que suponham de você, e há dois meses atrás saiu na capa de várias revistas e páginas de fofocas que a princesa de Arnor estava tendo um caso com a filha da Ministra. Eu e Veronica rimos muito com as especulações, eram sempre fotos nossas saindo do carro da Hermione, que nos deixava em festas privadas sem que meus pais soubessem (mas que depois eles acabavam descobrindo devido a estas mesmas páginas), ou então em algum restaurante que nós gostássemos.

-O mais engraçado foi que você precisou sair com aquele príncipe de Illea para abafar o caos que se instaurou. - Veronica diz e eu reviro os olhos. - Seu pai não queria olhar para a minha cara até que os boatos passassem. Como era mesmo o nome do príncipe? 

-Não lembro, ele pediu para que eu o chamasse de Jughead. - Respondo, dando de ombros. - Ainda bem que meu pai nunca quis alguma aliança com Illea, ou não duvido que ele pediria para que eu me casasse com ele e somos muito diferentes. 

-Mas ele era bonito e pelo o que eu me lembre, você beijou ele porque quis. 

-Já estávamos lá, não é sempre que eu tenho essas oportunidades, você sabe disso. - Respondo revirando os olhos, era um saco não poder sair como uma pessoa normal, todos tinham receio de um ataque contra a monarquia e sair por aí como um morador comum de Arnor não seria a coisa mais inteligente. 

-Bem, você bem que podia arranjar um encontro para mim com ele… - A latina diz, arqueando as sobrancelhas. - Se ele vier para cá um dia novamente… 

-Fica a vontade, todo seu.  

Saímos do meu quarto para ir para a cozinha, eu estava com vontade de comer biscoitos com gotas de chocolate que apenas a Rose, minha cozinheira favorita do palácio, sabia fazer. No caminho, Veronica ia me contando sobre a festa que havia ido ontem e do rapaz que ela havia ficado. No corredor, vejo a guarda novata, ela estava com a postura ereta, assim como os guardas distribuídos pelo caminho. Vi seu olhar nos acompanhar pela visão periférica e sorri em sua direção, ela corou e fechou os olhos, respirando fundo.