Capitulo 3

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~ 1812 ~

As serviçais organizavam cada canto da casa para o futuro jantar de casamento. As mesas eram movidas, as cadeiras arranjadas, e até alguns móveis trocavam de lugar.

— Esse banco vem para esse lado. —  dizia minha mãe, indicando o lugar desejado na sala.

Enquanto isso, ao longe, eu me balançava sozinha em um pequeno balanço de madeira preso a um tronco de árvore, indo e voltando como a brisa do vento.

— Sozinha? — A voz serena da minha irmã me alcançava por trás.

— Pensei que estivesse ajudando a nossa mãe — respondi, finalmente parando o balanço e apoiando os pés na grama.

— Sabe como a mamãe é, ela nunca se decide com as próprias escolhas. Eu também não gosto desse tipo de evento. — minha irmã me acompanhou, afastando-me do balanço e sentando ao meu lado vago.

Encostei minha cabeça em seu ombro, buscando conforto ali.

— Eu só queria morrer...— minha fala exaltou minha irmã, mas fui interrompida.

— Está maluca? Vire essa boca. Não deseje o absurdo. — ela me repreendeu.

— Você sabe que essa crença da nossa família é uma loucura. — ergui a cabeça, olhando para ela indignada.

— Mesmo assim, só nos resta aceitar. Não há nada a ser feito, infelizmente. — ela respondeu, resignada.

Logo, a presença repentina do nosso tio se aproximando nos deixou desconfortáveis.

—  Olha só, como estão as minhas garotas? — sua voz ecoou, quebrando o silêncio tenso que se instalara entre nós. Havia um tom de familiaridade, mas também uma sugestão de autoridade, como se estivesse inspecionando algo além das simples tarefas domésticas.

Um calafrio percorreu minha espinha enquanto eu tentava sorrir e responder de maneira educada, mas por dentro, uma sensação estranha me deixava inquieta, como se houvesse algo errado que não conseguíamos identificar.

Ao vê-lo próximo tento manter a compostura, mas o meu nervosismo era evidente — Tio, acho que preciso esclarecer algo...

Sua face rasa me interrompia com um sorriso forçado — Não precisa se preocupar, minha querida. Estamos todos ansiosos pelo nosso grande dia.

Sua fala fala me deixa ainda mais nervosa, mas reúno toda a coragem que ainda me resta e digo — Mas, tio, sobre essa... essa promessa de casamento... — Como se soubesse que eu iria novamente contra, sua face ligeiramente endureceu — Lenora, querida, você sabe que é o melhor para a família. Para a nossa família. — Agora ele estava próximo o suficiente para acariciar as me mechas do meu cabelo com a mão direita. Mesmo desconfortável, intervia afastando a sua mão, permanecendo a falar:

— Mas... eu não escolhi isso. Não é justo.

— Às vezes, nossas escolhas pessoais precisam ser deixadas de lado em prol do bem maior.

— Mas e o meu próprio bem? E os meus sentimentos?

— Você aprenderá a apreciar essa união, minha querida. Confie em mim. — Ele beijou a minha testa como forma de "preocupação". Ainda assim, engoli o seco e o respondi sem questionar:

𝐌𝐲 𝐑𝐨𝐦𝐚𝐧 𝐄𝐦𝐩𝐢𝐫𝐞 | 𝗦𝗮𝗺 𝗪𝗶𝗻𝗰𝗵𝗲𝘀𝘁𝗲𝗿Onde histórias criam vida. Descubra agora