Farm.

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Skyler Lombardi

| 6 anos atrás.

Wilbur Farm • Florença, Itália.

Eu continuo sentada na grama enquanto observo Cíntia e os seus diversos sobrinhos brincando a poucos metros na minha frente. Descobri que a mais velha tem três irmãs e dois irmãos e ela é a única que não tem filhos, apesar de ter uma grande vocação para ser mãe.

Estamos na fazenda dos Wilbur e eu fui praticamente arrastada a força para comparecer no local. Cíntia pensa que eu apenas fugi de pais abusivos, mas a minha história vai muito além disso. Eu pesquisei cada detalhe deste lugar, cada estrada, cada vizinhança, donos, pessoas influentes, tudo. Somente dessa maneira eu dei o braço a torcer para vim e portanto, se alguém tentar algo contra mim, eu tenho diversas maneiras de fugir.

São seis sobrinhos no total, duas meninas e três meninos da minha idade, e uma menina de cinco anos. Eu não quero me enturmar, por isso estou longe e usando um chapéu bem feio, somente para ninguém ver meu rosto muito bem. Zayn também preferiu não se enturmar e está ao meu lado, na verdade nos últimos 15 dias o garoto está ficando muito ao meu lado.

Eu o trato com ignorância a maior parte do tempo para mantê-lo afastado, mas parece que ele já notou isso e não liga mais.

― Esse chapéu esconde suas sardas. ― Ouço Zayn resmungar e viro o rosto em sua direção, percebendo que ele está muito perto.

― Você está carente? ― Provoco e o mesmo não responde. ― O chapéu é para me proteger do sol.

― Eu já sei quando está mentindo. ― Cerra os olhos em minha direção.

― Se você diz. ― Dou de ombros e volto a olhar para frente.

Zayn se deita na grama e eu vejo que Cíntia olha para nós, dando um sorriso singelo em minha direção. Ela pensa que somos amigos, é claro.

- Ontem eu fui a um Strip Club. - Arregalei os olhos ao olhar para o garoto. - Peguei nos meus primeiros seios.

- Por que está me dizendo isso, seu pervertido? - Questiono irritada e vejo ele rir. - Isso é ilegal, você só tem quinze anos.

- Eu faço coisas piores do que pegar em peitos para alguém de quinze anos. - Resmunga e eu suspiro ao ver seu semblante mudar.

Minha mente me alerta de não ter qualquer aproximação com ele, mas minha curiosidade fala mais alto quando deito minhas costas contra a grana, tombando minha cabeça para sua direção.

- Como foi? - Questiono e ele me olha confuso. - Pegar nos seus primeiros peitos?

- Achei durinhos. - Comenta sorridente e eu não consigo reprimir a minha risada. - Você deveria tentar.

- Pegar em peitos? - Ri pelo nariz e ele dá de ombros. - Não gosto, obrigada.

- Você já teve um namorado? - Quis saber e meu rosto esquenta, por isso eu desvio o olhar.

- Não posso ter relacionamentos. - Resmungo.

― Você pode ter outro termo então. ― Brincou. - Lembra que somos aliados?

― Eu só fingi que sim para te agradar. ― Provoquei com um sorriso implicante e o mesmo gargalhou.

― Você é interessante, Skyler. ― Voltei a olhá-lo. ― Eu sinto uma coisa boa em você.

― Não deveria. ― Sussurro e Zayn vira o corpo de lado, dando toda a sua atenção para mim.

― E por que não? ― Me analisa e eu também viro meu corpo de lado para ele. ― Nunca vai me contar sua história?

― Talvez um dia. ― Minto.

Ninguém nunca ouviria o que eu passei, nunca.

Fecho os olhos quando sinto seus dedos tocando levemente o meu rosto. Meu chapéu desliza para trás e eu me sinto vulnerável, completamente vulnerável sobre o seu toque. Abro os olhos levemente quando sinto sua respiração contra o meu rosto e meu estômago se revirar com a sensação dele tão próximo.

Sinto a maciez dos seus lábios contra o meus e fecho os olhos novamente, Zayn coloca sua mão sobre a minha nuca e eu sinto sua língua deslizar para minha boca com a minha permissão. Não sei o que fazer, nunca fiz isso antes ou se quer conversei sobre com meninas da minha idade. Malik parece notar meu nervosismo quando gira sua cabeça e eu acompanho seus movimentos. Meu corpo se revira em uma sensação nova pra mim com o contato das nossas línguas, eu sinto meu ar faltando e então a memória do meu pai sufocando no próprio sangue toma conta de mim.

Empurro Zayn pra longe de mim e me levanto as pressas, percebo que Cíntia e seus sobrinhos não estão mais aqui e sumiram faz tempo. Sou impedida de dar outro passo quando meu braço e puxado para trás.

― Qual é o problema? ― Zayn me olha mais confuso do que nunca e eu puxo meu braço bruscamente, dando um passo para trás.

― Não chegue mais perto de mim. ― Disse rudemente. ― Nunca mais.

(...)


Saio do chuveiro quando já sinto minha pele se incomodar com a água quente, meu rosto está avermelhado e minha pele enrugada. Eu me seco e coloco as novas roupas que Cíntia trouxe, uma calça de moletom e uma blusa de manga. Coloco as meias devido ao frio que faz na dispensa e calço meus chinelos, saindo do banheiro em seguida. Atravesso o estoque rapidamente pelo o medo que o local fechado me trás e logo entro na loja.

Cíntia está revisando alguns papéis quando passo por ela, entro na dispensa e coloco minhas roupas usadas lá, pegando minha vasilha suja de comida e saindo novamente. Coloco a vasilha sobre o balcão e Cíntia ergue o olhar para mim.

― Sente-se aqui, Skyler. ― A mais velha aponta para o banco em sua frente.

Caminho até ela e faço o que a mesma pediu.

― Malik me contou o que aconteceu hoje mais cedo. ― Suspira e eu desvio o olhar. ― Você se sentiu violentada quando ele te beijou?

― Não. ― Resmunguei. ― Eu apenas já deixei claro que não posso ter relacionamentos com ninguém.

― Um beijo não é um relacionamento. ― Franziu o cenho.

― Mas futuramente pode chegar a virar. ― Disse séria, voltando a fita-la.

Cíntia relaxou os ombros e tombou a cabeça para o lado ao meu analisar.

― Você é muito madura, Skyler. ― Sorriu de canto. ― Mas a forma que age significa que passou por algo muito sério e eu me preocupo com isso.

― Não deveria.

― Você está entrando na adolescência, sair com garotos e beijar na boca é exatamente o que deveria estar fazendo. ― Negou com a cabeça. ― Eu sei que gosta da presença do garoto, apenas fingi que não.

― Não irei falar novamente, Cíntia. ― Desci do banco. ― Non posso correre di nuovo lo stesso rischio.

A mais velha uniu as sobrancelhas em surpresa ao ouvir as palavras saindo da minha boca. Eu suspirei pesadamente e saí do seu campo de vista.

Já passou da hora de eu seguir em frente.


* Não posso correr o mesmo risco novamente.

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