Capítulo 2

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Não achei que seria possível ficar com um sorriso no rosto por tanto tempo. Depois do pequeno "show" que aconteceu na frente da pizzaria, eu não conseguia parar de pensar a cada momento. Amélia e eu voltamos para casa falando sobre o acontecimento pelo caminho. Quando o assunto era carros a minha empolgação para falar aparecia como mágica. Meu pai sempre foi um amante de carros de luxo. Ele tem uma Porsche preta em casa que cuida como se fosse o seu bem mais precioso, mas posso dizer que já tive o prazer de pelo menos me sentar no volante e ligar o motor para ouvir o ronco. Meu pai nunca me deixou dirigir ela. Ele que me ensinou tudo o que sei sobre e com o tempo eu mesma fui pesquisando, sempre tive essa paixão por carros.

Além dela, meu pai também tem uma BMW cinza. Geralmente usa ela para ir ao trabalho e a denomina como o "carro da família". Foi essa que eu peguei para dirigir depois que tirei a minha carteira. Faz um tempinho que não pego no volante, mas a culpa é minha. Quase infartei papai pisando demais no acelerador. Não posso dizer que me arrependo. De acelerar, não de quase fazer meu velho infartar. Pelo amor de Deus.

Ele me "proibiu" de pegar em um volante se fosse para dirigir de forma irresponsável. Deixei um pouco de lado, porém a minha vontade reapareceu.

Estou na garagem de casa apreciando de longe a Porsche. Parece que ela está implorando para sair do cativeiro e ser acelerada pelas ruas.

— Você sabe que é linda, não sabe? — olhei para ela como se falasse com alguém. — Estou ficando louca, desde quando falo sozinha?

— Querida? — pulei de sobressalto com a minha mãe me olhando da porta da garagem. — Pensei ter ouvido algo. Está tudo bem?

— Sim, está. — respondo tentando disfarçar que estava falando com um carro. — Estava... procurando uma coisinha que deixei aqui na garagem, mas acho que não está por aqui. — abri um sorriso que tenho certeza que saiu forçado demais para convencer.

Passei pela minha mãe na porta e fui em direção a cozinha pegar um copo d'água para aquietar o meu coração pelo susto. Se meu pai me pega insinuando encostar na Porsche dele, ele me mata.

— Está com fome? Estou terminando o jantar. — disse ela mexendo em algumas panelas no fogão.

— Não, saí agora pela tarde para comer com a Amélia. — falei me sentando à bancada da cozinha. — A nova pizzaria que abriu, ficou sabendo?

— Acho que sim, não tenho reparado muito. Que bom que saiu para se divertir um pouco... estou achando você muito isolada no quarto. — olhou para mim parecendo preocupada. — Está tudo bem meu amor?

Olhei para minha mãe com o sorriso mais verdadeiro que consegui. Odeio deixar ela preocupada.

— Estou bem, não se preocupe. Eu te amo! — dou um beijinho na bochecha da mesma e subo para o meu quarto.

Tranquei a porta atrás de mim e vou em direção ao meu notebook. Sento-me na cama e começo a pesquisar sobre essas rachas que Amélia falou. Se eles realmente estavam sendo procurados pela polícia de forma urgente, deve ter muitas notícias, ou até mesmo vídeos. Exatamente o que eu estou querendo ver.

Cliquei em uma aba que chamou a minha atenção. Tinha alguns vídeos curtos, mas era possível analisar. Os vídeos não eram descritivos sobre o lugar, mas uma coisa que consegui perceber é que foram feitos e publicados de forma proposital nas redes sociais, por eles mesmos, como se quisessem atiçar as autoridades. Realmente gostam de brincar na cara do perigo.

Abri um vídeo de dez segundos e nele estava passando um carro em alta velocidade por uma rodovia enquanto quem estava filmando tentava acompanhar. E lá estava o Nissan GTR R-35 que passou na frente da pizzaria. Impossível não reconhecer, era o mesmo carro. No fundo se ouvia gritos de comemoração.

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