Capítulo 11

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Puta que pariu, caralho!

Meu pai era um mafioso? A porra de um mafioso? Só podia ser uma pegadinha de muito mal gosto com a minha cara. Todo esse tempo... ele mentiu pra mim. Será que a mamãe sabe sobre isso? Eu duvido muito.

Eu estava complemente paralisada na cadeira da mesa, deveria ter se passado em torno de uns 5 minutos do mais puro silêncio. Isso só pode ser mentira...

— Isso explica muita coisa. — Jacks falou, cortando o silêncio. — Quando Dante me falou que você era filha de Louis, eu fiquei com um pé atrás. — ele passou a mão pelo cabelo. — Louis nunca gostou muito de mim ou de Dante, achei algo impressionante ele ter deixado a filha dele ver e participar de um racha, que a essa altura ele obviamente já deve ter percebido quem está planejando elas.

— Ele não sabia que você estava indo nas rachas... — Dante falou mais pra si do que pra mim.

Eu não conseguia falar nada.

— Eu... — saiu como um sussurro.

Saí da cozinha indo em direção ao quarto. Eu precisava pensar. Precisava processar tudo isso que estava acontecendo.

Meu pai todo esse tempo nos enganou. Isso agora explica como temos muito dinheiro! A empresa não era falida nem nada do tipo, mas a quantidade de dólares que meu pai tinha no banco era impressionante demais. Eu nunca em minha vida iria parar pra pensar em uma coisa dessas. Máfia? Que idiotice.

O pior de tudo isso é perceber que nunca estive segura. Cada passeio que eu fazia com Amélia, poderia estar colocando nossas vidas em perigo. Se meu pai realmente era um mafioso conhecido como Jacks disse, provavelmente conheciam o meu rosto e o da minha mãe e sabe lá mais o que sobre a nossa vida. Sempre teve alguém me observando pelos cantos? Inúmeras perguntas estavam martelando a minha cabeça.

Abri a porta do quarto e o adentrei me sentando no chão com a cabeça encostada ao lado da cama. Meu celular vibrou na minha mão e vi três mensagens de Amélia na barra de notificação.

★ Chat on ★

- Lia ‹3 -

: Enviei uma mensagem pra sua mãe dizendo que você dormiu ontem a noite na minha casa. Falei que seu celular descarregou e por isso você não conseguiu enviar uma mensagem avisando.

: Jacks disse que seria o melhor a se fazer, seus pais não podem saber onde você realmente está. Meus pais estão viajando durante essa semana, então não será um problema pra mim.

: Te amo, viu? Se quiser conversar, estou aqui.

Muito obrigada, Lia. :

Também te amo. :

Você é incrível. :

★ Chat off ★

Escutei alguém batendo na porta e guardei o celular.

— Giselle? — reconheci a voz de Dante. — Posso entrar?

Me levantei indo em direção a porta. Parei em frente a mesma com a mão na maçaneta.

— Se não quiser, eu vou embora e...

Abri a porta, cortando o que ele ia falar.

— Pode entrar. — me virei e fui em direção ao sofá que tinha próximo as enormes janelas que estavam cobertas por cortinas escuras, combinando com todo o cômodo. — O quarto claramente é seu e eu não deveria estar aqui... — me sentei no sofá.

— O quarto pode até ser meu... — falou se aproximando de mim. — Mas não vou sair entrando nele como se não tivesse ninguém aqui dentro.

Ele se sentou do meu lado no sofá.

— Eu nem sei como deve estar a sua cabeça agora, mas eu peço desculpas. Não deveria ter soltado isso dessa forma em cima de você. — ele olhava fixo para suas mãos com a cabeça baixa, o cabelo cobrindo seus olhos.

— Não precisa pedir desculpas, você não tem culpa do meu pai ter escondido isso de mim. — falei, apoiando o meu braço no do sofá.

Alguns minutos se passaram e nenhum de nós falou nada. Eu olhava fixamente para um ponto aleatório da cortina.

— Quando eu descobri que Lorenzo era chefe de uma máfia... — soltou uma risada sem graça. — Tive a mesma reação que a sua.

Olhei pra ele, esperando que continuasse.

— Isso foi quando eu tinha 8 anos, depois disso minha vida virou de cabeça pra baixo. — suspirou, como se lembranças passadas estivessem rondando sua cabeça. — Nunca mais consegui sair na rua sem ter a impressão que alguém me observava... sem contar que ele começou a ser mas rígido comigo de uma forma bem...

O corpo dele tremeu de leve e me aproximei dele, colocando a mão em sem ombro. Ele olhou pra mim com um sorrisinho sem mostrar os dentes.

— Sou filho único. — continuou. — Ele sempre me disse que se algo acontecesse com ele, eu iria assumir.

Minha cabeça deu um estalo, como se algo estivesse se encaixado. Eu sou filha única... não... meu pai esperava que eu fosse substituir ele algum dia? Ele achava mesmo que iria me chamar para sentar, conversar e do nada me revelar tudo isso e eu aceitar de boa?

— Eu entendo você, Giselle. — ele segurou a minha mão em seu ombro. — Isso tudo é muito complicado, eu sei... — ele se aproximou de mim, seu rosto poucos centímetros do meu. — Mas eu te prometo que não vai acontecer nada com você. Não vou deixar. Seu pai errou em não te contar sobre isso, e ele sabia da situação em que tudo se encontrava, mas agora você está aqui comigo e ninguém vai tocar em você, certo?

Passei os braços pelo seu pescoço, o abraçando. Eu estava com medo, mas ele me passava segurança. Eu me sentia segura perto de Dante. Nos braços dele.

Ele passou os braços pela minha cintura e me abraçou, encaixando o seu rosto no meu pescoço. Ele acariciava levemente a minha cintura com as mãos. Eu não queria sair desse abraço.

— Está tudo bem... — ele sussurrou no meu ouvido. — Não segure isso dentro de você, deixe sair...

Só então percebi que estava segurando o choro em minha garganta. Então, soltei tudo.

Meses de coisas que guardei pra mim, tudo que guardei eu soltei em lágrimas e soluços. Eu odiava chorar na frente de alguém, me sentia fraca, me sentia mimada, me sentia insignificante, me sentia como uma ingrata que não merece chorar. Não mereço derramar essas lágrimas, não mereço isso. Eu tinha uma vida boa e pessoas que me amavam, chorar parecia ser um desperdício e só mostrava como eu não merecia tudo o que tinha. Eu me sentia patética chorando.

— E-eu não deveria c-chorar... — gaguejei em meio aos soluços. — Existem p-pessoas que sofrem muito mais e não choram e...

— Shhh... — ele sussurrou. — Pare com isso, não compare o que você sente com o que os outros sentem. Cada um sente de uma forma. — ele acariciou o meu cabelo na nuca. — Não é errado chorar, isso não te torna fraca. Isso a faz um ser humano com sentimentos.

Ele me apertou mais forte contra o seu peito. Me acalmando com palavras sussurradas. Eu nunca me deixei abrir dessa forma com alguém. Eu desabafei muitas vezes com Amélia, mas as vezes sentia que estava jogando um peso nela e resolvia guardar isso pra mim. Dante me fez tirar um peso das minhas costas, todas as lágrimas guardadas foram derramadas naquele momento. Boa parte delas não tinha nada com o meu pai, era muito além disso.

Eu me sentia livre.

Ele me fazia sentir isso.

Dante.

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