10 | As complicações começam aqui

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Acordar ao lado de Jennie parecia um sonho. Quantas vezes imaginei aquilo? A noite de ontem ainda parecia mentira, mas eu sabia que tinha sido sim verdade. Ainda conseguia sentir os toques e os beijos dela pelo meu corpo. Quando me virei para encará-la, ela dormia serenamente, e controlei a vontade de acariciar seu rosto. Porém, não queria assustá -la. Me sentei na cama saindo de fininho, até senti os braços finos na minha cintura, me prendendo ali mesmo.

— Você não vai a lugar nenhum — ela falou com a voz meio sonolenta. Eu dei uma risada e virei a cabeça para encará-la.

Seu rosto estava inchado, e os olhos fechados, e eu podia ver claramente seus lábios esticados em um sorrisinho. Engoli em seco tentando me desvincular dela, mas Jennie esticou o sorriso e apertou os braços na minha cintura me segurando mais forte.

— E—Eu preciso ir para casa — eu disse sem graça.

— Ainda tá cedo — ela murmurou se sentando e coçando os olhos.

O lençol fino que cobria seu corpo caiu, e agora eu pude vê-la totalmente nua. Virei o rosto automaticamente me sentindo uma idiota. Afinal, eu já tinha visto tudo ontem mesmo. Jennie riu quando percebeu minha reação.

— Toma café comigo? — ela pediu. — Ah vai, não precisa ir para casa ainda.

Olhei o relógio de relance, ainda eram 07h00, e hoje eu não tenho aula. Balancei a cabeça em afirmativa e ela deu um salto da cama.

— Eu já volto— ela disse entrando no banheiro.

Depois que tomei um banho e coloquei minhas roupas eu avistei Jennie preparando nosso café da manhã. Ela fazia as panquecas animada e feliz, enquanto deixava uma playlist aleatória tocar no Spotify. Aquela cena era tão simples, mas conseguia me deixar feliz.

— Eu não sabia se você gostava de panquecas — ela falou me servindo enquanto eu me sentava.

— Eu gosto, obrigada — agradeci enquanto colocava um pedaço na boca.

Enquanto comiamos, um silêncio esquisito se formou na cozinha. Apenas o barulho da nossa mastigação era escutado.

— Você, sabe que não pode contar pra ninguém, não é? — ela foi a primeira a falar.

— Eu sei — falei tomando um suco.

— Principalmente sua irmã — ela esclareceu.

— T—Tudo bem — consenti enquanto terminava de comer.

Eu estava até agora me deixando levar por tudo o que a noite passada tinha sido para mim, que tinha esquecido que para Jennie não tinha tido o mesmo significado. Ela tinha sido apenas tesão, luxúria, assim como ela costumava ter com várias outras pessoas. Jennie tirou sua atenção do café da manhã e colocou o cotovelo sobre a mesa apoiando a cabeça nas mãos para me olhar melhor. Seu sorriso malicioso ainda estava ali.

— Mesmo depois de ter gozado em meus dedos, você ainda não consegue me olhar nos olhos — acabei engasgando com o suco de laranja que estava tomando, e a olhei incrédula.

— S—Sinto muito — gaguejei nervosa.

— Quer me ver de novo depois? — ela indagou mordendo o lábio inferior.

Ah, eu sabia que estava entrando em um jogo perigoso. Aliás, desde que aceitei tudo isso eu tinha noção. Mas como poderia negar isso?

— Sim — foi a única coisa que consegui dizer.

Quando cheguei em casa naquele dia não havia perguntas, todos tinham comprado a desculpa que Jennie tinha dado de que estávamos juntas fazendo o trabalho dela. Eu passei o resto do dia no meu quarto pensando na noite de ontem. Ainda tinha muitas coisas para fazer, então coloquei minhas responsabilidades em dia. A música para o coral da escola já estava quase terminada, e as preparações para a festa de primavera estavam na metade. Eu não costumo enrolar quando tenho coisas para fazer, isso estava acontecendo apenas com Jennie porque eu sempre queria aproveitar mais um tempinho com ela. No dia seguinte na escola, Lisa estava empolgada com a ideia de me ajudar com as preparações para a festa.

Querida Jennie  | ChaennieOnde histórias criam vida. Descubra agora