May Silverton
Tudo estava acontecendo tão rapidamente que nem tive tempo de reagir. O general Aszkher estava tão próximo que eu conseguia sentir seu cheiro, uma mistura viril de sangue, morte e algo profundamente enraizado na brutalidade que ele exalava. Era um odor que deveria me repugnar, mas que, de alguma forma, fazia meu corpo responder de maneira oposta, com uma excitação que nunca havia experimentado antes. Meus olhos marejavam, e meu coração naquele instante estava tão descompassado, que chegava a doer.
- Que você é minha, fêmea.
Não esperei que ele dissesse mais nada, ou fizesse algo. Me levantei e corri, fazendo o que mais sabia fazer de melhor.
Fugir.
A minha vida inteira passei fugindo do meu passado, das mortes que presenciei na terra, dos gritos de desespero das pessoas perdendo seus entes queridos. E meu pai, aquela noite que chegou a nossa vez de sentir na pele o que era perder de verdade, alguém que amamos. Ainda me lembro perfeitamente de quando a nave em que estávamos sendo levados, caiu neste planeta, Shak. O cheiro de fumaça, fogo, os gemidos daqueles que havia sobrevivido. E eu, mesmo não sendo mais uma criança, chorava como uma. Gritava por socorro ao mesmo tempo que tentava manter meu corpo erguido. O ar era mais leve, mas com uma pequena picancia que me fazia espirrar em quase todo segundo. Hoje, posso dizer que já me acostumei com isso, e já faz anos desde a última vez em que espirrei.
Enquanto ajudava aqueles que sobreviveram, os primeiros deles chegaram. Curiosos, estranhos e grandes nas suas formas. Eles nos trataram como se fossemos animais presos em um zoológico. Sinto na pele o que eles sentiam com os nossos olhares para as zebras ou leões que apenas queriam viver suas vidas.
Fomos levados para Yalak, onde o início do nosso pesadelo apenas estava para começar.
O vento da noite lambeu minha pele, já do lado de fora. Estava quente, fumegante. Seus olhos negros ainda não escapavam das minhas lembranças, sua pele escura, com gravuras desenhadas, como tatuagens. Ele era lindo, e isso me assustava. Lindo, mas mortal. Perfeito, mas perigoso. Eu sabia disso.
As acompanhantes disseram tanto sobre ele, que não tinha piedade com aqueles que o desafiava, que não era bondoso e tampouco se compadecia com os sentimentos ambíguos da maldade que habita nele.
Eu tinha uma única tarefa, uma única missão.
Me manter afastada do exército de Klaystaros e do general.
Mas eu falhei.
Pensei que seria fácil, pensei que ao menos olhariam para mim. Mas atraí o pior dos peixes, o maior, o que possui mais dentes e facilmente poderia me engolir se quisesse.
Por um momento, fiquei fascinada pelas suas características, pelos lindos chifres que o coroava como um rei, os músculos que forjavam sua pele rígida e gelada, como uma armadura própria. O general era grande, ombros largos e tinha braços que poderiam me esmagar com apenas um aperto. E ao olhar para os gravetos que eu tinha no lugar de bíceps, me sentia ainda mais confusa. O que chamou a droga da sua atenção?
Sem perceber, enquanto corria freneticamente entre as cabanas e quem passava pelo meu caminho, esbarro em alguém. Vou ao chão, caindo de bunda na terra dura enquanto minhas mãos ralam pelo impacto.
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Entre Mundos
Romance(Nova versão disponível!) Conteúdo adulto| Monster romance +18| May, é uma jovem tímida e ingênua, que fora levada de seu planeta natal para um lugar hostil e desconhecido, ainda quando jovem e inocente. Sendo submetida à condições de trabalho força...