Capítulo| 2 •

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May Silverton

Assim que coloco o último banco curto, feito de tronco de madeira, no lugar, saio da tenda, enquanto me deparo com uma ampla concentração de machos e fêmeas no centro do acampamento, onde a grande fogueira é acessa — pois, segundo eles, as chamas guiam os espíritos ruins para longe do fogo.

— Ele já escolheu alguém? — uma acompanhante pergunta para outra ao seu lado. Ambas quase cochichando.

— Não, estão chegando ainda. Isso está me deixando apreensiva. — a outra responde.

— Ei, fiquem quietas, eu quero escutar! — reclama uma terceira pessoa.

Ao seguir a visão das mesmas, vejo um grupo de machos ridiculamente grandes e fortes, que poderiam facilmente dar duas ou três de mim. Estão entrando no acampamento, as longas portas abertas para recebê-los. Mesmo que o meu corpo parecesse estremecer de medo com o som da marcha quase sincronizada, a curiosidade era maior. Lamentei por ser uma das menores naquela multidão e olhei em volta, quase sendo esmagada pelos curiosos que se reuniam. Me espremi entre as fêmeas corpulentas e me arrastei, quase engatinhando para longe, quando avistei uma grande estátua que estava por perto. Sem pensar muito, apenas escalei a estrutura — com dificuldade nítida, pois não era de meu feitio montar em árvores ou me envolver com quaisquer coisas que a altura estivesse metida  no meio. Talvez, ainda estivesse traumatizada com tudo o que aconteceu — e tomando cuidado para não escorregar. Era uma grande coluna erguendo a imagem do rei de Klaystaros, Zyphra, como uma forma de homenagea-lo. Ninguém parecia interessado em questionar o porque de eu estar fazendo aquilo, já que, suas atenções estavam focadas em outra direção. Ao grande exército intimidador que cruzava os muros.

Yalak nunca fora um lugar pequeno, era bem grande, com muros altos — erguidos por zyllonite, um material bem parecido com concreto, mas era mais resistente e rígido — e portões largos, justamente para nos proteger dos perigos que habitavam o lado de fora. Havia grandes tendas para abrigar as acompanhantes e os mestres que seguiam viagem pelas estradas de Xal'zar. Era iluminado por grandes tochas que estalavam com o fogo que as consumia durante o dia ou a noite.

E assim, me agarrando à perna do rei Zyphra, a minha boca se entreabria com a visão claramente tirada de livros ou contos, seja o que fosse. O grande e temido exército de um dos quatro reinos. Grandes armaduras adornavam seus corpos imensos, brilhando à sangue, fedendo à morte. Elmos cobriam as suas cabeças e as suas espadas estavam sujas com sangue dos pobres que cruzaram seus caminhos. Alguns deles estavam montados em tyrex⁴. E outros, apenas andando. Entretanto, o que me chama atenção é quem está no centro de todo este exército banhado a sangue e cinzas.

Era o mais alto, uma figura envolta numa armadura majestosa e imponente ao mesmo tempo, forjada em tons de negro profundo. O material parecia ser minuciosamente trabalhado, exibindo detalhes ornamentais, como espirais e arabescos que se estendiam por toda sua superfície. Além de espinhos e pontas afiadas, que o conferiam uma aparência ainda mais ameaçadora e implacável. Sua cabeça era a única que não estava coberta por um elmo fechado, que ocultava completamente seu rosto, acentuando o mistério e intimidação. O elmo é aberto em volta, dando liberdade à um par de chifres longos e curvados, que lembram uma coroa. O metal parecia fundir-se perfeitamente com o restante da armadura, criando uma aparência quase orgânica, como se a figura e sua armadura fossem uma única entidade. Na mão direita, ele segura uma grande espada, cuja lâmina longa e afiada parece igualmente trabalhada. Era nitidamente um símbolo de poder e autoridade que refletia uma aura de letalidade e propósito, indicando que o mesmo não era apenas um líder, mas também um guerreiro. Seria ele, o tão temido, general Aszkher que tanto ouvira falar?

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