4. How you get the girl

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Catherine

A noite estava horrível.
Simplesmente não consegui relaxar em momento nenhum e nem me concentrar em nada que precisava fazer, todo momento ficava olhando no piloto do outro lado da sala para ter certeza de que ele não havia falado nada ou dado a entender o que tinha acontecido na noite anterior enquanto tomava vários goles de vinho para tentar abafar a tensão em mim.
E ele simplesmente sorria com de canto de um jeito quase diabólico.

Consegui passar despercebida durante a maior parte da noite, mesmo com os desconfortos entre as conversas entre ele e meu irmão, e agora no final comecei a me sentir mais relaxada.
Estava quase deitada em um sofá de uma sala interna mais privada do resto da casa, bebendo o resto do meu vinho tentando limpar minha mente e ficar alguns minutos em silêncio.
Até que vejo uma figura entrar devagar pela porta e tento me recompor o mais rápido possível.

- Não precisa fugir de mim - disse Charles entrando na sala super à vontade e já se sentando no mesmo sofá - Apesar de saber que você gosta disso.

- Você sabe que não precisamos dessa tensão - eu disse fechando minha cara - preciso de uma boa relação profissional e certamente você também.

- Você deveria ter pensado nisso antes de bater no meu carro, sabia?

- Não fui eu que bati, pra começar.

- E ainda assim fugiu de mim, não acho justo.

- Posso negociar com você o prejuízo do carro.

- Seu irmão disse que você era uma mulher de negócios mesmo - ele falava colocando os braços na parte de trás do sofá e cruzando as pernas - eu sou bom nisso também.

Eu levantei uma sobrancelha e tomei o resto do vinho da taça tentando compreender onde ele queria chegar.

- Será que é? Até onde eu sei, você é muito bom com carros de corrida.

- Então você é minha fã? - ele disse rindo.

- Não foi isso que eu disse, não distorça as coisas.

- Não precisa mentir - ele provocava - Acharia fofo se fosse, gosto muito das minhas fãs.

- Sei bem disso - debochei quase rindo pensando na fama de mulherengo que ele tinha.

Foi a vez dele levantar uma sobrancelha e rir, me deixando confusa.

- As notícias são sensacionalistas, você acreditaria se me conhecesse direito - ele se aproximou um pouco - acho até que gostaria.

- Fala isso com todas senhor Charles?

Ele riu e se levantou, abaixando a cabeça mas ainda era possível ver sua expressão soberba para mim.

- Gostei de você - ele falou já na porta - e do seu irmão também, ele me chamou para jogar tênis com vocês amanhã.

Léo não era o tipo de pessoa que racionalizava relações como eu e ele era muito mais extrovertido também, o que fazia com que ele tivesse uma grande facilidade pra fazer amizades. Mas não esperava que ele chamasse logo ele para nosso jogo quase sagrado de domingo.
Encarei ele estática e meio sem reação por uns segundos antes dele ir de fato.

- Te vejo amanhã, senhorita Laroche.

*

- Olha eu sei que você não pensa - eu ia falando com Léo a medida que caminhamos - Mas isso é sério, você sabe que a nossa relação deve ser a melhor possível com a equipe dele, não com ele.

- Como você é chata - ele falava irritado - talvez um dia você aprenda que a chave para boas relações profissionais é manter as relações pessoais.

- As vezes você é bem burro - eu revirava meus olhos só de pensar que teria que estar em meio aquela tensão de ontem novamente.

Chegamos no clube onde jogamos todos os domingos de manhã, e eu tento me distrair um pouco com isso.
Eu amo jogar, é uma das minhas maiores paixões de verdade e admito ser um que gosto do esporte, da competição, da disciplina que ele traz. Nas quadras eu era mil vezes mais eu.
Admito que sei que sou boa, mas só sou por causa dos meus treinos e esforço pra isso, naturalmente não sou nenhum talento pra nada.

Levanto meus olhos para a quadra superior quando vejo Charles lá esperando por nós encostado na grade já com uma raquete.

Ele e meu irmão já interagiam como se fossem amigos e eu observava mais ao longe essa interação dos dois.

- Ela acordou de mal humor hoje - Léo dizia aprontando pra mim - típico.

- Dá pra notar - Charles olhava pra mim e ria.

- Leclerc - eu me aproximei dele e deixei o tom mais manso - descansou de ontem? Espero que esteja preparado para jogar.

- Eu já sou um atleta, você vai ver.

- Então para o jogo - eu disse pegando minha raquete e virando de costas enquanto me dirigia para o meu lado da quadra, dando um risinho sutil para irritar.

E ele e toda sua confiança estavam lá do outro lado da quadra me esperando sacar a bolinha para dar início, e assim eu fiz rapidamente.
De primeira, ele pegou com dificuldade e já rebati de primeira colocando força e assim cravamos um jogo interessante.
Claramente ele não jogava tênis, estava pensando para conseguir rebater minhas tacadas e suas jogadas sempre chegavam em mim sem força nenhuma, claro que isso me deixou mais confiante até marcar meu primeiro ponto do jogo.
Eu não era de comemorar silenciosamente, mas em prol da minha educação com ele fiz isso de forma sutil. E assim, das duas vezes quase seguidas que eu ganhei dele.

- Cansado? - eu perguntava ofegante porém desafiadora - podemos dar uma pausa caso não aguente o tranco.

- Você é boa nisso - ele disse cansado do outro lado tentando respirar.

- Deixe com os profissionais, Charles - Léo pegou sua raquete e foi para seu lugar - a gente te ensina o que é um jogo.

Quando eu jogo com meu irmão, não costumamos ter bons modos um com o outro.
De cara, ele marcou o primeiro ponto gritando em comemoração e batendo as mãos com Charles, claramente me deixando mais irritada.
Com o sangue quase fervendo vendo o piloto me observar perder de braços cruzados e aquele olhar de desafio.
Com um jogo duro, consegui marcar os outros dois pontos para finalizar a rodada com meu irmão também, no final quase gritando em comemoração.
Competição era uma coisa que me movia muito.

- Você joga bem, Catherine - Charles veio me falando enquanto eu jogava um pouco de da água da garrafa em mim mesma para refrescar - tem talento pra isso. - ele não tirava os olhos do que eu fazia.

- Não e talento, é treino.

- Você deveria me ensinar, gostaria de treinar com você.

- Você não aguentaria cinco minutos comigo e talvez eu não aguentasse com você também - eu ri debochada e ele riu também, quase consentido a informação.

Nesse momento admito que o tempo que passamos não foi de todo ruim, já que durante o jogo não tem como interagir tanto diretamente e até que a presença dele não me incomodou tanto quanto eu achei.
Talvez eu conseguisse acostumar com sua presença aos poucos, de longe. E seu maldito sorriso charmoso.



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