Despedido.

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Capítulo 05

Algumas semanas haviam se passado, tudo estava correndo bem na nova rotina de Sunghoon. Todas as manhãs ia para a faculdade e Heeseung cuidava dos gêmeos, quando chegava os dois almoçavam juntos e o Lee ia para sua casa, a tarde o Park trabalhava apenas por três horas e não era todos os dias, até porque Heeseung também tinha outras coisas confidenciais para resolver e não conseguia ficar com as crianças. Agora ele estava arrumando os pacotes de macarrão em uma prateleira quando ouviu um burburinho no corredor, e assim que virou a cabeça na direção de onde vinha aquelas vozes, viu uma mulher que parecia estar na casa do sessenta anos brigando com uma das funcionárias dali.

Era comum terem alguns desentendimentos de clientes com suas compras erradas ou até mesmo os funcionários sendo mal educados, mas dessa vez uma das jovens aprendizes estava sendo massacrada por aquela cliente. Não poderia ficar olhando aquela cena e não fazer nada, então ficou de pé e apressou o passo na direção das duas, podendo ouvir melhor o que a mulher dizia para o adolescente que só sabia se encolher ainda mais em seu lugar, quase sumindo de tão pequena. Sunghoon suspirou pesado em cada passo que deu até chegar ao final do corredor onde elas estavam, a senhora agarrou o braço da funcionária e a puxou com força.

— Ei, você não pode fazer isso! – gritou com a mais velha, fazendo-a soltar o braço da sua colega de trabalho. — Tenha mais respeito com nossos funcionários!

— Essa incompetente está me proibindo de fazer compras aqui!

Sunghoon olhou para a idosa e depois para a garota ao seu lado.

— Essa senhora não pagou a conta que fez mês passado, mostrei o comprovante e ela simplesmente não aceitou que não pode mais fazer compras esse mês. – a garota se explicou quase chorando, seus olhos estavam cheios de lágrimas.

— Isso é inadmissível! Eu não fiz compra alguma nesse mercado no mês passado, vocês estão me incriminando! – ela gritou alto e as pessoas que estavam ali perto começaram a olhar.

— Minha senhora, ninguém aqui jamais iria incriminar um cliente, é só que está nas regras a proibição de qualquer compra aqui tendo uma conta não paga. – o Park tentou acalmar a mulher, mas ela parecia cada vez mais irritada.

— Eu vou chamar a polícia! Esse mercado tem que ser fechado! Onde já se viu uma coisa dessas??

— Por favor, vamos manter a calma. – se aproximou para poder tocar os ombros da mais velha e acalma-la, mas quando se moveu meio metro recebeu um tapa no rosto.

— Não toque em mim! – empurrou o maior e tirou seu celular da bolsa, discou um número e mostrou a tela para os dois funcionários. — Aqui! Irei ligar para a polícia e vocês serão presos!

No momento seguinte, os três já estavam ao lado de fora do supermercado, cada um sendo interrogado por um policial. A garota contava seu lado da história, Sunghoon contava a mesma versão que ela e a mulher distorceu toda a situação chamando-os de xenofóbicos por ela ser americana. O dono do estabelecimento chegou tempo depois e conversou com os três policiais que conversaram com os envolvidos na situação, logo depois ele foi até a mulher e falou algumas coisas com ela antes dos dois seguirem juntos até onde os funcionários estavam.

— Por favor, Sunghoon e Hina, peçam desculpas a senhora pelo mal entendido. – ordenou.

— Mas isso não foi... – o Park iria retrucar mas foi interrompido.

— Peça desculpas, agora.

Os dois se entre olharam antes de pedir desculpas a mulher e o senhor Dong mandar Hina acompanhar a mesma mulher para que ela pudesse fazer suas compras.

— Eu preciso falar sério com você. – o homem disse olhando seriamente para o outro. — Você não serve mais para esse emprego.

— O que? – franziu a testa completamente confuso com as palavras dele.

— Você entendeu o que eu disse, não se finja de desentendido. – disse friamente. — Não posso te manter trabalhando aqui só por duas míseras horas e por três dias na semana, seu salário é alto demais para isso.

— É só diminuir o salário!

— Essa confusão foi o cúmulo, não pode mais continuar aqui. – retirou o crachá de identificação dele e jogou na lata de lixo ali perto. — Você está demitido.

— O senhor não pode fazer isso comigo! – foi atrás do homem quando ele caminhou até seu carro.

— Sim, eu posso. – entrou no veículo e abriu a janela. — E não quero te ver aqui nem como cliente.

Assim o homem foi embora e Sunghoon ficou plantado no estacionamento vazio. Buscou suas coisas e trocou de roupa, jogando o uniforme do mercado no lixo antes de chamar um táxi para ir para casa. No meio do caminho, sentiu vontade de chorar e encostou a cabeça na janela, bufou cansado e fechou os olhos frustrado. O carro parou em frente ao prédio que morava e pagou a corrida pelo aplicativo assim que saiu do veículo. Cumprimentou Chang um pouco cabisbaixo e entrou dentro do elevador, apertou no botão do seu andar e ficou escorado na parede de metal. Assim que as portas se abriram e ele saiu, andou rapidamente até o seu apartamento e quando abriu a porta, deu de cara com Heeseung dentro de uma piscina de bolinhas com os gêmeos. Eles riam alto e jogavam as bolinhas uns nos outros, mas assim que viram o Park parado na porta, os gêmeos gritaram animados e chamaram o pai com a mão.

— E ai, tudo bem? – o Lee perguntou de dentro da piscina com Jake em seu colo. Mas assim que o moreno fez aquela pergunta, os olhos do Park lacrimejaram novamente. — Ei! O que aconteceu??

— Fui demitido.

Poucos minutos se passaram dele contando a situação e os motivos pelo qual foi demitido, Heeseung estava desacreditado das coisas que ouvia enquanto os gêmeos não entendiam o que os dois estavam falando e apenas continuavam a brincar.

— Que cara escroto! Se você quiser, eu vou dar uma surra nele pra ele te contratar de novo! – rodeou o braço nos ombros do menor.

— Não precisa disso, acho que é até melhor... Vou ter mais tempo com as crianças. – disse olhando para os filhos tentando morder as bolinhas de plástico, mas eram grandes demais para colocarem na boca. — O dinheiro que tenho na conta é suficiente até que eu encontre outro emprego.

— Eu posso te ajudar a encontrar um emprego melhor.

— Obrigado Hee, mas não precisa fazer isso! Eu posso dar um jeito. – sorriu forçado, para ser sincero não sabia se poderia dar um jeito.

— Deixe de ser tão teimoso, eu quero te ajudar porque gosto de você. – Sunghoon o olhou. — E também porque você precisa me pagar por cuidar dos meninos.

— Já não é o bastante o que você tira de mim? – sorriu de canto.

— Eu não tiro nada de você, sempre falei desde o começo que faria isso por gostar de crianças, dinheiro eu tenho de sobra.

— Bem humilde. – riu nasal e o Lee gargalhou alto.

— Aliás, eu quero te ajudar no financeiro também. Sei que o dinheiro que você tem guardado na conta poupança é o suficiente para se manter com as crianças, mas é melhor você deixar tudo guardado para garantir o futuro estudantil deles.

— Sabe que isso não é sua obrigação...

— Mas eu quero ter essa obrigação, Park Sunghoon.

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