A história de vida de Lee Heeseung.

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Capítulo 10

Depois de ter dito aquilo, a mulher foi embora deixando o Park sozinho com seus pensamentos, que logo foram afastados com a chegada do seu almoço e teve que espantar por breves segundos aquelas dúvidas para fazer o pagamento. Voltou para o apartamento depois de poucos minutos e encontro o Lee sentado no sofá distraído em seu celular, Sunghoon deixou a sacola com a comida na mesa e respirou fundo; teria que tirar coragem de algum lugar para saber, definitivamente, quem era Lee Heeseung. Por mais que não gostasse de duvidar das palavras de pessoas que lhe transmitem confiança, as palavras da ex do Lee ficaram em sua mente e ele precisava perguntar tudo que não tinha conhecimento sobre ele. Então conseguiu juntar forças e caminhou até onde o mais velho estava, sentou na poltrona ao lado do sofá e chamou sua atenção com uma tosse falsa.

- Ah, você já chegou! Não tinha percebido. - sorriu sem jeito por não ter notado a presença dele, mas sua cara ficou confusa quando o viu sério. - Algum problema?

- Quem é você? - perguntou de uma vez, o deixando mais confuso ainda.

- Como assim quem eu sou? Do que você tá falando?

- Eu não sei quem você é, Heeseung, não sei nada sobre sua vida e você sabe tudo sobre a minha! Então, quem é você!?

O Lee ficou em choque com a maneira firme dele de falar. Sabia que uma hora ou outra teria que ser sincero com Sunghoon e contar sobre sua vida assim como ele contava sobre a dele, e agora se sentia mais confortável em dizer.

- Eu nunca fui o filho perfeito, até porque não era para eu ter nascido, em começo de conversa... Meus pais queriam uma menina, apenas uma menina, mas infelizmente acabaram tendo um menino também. Mesmo tão novo, recém nascido, fui rejeitado pelos meus próprios pais e quem me amamentava era minha tia que também tinha ganhado bebê a pouco tempo.

O primeiro suspiro pesado veio e foi possível ouvi-lo, ele estava de cabeça baixa e brincava com os dedos.

- Eles queriam ter me vendido pra ela, mas ela já tinha muitas responsabilidades e eu era filho deles, eles não poderiam me rejeitar, mas assim fizeram. Nos aniversários, apenas Karina ganhava uma festa, eles nem sequer diziam aos convidados que eu também estava aniversariando, para eles só existia a Karina. Eu nunca senti ciúmes ou inveja, até porque meus avós faziam algo especial pra mim, só nós três. Mas isso acabou quando eles morreram, eu só tinha dez anos.

Imaginava a dor que ele sentia, mesmo que nunca tivesse passado por algo assim, Sunghoon sempre se colocava no lugar das pessoas e agora estava no lugar dele.

- Eu não me sentia mais sozinho depois que tiveram o Niki, porque eles não deixavam a Karina brincar comigo, mas eles também excluíam o Niki e eu fazia de tudo para fazer ele feliz. Tempos depois eles tentaram ter outra menina, mas veio um menino de novo, o Leehan. E adivinha? Outro excluído! Então, finalmente tiveram outra menina, a Sullyoon. Por mais que eles não permitissem que eu e os meninos chegassem perto das nossas próprias irmãs, sempre fazíamos contato indireto porque não entendiamos o motivo da proibição de chegar perto delas.

Deu uma pausa para respirar, queria chorar muito mas não iria derramar uma lágrima por causa deles.

- Quando crescemos mais, me obrigaram a trabalhar em três empregos para manter as meninas e o que sobrasse seria meu e dos meninos. Eu trabalhei em um caixa de supermercado, em uma loja de roupas masculinas e... Vendendo drogas.

- Heeseung... - estava de arrependendo de ter perguntado sobre sua vida, mas sabia que não tinha acabado.

- Eu ganhava bem, dava o dinheiro para os meus pais e eles davam para as meninas, sobrava pouco para mim e os meninos, mas era bom do mesmo jeito. - coçou a garganta. - Então eu conheci a Julie, ela me fez sair da venda das drogas e o pai dela me dava uma boa quantia por fazer a filha dele feliz, tsc. Mas ela vivia falando de fugir da cidade para sermos felizes e eu sair daquela vida, e em uma noite em que estava cansado de ser humilhado, mandei mensagem para ela e fugimos naquela mesma hora.

Sunghoon ficou incomodado quando citou a garota, mas tentou disfarçar o desconforto ao ouvir seu nome pela primeira vez.

- Eu ainda era de menor, mas perceber que eles não se importaram com o meu sumiço foi o que mais me doeu. Arranjei outro emprego na cidade para ter dinheiro para pagar o aluguel do apartamento onde morávamos, por sorte o meu melhor amigo morava ali e nos ajudou bastante, mas eu nem imaginava que estava dando confiança demais a alguém que não deveria. Foram três anos sendo traído por eles dois, três anos sem contato com meus irmãos, três anos aguentando um trabalho sujo só pra conseguir manter a mulher da minha vida.

"Trabalho sujo" foi tudo que ele prestou mais atenção quando Heeseung disse, não querendo nem imaginar com o que ele se envolveu para arranjar dinheiro.

- E bom, em um dia normal como os outros em que eu voltava do trabalho, entrei em casa e encontrei minha namorada pagando um boquete pro meu melhor amigo, dias depois em que recebi a notícia de que seria pai, mas na verdade eu era corno mesmo. - bateu as costas contra o sofá e riu nasal. - Só lembro de ter ido embora daquele lugar sem ao menos pegar meus pertences e fui para a casa da tia que meus pais queriam me vender, que foi sorte do destino ela morar perto. Ela me aceitou lá até o dia em que me mudei pra cá! Fim da história.

Sunghoon coçou a nuca sem saber o que dizer diante de todas aquelas palavras do Lee, se sentindo péssimo em tê-lo feito falar tudo aquilo que lhe trazia tristeza.

- Eu sinto muito por tudo isso, Heeseung. Eu jamais imaginaria que você pudesse ter passado por essas coisas e ainda sim ser uma pessoa tão amável...

- Não é bom devolver o mal com mais mal. - passou as mãos entre os seus fios e sorriu pequeno para o Park. - Sabe? Eu me sinto melhor agora que te contei isso, já fazia um tempo que queria falar mas tinha receio.

- Eu só perguntei aquilo porque aquela tal de Julie veio atrás de mim quando fui buscar nosso almoço, ela disse que eu não te conhecia e não sabia onde estava me metendo...

- Ela se referiu a isso pensando que eu ainda estivesse trabalhando com algo errado, mas não estou!

- Você... Trabalhou com o que durante os três anos em que esteve com ela?

- Eu vendia meu corpo e as vezes fotos íntimas. - esfregou as mãos uma na outra, mania que tinha quando estava sem jeito. - Ela quem colocou na minha cabeça que era uma boa ideia, então eu aceitei... Vivia dizendo que não se sentia traída e sim excitada.

- Misericórdia. - disse aquilo assustado, Heeseung riu da reação dele.

- Bom, é passado né? Eu me arrependo de tudo isso que fiz, mas não vou mentir que ganhava muita grana com foto pelado.

- Deve ser porque seu corpo é bonito. - falou sem pensar duas vezes, mas assim que percebeu seu rosto ficou vermelho.

- Talvez... Mas parei de fazer academia, então não tá lá essas coisas. - deu de ombros. - Bom, vamos comer!?

- Vamos!

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