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Billie...

Zoe e Drew ligaram um dia depois pra dizer que estavam namorando, a morena me esculhambando pelo telefone por ter deixado ela tão preocupada.

Alguns dias se passaram, e Luiza voltou a atender no telefone de emergência, por onde nos conhecemos, além de começar um curso de comportamento humano que devia ajudar ela com as ligações.
Por causa da agenda e do trabalho, eu e minha namorada não estávamos nos vendo muito, apesar de ligar uma pra outra quase toda noite. Hoje ela vem aqui almoçar comigo enquanto Alicia saía com Carla. Inclusive só deixei ela ir com aquela ratinha porque ia ver minha garota.

Quase saio voando quando ouço a campainha, e abro a porta para Lu.

ー Oi, linda – Franzo a testa quando vejo o notebook aberto em suas mãos, ela digita algo rapidamente antes de olhar pra mim e finalmente me responder.

ーOi, Bill. ー Luiza deixa um selinho rápido na minha boca e passa reto por mim, sentando no meu sofá e digitando mais. Ela parece ocupada, então não digo nada, mesmo irritada.

Porra, ela veio pra cá pra me ver ou pra trabalhar? Sento em silêncio do seu lado, esperando ela acabar pra podermos conversar, mas ela não para de mexer no que quer que seja na tela. Bufo e puxo meu celular, abrindo o ifood.

ー O que você quer comer?

ー Qualquer coisa, amor. ー Ela diz sem tirar o olho do computador. Reviro os olhos.

ー Qualquer coisa não tem.

ー Escolhe você, Billie. – Faço careta igual criança mimada e abro o cardápio do B.K.
ー Vou pedir hambúrguer. ー Minha namorada enruga o nariz e olha pra mim por um segundo.

ー Hambúrguer não.

Viro pra ela, mas já perdi a atenção pro computador de novo.

ー O que, então?

ー Não sei, pode ser qualquer coisa.

ー Hambúrguer é qualquer coisa ー respondo já perdendo a paciência.

ー Menos isso.

ー Tá bem, vou pedir uma macarronada então. ー Luiza bufa.

ー Macarrão não, comi isso ontem.

Jogo as mãos pro alto.

ー O que você quer então, mulher?!

ー Qualquer coisa, Billie!ー Ela me olha como se eu fosse uma criança desobediente e volta a digitar.

Cacete, passo dias com saudade dessa garota pra chegar na hora de me ver e ela ficar escrevendo não sei o que. Tiro o notebook das mãos dela e fecho a tela. Luiza me olha de boca aberta, e se um olhar matasse, eu já estaria frita no chão.

Foda-se, ela começou.

ー Agora escolhe o que você quer.

ー Você não fez isso. ー Ela diz devagar. ー Você tem noção de quantas horas eu passei escrevendo isso?

ー Você pode continuar depois ー eu digo, sem dar importância.

ー NÃO TAVA SALVO, BILLIE EILISH.

ー Você podia ter terminado antes de vir pra cá ー respondo mais baixo, ainda com raiva, mas acho que fiz merda.

ー Era o meu trabalho de conclusão de curso! Você sabe disso! Eu te contei ontem a noite! ー Ela começa a andar pela sala com as mãos na cabeça, desesperada, e eu me encolho com vergonha. Esqueci que ela tinha me contado isso, estava muito animada pra ver ela hoje.

ー Mesmo assim, eu achei que a gente ia ficar juntas hoje.

ー EU IA FICAR COM VOCÊ, só pedi pra você escolher a merda da comida. ー Luiza passa as mãos pelo rosto e respira fundo. ー Tenho que ir pra casa e ver se consigo salvar isso.

ー Você vai embora?

ー Se eu ficar vou gritar mais com você, e eu não quero. ー Ela responde antes de tirar o computador da minha mão e ir embora.

Sento no sofá, cansada. Deixei a saudade ir longe demais. Tenho que consertar isso.

Disco o número da minha melhor amiga e espero.

ー Oi, minha linda

ー Preciso da sua ajuda.

Luiza...

Depois que cheguei em casa, descobri que não tinha perdido o trabalho, e depois de escrever as últimas linhas, um sentimento de culpa começou a pesar nos meus ombros.

Giro na cadeira do meu quarto, pensando em um jeito de compensar minha namorada. Escrevo algumas ideias, mas apago, nada parece suficiente pra pedir desculpas.

Quando finalmente tenho a ideia perfeita, abro um sorriso animado no rosto.
Levo dois minutos pra arrumar tudo e pego as chaves do carro, me dirigindo até a casa de Billie.

Me remexo desconfortável e com frio na roupa que escolhi o caminho todo, mas vai valer a pena. Quando chego, estou prestes a abrir a porta quando ela se abre e Zoe dá de cara comigo.

ー Zoe? ー Pergunto, desconfiada. A loira congela, olha pra trás e faz um sinal estranho com as mãos, fechando a porta atrás dela.

ー Oi Lu! Tudo bem?? ー ela me abraça, e eu olho confusa pra ela.

ー Tudo? A Billie tá em casa?

ー Tá, tá sim, fica só um minutinho ー alguém bate na porta do lado de dentro, e Zoe me solta e me deixa passar ー pronto agora pode ir.

Ela tem um sorriso gigante na cara, e eu olho meio assustada antes de entrar.

Billie está na frente da mesa de jantar, com uma toalha de mesa atrás tampando algo. Eu ergo uma sobrancelha, desconfiada.

ー Oi, amor…eu fiz besteira antes, e queria pedir desculpas ー abro a boca pra protestar e dizer que ela não tinha feito nada, mas ela continua ー então eu fiz….

Ela tira a toalha, revelando os cupcakes de chocolate, e eu olho pra ela, segurando a risada.

ー O que foi? Você não gostou? – Ando até ela, pegando um dos cupcakes atrás e lambendo um pouco da cobertura doce.

ー Também trouxe cupcake pra você.

ー Sério? ー Ela faz uma careta de confusão.

ー Uhum. ー Deslizo o sobretudo pelos meus ombros, até parar nos meus pés, mostrando a lingerie vermelha que uso por baixo.

Billie...

Meu queixo quase cai no chão.

ー Porra, Luiza.

Antes que eu possa fazer qualquer coisa, ela chega mais perto, sussurrando em meu ouvido.

ー Você não apagou meu trabalho, e eu fui muito grossa com você, mesmo que fosse importante, então resolvi te compensar.

Ela cai de joelhos no chão, puxando a fivela do cinto que estou usando.

𝙰 𝚌𝚊𝚕𝚕 - 𝙱.𝙴 𝚏𝚊𝚗𝚏𝚒𝚌𝚝𝚒𝚘𝚗Onde histórias criam vida. Descubra agora