[Bônus 2] amostra grátis do paraíso

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"Você não vai acreditar, mas a gente é feito de estrela. Não, não estou inventando. E não é um privilégio nosso. Todo ser humano é formado por elementos que vieram das explosões de estrelas, como carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio. Diz se não é muito mais poético considerar que somos poeira de estrela do que explicados pelos elementos de uma tabela periódica sem graça?"

Bettina Bopp
Pra Quando Você Acordar: Crônicas de saudade e espera

Se precisasse explicar em poucas palavras, diria que estava apaixonado

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Se precisasse explicar em poucas palavras, diria que estava apaixonado.

Prestes a terminar o seu solo de guitarra, Alex percebeu a presença de Letícia no meio da multidão. As luzes dos refletores até que ajudaram, mas tinha certeza de que a encontraria de qualquer jeito, ainda que estivessem a cinquenta metros de distância. A plateia parecia animada e continuava vibrando a cada novo verso que era tocado, Liz se saía muito bem no baixo, ao mesmo tempo que fazia a voz principal — um ótimo cenário para se estar, na verdade; se ele estivesse cantando, provavelmente teria ferrado com tudo. Letícia roubara sua atenção como se não fosse nada.

O tal do amor à primeira vista.

Fazia mais ou menos duas semanas desde que ela havia entrado na escola. Vinda de Brasília, possuía cabelos castanhos, pele parda e olhos escuros. Sua beleza era indubitável, e, frequentemente, Alex acreditava estar olhando para a reencarnação de algum anjo. Às vezes, quando o destino resolvia jogar ao lado dele, faziam dupla em algumas disciplinas, embora raramente conversassem. Notou também que ela havia se inscrito no clube de astronomia da escola e que começara a ler um novo livro.

Seu único medo: temia que a garota fosse inteligente demais para ele.

Bruno preparava a bateria para a estrofe final, ao passo que JP tomava conta da melodia, usando o teclado para diminuir a intensidade da música. Quando Liz cantou a última frase, o lugar foi tomado por um enorme rugido, pessoas gritando o nome da banda a plenos pulmões, e Alex sorriu satisfeito, enviando um beijo para cada um de seus fãs. Era um pouco brega, ele admitia, mas tinha que valorizá-los de alguma forma.

— Eu não sei o que você vai fazer, mas você vai fazer alguma coisa — Bruno falou, nos bastidores, virando a garrafinha de água com tudo. — Só essa manhã, já nos ligaram três vezes. Se eles não conseguirem nada com a gente, com certeza vão pular fora e procurar outra banda.

— Eu tô trabalhando nisso — disse Alex, tentando se defender.

— E o que você fez? — Liz perguntou, o cabelo lilás amarrado em um rabo de cavalo.

— Comprei um bolo de morango e dei de presente pra eles.

— De onde tirou essa ideia? — JP quis saber.

Pica-Pau.

— Bem, e funcionou?

— Não, eles disseram que mesmo com o bolo não vão me deixar assinar com a gravadora.

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