Brincando com a Mestre das Bonecas

Capítulo 8

As pertubações de Mabel pioraram com o passar do mês. Desde me trancar do lado de fora da mansão na calada da noite após as missões, até tentar me esfaquear secretamente quando Donna não estava olhando. Hoje fui trancada fora da mansão novamente. Balancei a maçaneta novamente para garantir. Resmungava para mim mesma, enquanto decidi fazer uma abordagem diferente. Recuei um pouco e subi na grade do convés, me estabilizei e pulei. Minhas mãos enluvadas agarraram o telhado escorregadio, mas não escorregaram. Meus músculos estavam tão cansados que mal conseguiam me puxar para cima, mais consegui subir no telhado inferior e avancei lentamente. Escorreguei diversas vezes enquanto subia, mas nada perigoso. Felizmente, não caí e essa foi a parte que me deixou feliz.

Alcancei a janela que dava para o sótão e a empurrei levemente e puxei para cima. Ela se moveu sem problemas e me arrastei para dentro. Tremia violentamente devido ao frio, mesmo o equipamento de inverno que trouxe não me preparou para isso. Fiquei lá em cima e tentei me aquecer um pouco antes de descer para o segundo andar. Esfreguei meus olhos cansados. O frio penetrou em meus ossos. Fui até o quarto de Donna, a porta estava entreaberta e a luz estava acesa. Minha sobrancelha se ergueu.

Eu sabia que já passava da meia-noite pela lua, então como ela ainda podia estar acordada? Ouvi um gemido abafado e meus olhos se arregalaram. Caminhei tão silenciosamente quanto meu corpo cansado permitiu. Felizmente, anos de prática valeram a pena. Olhei para dentro do quarto e a visão que tive me deixou de queixo caído. Donna lambeu o pescoço de Mabel enquanto a empregada se encontrava nua debaixo dela. Donna estava apenas com seu pijama habitual, o que não era muito revelador.

A confusão se alastrava em minha cabeça enquanto os pontos se conectavam lentamente. As mãos de Donna percorriam delicadamente o corpo de Mabel. Sai de vista quando as bochechas de Mabel avermelhavam com mais intensidade e a empregada gemia cada vez mais alto.

Caminhei pelo corredor e desci até o primeiro andar. - Isso explica a agressividade de Mabel. - Admiti calmamente para mim mesma. Entrei no meu antigo quarto. Eu não estava lá há um ou dois meses, mas ainda permaneceu o mesmo. Ainda me restava um mês, meu contrato terminava em um mês. Tirei as armas das costas e retirei a arma do meu lado. Antes de me deitar na cama, permiti que os meus sentimentos tomassem conta de mim. Deixei escapar tudo o que estava sendo guardado e descontei no travesseiro. Me sentia iludida, usada, manipulada. Os pensamentos fluíam como golpes, e o último me fez parar e pensar que eu talvez tenha interpretado de forma equivocada as suas intenções o tempo inteiro.

Um sorriso cruel se formou em meus lábios ao sentir algo se quebrando silenciosamente em meu peito. Minha presença ali era para cumprir uma missão, porém em algum momento perdi isso de vista pelo caminho. Minha mente foi tomada por lembranças íntimas e as analisei minuciosamente, percebendo que não passavam de dias comuns na mansão. Busquei me convencer de que era apenas um engano. Contudo, quanto mais eu tentava, mais a angústia crescia. Lagrimas encheram meus olhos enquanto me deitava na cama e descansava a cabeça no travesseiro surrado.

- Mal-entendido. - Repetia como um mantra. - Foi tudo um mal-entendido.

O sono me escapou a noite toda e agora eu não passava de uma bola de frustração. Saí do quarto de manhã cedo e ouvi os sons de Jordan na cozinha. Meus pés me guiaram até o barulho. Quando entrei na cozinha, notei que Jordan cantava baixinho enquanto lavava a louça para o dia. Quando sua cabeça se virou, um sorriso apareceu em seu rosto.

- Bom dia, Morgan! Você acordou cedo hoje. - Um sorriso cansado surgiu em meu rosto.

- Eu não consegui dormir.

- Sério? Lamento ouvir isso.

- Posso me sentar? - Jordan acenou com a mão para os assentos vazios. - Claro que pode! Prepararei algo para você comer. Sente-se.